O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nessa quarta-feira (5), infelizmente não foi de boas notícias para apreciadores de aves, em Mato Grosso do Sul. Na ocasião, denunciaram que “uma garrafa de vinho vale mais que as aves do Pantanal”, já que uma vinícola, localizada em Aquidauana – portal de entrada deste paraíso ecológico – estaria usando fogos de artifício para enxotar espécies e assim protegerem as uvas e proporcionarem uma “imersão” aos clientes.

Segundo os denunciantes, o local foi idealizado para ser aliado na conservação e também faz divulgações do tipo nas redes sociais. No entanto, na prática, estaria causando transtorno a espécies locais do distrito de Camisão, em Aquidauana.

Um denunciante, revoltado com a situação, disse que é “inacreditável” como a vinícola não poupou investimentos em suas suntuosas instalações, porém, resolveu proteger seu parreiral do “ataque” com um método primitivo, por meio de fogos de artifício e rojões que assustam todo tipo de animal.

‘Vergonha com o meio ambiente’, diz presidente de Instituto

A presidente do Instituto Mamede, Simone Mamede, que percorre o Estado com observadores de aves e luta por preservação ambiental, qualificou a atitude como “uma vergonha com o meio ambiente e sem respeito e responsabilidade com outras formas da vida”.

“Enquanto Mato Grosso do Sul se desponta como um importante destino nacional e internacional de observação de aves [birdwatching], empreendimentos como este vão na contramão da sustentabilidade e do respeito às aves e a natureza, utilizando fogos de artifícios para afugentá-las”, iniciou.

Mamede disse que, com as denúncias, espera que a atitudes sejam convertidas para um convívio harmônico com as aves e com a vida. “Nunca é tarde para mudança em prol da natureza e da qualidade de vida da comunidade de seu entorno…existem alternativas menos invasivas para manejo das aves, inclusive mantê-las por perto com algumas parreiras”, argumentou.

Outro observador de aves, que disse ter entrada em contato com o vinícola, ressaltando que estava se organizando para ir ao restaurante, porém, descobriu o que chama de “método antiecológico” e agora buscará fazer o trabalho inverso, avisando as pessoas sobre o gesto. Outro cliente do local postou, em um grupo de WhatsApp que discute o assunto, que existem alternativas mais eficientes, ecológicas e baratas.

Conforme especialistas do assunto, para prevenir as vinícolas, o correto é usar sacos de TNT para proteção de frutas, podendo ser reutilizado, além de dispensar o uso e vida útil da fruta, entre outros benefícios.

Confira o vídeo feito por denunciantes sobre a soltura dos fogos:

‘Não são fogos e sim um sonolizador, que não afeta em nada’, diz proprietário

O proprietário do vinícola, Gilmar França, ressaltou que já usa a tela de proteção para prevenir ataques de pássaros e deixa, propositalmente, uma área aberta para que os animais sejam direcionados até ali e se alimentam das uvas. Além disso, ressaltou que usa um equipamento sonoro, o sonolizador, o qual possivelmente foi confundido ou então alega que alguém, de má fé, falou sobre ele de forma errônea, dizendo serem fogos de artíficio.

“Este equipamento sonoro é homologado por órgãos ambientais e a comunidade europeia situada. Inclusive, nosso estabelecimento fica em frente ao posto de policiamento ambiental e testamos na frente deles, para verificar se tinha algum problema e foi apontado que não dano a nenhum tipo de animal e pessoas. Realmente, produz um som, mas, é bem tranquilo e não espanta arara e nem prejudica o meio-ambiente”, argumentou França.

Ao Jornal Midiamax, ele disse ainda que o sonolizador possui disparo controlado e barulho relativamente leve, a cada dez minutos, para que os pássaros não fiquem na região específica e assim vão ao local onde, propositalmente, são deixadas uvas para se alimentarem.

“Estamos em uma época seca e temos ali um local, feito de propósito, para comerem. É uma época seca agora e as uvas estão em fase de maturação, para colher. E ali temos um espaço de 40 hectoares da propriedade, um santuário das araras, cavalos, em que todos podem viver absolutamente tranquilos. Temos ainda parceria com universidades e esta questão da parte do vinhedo desprotegida é justamente para as espécies comerem as uvas, então, ocorre ali um manejo normal que não afeta pássaros, araras e nenhum tipo de animal”, finalizou o empresário.