O consumo consciente é o ponto principal deste conceito
Com 33 peças de roupas e sete calçados, a personal stylist Eliza Montes lançou um desafio a ela mesma: passar uma estação inteira – ou seja, três meses – com apenas isso no armário, sem nada a tirar ou por. Na primavera de 2017, ela resolveu colocar em prática o conceito “armário cápsula”, que tem como objetivo principal reduzir o volume de roupas e fomentar a cultura do consumo consciente.
Natural de Corumbá, apaixonado por moda e com uma pitada de amor declarado ao estilo vintage e retrô, Eliza começou este processo em outubro do ano passado, quando resolveu fazer um “detox” no armário e deixar apenas o essencial e o que era, realmente, usado. No final, sobraram 80 peças, das quais ela faz um rodízio entre as estações do ano. Dentro deste conceito, 40 itens formam o armário cápsula e o restante é embalado e guardado em uma parte separada no guarda-roupas.
Desde que fez o propósito de minimizar, Eliza se organizou para praticar o armário capsula durante um ano inteiro. E além de estudar muito sobre o assunto, ela conta que foi necessário trabalhar a cabeça também. “Mulher gosta de abrir o armário e vê-lo lotado de roupas, mesmo que ela não vá usar tudo. É uma coisa que parece ser cultural, porque na realidade a gente não precisa de muita coisa”, conta.
A personal stylit explica ainda que o armário cápsula pode ser montado a cada duas estações, primavera-verão e outono-inverno – ou seja, seis meses com o mesmo armário. Seja qual for o tempo, ao fim de cada ciclo é hora de planejar o armário cápsula novamente, mas sempre usando as 80 peças que foram separadas até encerrar as quatro estações do ano.
Vale lembrar que alguns itens não entram no armário cápsula, como acessórios, roupas íntimas, de ginástica, de festa, de praia e piscina e pijamas. “Mas não é regra para todo mundo, pois cada um pode montar de acordo com as suas necessidades”, esclarece Eliza.
Como montar o armário cápsula
Para não passar sufoco e não precisar gritar a famosa frase “eu não tenho o que vestir”, Eliza dá dicas do que não pode faltar em um armário cápsula. As principais peças coringas são: blusas totalmente lisas nas cores preta e branco, além de outras nas cores de preferência da pessoa. A calça e a camisa jeans também podem ajudar a compor vários looks.
“Peças coringas são importantes em qualquer armário, pois fazem link com peças mais extravagantes, com estampas, brilho, bordado, então é preciso ter peças básicas”, ressalta Eliza.
No armário cápsula dela, as principais peças são: uma calça de alfaiataria na cor cinza bem escura, duas calças jenas, sendo uma skiny preta e outra de costura reta e cintura alta. Camisetas T-Shirts branca, preta, cinza e uma listrada. “Listra e poá são atemporais e combinam com tudo”, esclarece.
Ela também uma camisa branca de algodão, para um figurino mais arrumadinho. “Uso muito com shortinho jeans, que também é uma peça coringa”, comenta. Além de um vestido preto, que ela garante que dá para compor looks muito legais apenas mudando os acessórios. E ainda um cardiganque também vai com quase tudo.
Outra dica que Eliza dá é a de separar mais peças de cima do que debaixo para o armário cápsula. “A gente acaba trocando mais as peças de cima. Já as peças debaixo são usadas mais de uma vez”, pontua.
E dentro de tudo isso, a personal stylit descobriu o quanto o armário cápsula a ajudou a descobri seu próprio estilo. “Eu estou curtindo muito, é um exercício de criatividade todos os dias. Monto vários looks diferentes com as mesmas peças”, se diverte a corumbaense.
Curiosidade
O conceito do armário cápsula surgiu na década de 1970, quando a britânica Susie Faux passou a usar o termo para explicar como montou um guarda-roupas com poucos itens, mas todos essenciais e atemporais.
“Mas o armário cápsula se popularizou em 2014, com a blogueira americana Caroline Rector. Ela também sentiu necessidade em encontrar seu estilo pessoal e reduzir o hábito de compra. Foi aí que ela se inspirou e fez o dela com 37 peças”, conta Eliza.
