Mesmo com gravidez inesperada, sonho do diploma de Psicologia falou mais alto
Garra de Manu e apoio da família fizeram do sonho uma realidade
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Garra de Manu e apoio da família fizeram do sonho uma realidade
Aos 21 anos e cursando o 8º semestre de Psicologia, Manu descobriu que estava grávida. A notícia chegou pouco tempo depois que o namoro havia acabado. E no coração de menina, os medos se misturavam às dúvidas. “Como contar aos pais?”, “como contar ao ex-namorado?”, “como terminar a faculdade?”, “como ser mãe solteira em uma sociedade tão machista, preconceituosa e julgadora?”.
O dilema que Emmanuele Silva, 23 anos, passou é o mesmo pelo qual muitas mulheres passam diariamente. Mãe de primeira viagem, solteira, sem concluir os estudos, pouca idade, enfrentando os desafios de uma gestação que não foi planejada e chegou sem avisar. Mas no final das contas, Manu se viu com apenas uma saída: ser forte e encarar os medos – e as pessoas – de frente.
Ela estava na reta final da faculdade e sabia que desistir dos estudos não era a escolha mais inteligente, mesmo tendo a certeza de que não seria fácil conciliar a maternidade com o as aulas e a produção do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Mas além do sonho de ser psicóloga, ela também tinha consciência de que a faculdade era um ansejo de uma vida melhor e a perspectiva de um futuro para o filho.
Valentino Rafael nasceu em 13 de maio de 2016. “Dia de Nossa Senhora de Fátima”, ressalta Manu, que também precisou de uma fé inabalável para dar conta dos dias que se sentiu sozinha, sem amparo e rodeada por medos e insegurança.
Era quase final do semestre e Manu precisou correr com provas e trabalhos para deixar tudo em dia antes da chegada do bebê. Ela conversou com os professores, que aceitaram adiantar as atividades. “As professoras entendiam muito a minha situação, mas não foi nada “dado”. Eu estava atendendo paciente na clínica, adiantei os atendimentos, fazia dois durante a semana, supervisão. Tive o Valentino Rafael com tudo já adiantado e concluído daquele semestre”, explica Manu.
E quando as aulas voltaram, em agosto, vieram novas batalhas a serem vencidas. “Tive que introduzir leite Nan e quando chegava em casa, os seios estavam doloridos, cheios, dava mama para ele. No caso, ele teve aleitamento misto. O que foi uma fase difícil para ele pegar. Mas foi o jeito”, lembra a psicóloga.
No final das contas, tudo deu certo e Manu conseguiu concluir todas as disciplinas. E fechou o curso com chave de ouro, desfrutando de toda a empatia da banca que a avaliou. “No dia da apresentação do meu TCC, eu estava com aquela ansiedade de todo acadêmico. No começo, o Valentino Rafael resmungou, chorou um pouquinho e minha mãe saiu da sala com ele. Isso mexeu um pouco comigo. Ele ficou chorando no corredor. Até que as professoras me interromperam e perguntaram se eu queria que ele voltasse e assistisse, ficasse lá comigo. Na hora, disse que se não fosse incômodo a elas, eu queria sim. E, então, elas chamaram minha mãe de volta. Isso me deu um alívio, porque ele fez parte disso. E prossegui, peguei ele no colo algumas vezes, depois ele queria descer e mexer na janela. Foi tudo muito dinâmico e maravilhoso. As professoras souberam deixar o momento confortável para que eu conseguisse apresentar”, conta Manu.
Papel da família
E foi assim, em meio a um turbilhão de sentimentos e aos livros, que Manu se transformou em mãe e psicóloga. “Ao longo da gravidez, a Psicologia foi me ajudando a compreender muita coisa, os estímulos que eu fazia com o meu filho em minha barriga era muito importante. Eu cantava, tocava violão, pois música sempre foi algo que eu procurava para me manter tranquila, logo, era bom pra ele também”, conta Manu.
Após o nascimento de Valentino Rafael e o início das aulas na faculdade, Manu precisou de ajuda para dar conta do recado. E nesta fase, o apoio da família foi essencial. “Até uma semana antes de ter o Valentino Rafael, eu ia de ônibus mesmo para a universidade. E meus pais sempre me deram todo o apoio e incentivo de continuar a faculdade e quando as aulas voltaram, minha mãe ficava com meu filho pra mim”, conta.
Contudo, Manu conta que com o pai nem tudo foi um mar de rosas. “Meu pai teve um pouco de dificuldade em aceitar, talvez pela criação dele, sistemático, foi um pouco difícil de lidar. Ele não entendia muito bem que eu era mãe e não estava casada, como era “antigamente”. Mas hoje, o Valentino Rafael é o amor da vida dele”, brinca Manu.
Durante a gestação e até mesmo depois do nascimento do filho, a psicóloga ainda precisou driblar uma situação que, infelizmente, faz parte de muitos relacionamentos entre pais que não vivem juntos: a ausência paterna. “Tem coisas que não como forçar, só o tempo dirá e fará”, lamenta Manu, que muitas vezes precisou ser mãe e pai.
Novos desafios
Após quase dois anos do nascimento de Valentino Rafael, hoje Manu faz pós-graduação em Neuropsicopedagogia e busca um espaço no mercado de trabalho. “Ano que vem penso em colocá-lo em uma escolinha, para o desenvolvimento social dele com outras crianças, outras atividades, rotina. Tenho vontade de clinicar na área infantil, mas para investir, nesse momento, ainda fica pesado. A área da Educação é algo interessante, mas vejo que também há bastante oferta de trabalho na área de RH, processo seletivo de pessoas, então seria uma boa oportunidade também”, pontua.
E em meio a tantas prioridades, Manu mostra o quanto todas as experiências lhe trouxeram maturidade e o tempo lhe ensinou que na vida tudo se ajeita. Resiliência foi um exercício importante e praticado dia a dia pela jovem mamãe. “Não posso me esquecer que sou mãe, profissional e também mulher”, comenta.
Mas depois de tudo o que passou, Manu sorri ao olhar para trás e ver o quanto aprendeu e cresceu. “No começo, acredito que toda mãe – alguns dizem de “primeira viagem” – já tem a sensação do anseio, do dar conta de responsabilidades com um ser humano que irá depender dela, dos cuidados e tudo mais. E ainda na situação em que eu me encontrava os anseios eram duplicados, vou ter que dar conta de tudo, enfrentar tudo, será que tal coisa é certa, como a sociedade irá me ver. Foi muita pressão e um erro. Você nunca vai chegar perto da perfeição ou do que a sociedade acha certo. Você tem que ser você, fazer o melhor pensando no momento único de nossas vidas”, reflete.
Notícias mais lidas agora
- Empresário morre ao ser atingido por máquina em obra de indústria em MS
- Polícia investiga ‘peça-chave’ e Name por calúnia contra delegado durante Omertà
- Ex-superintendente da Cultura teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
- Suspeito flagrado com Jeep de ex-superintendente nega envolvimento com assassinato
Últimas Notícias
Do Pantanal, Coronel Rabelo participa do Domingão do Huck neste domingo
Pantaneiro é reconhecido como transformador no mundo
Estabilidade financeira atrai candidatos no concurso dos Correios
Provas acontecem neste domingo em Campo Grande
Homem procura a delegacia após ser roubado ao final de relação sexual
Fatos ocorreram entre a Av. Quatorze de Julho e a Travessa Guia Lopes, na Capital
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.