Gêmeas idênticas precisaram ser separadas no curso de formação da PM de MS: ‘Realizando um sonho’

Soldadas tiveram a solenidade de formatura nesta semana, em Campo Grande

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“Sempre fizemos tudo na nossa vida juntas”. Da escola à faculdade, do MBA ao primeiro emprego e agora o primeiro concurso. É assim que Camila Pereira Santos e Carolina Pereira Rodrigues, de 30 anos, definem a vida e o atual momento. Aprovadas, após quase nove meses na escola de formação da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), se tornaram soldadas nesta semana, em Campo Grande, realizando mais um sonho juntas.

“Depois de todo esse tempo de estudo e trabalho, em uma empresa privada, fomos ajudar o meu pai. Ele tinha uma retífica de motor de motos e que funciona até hoje, mas, na época, quem estava à frente era ele, então, nós fomos trabalhar com ele. Ficamos dez anos e, no ano de 2022, a gente queria ajudá-lo ainda mais, porque ele começou a adoecer e era o principal provedor”, argumentou Camila.

Desde então, as duas tiveram interesse pelo concurso da PM. “Meu esposo, que na época que era meu noivo, já era subtenente da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul e nos incentivou a fazer o concurso, principalmente porque saíria o edital naquele ano, então, em julho, começamos o concurso. A gente se matriculou em dois cursinhos, primeiro online e depois fizemos presencial e estudamos, em média, quatro meses e meio. Foi aí que saiu o edital e a prova ocorreu dia quatro de dezembro”, relembrou.

Abaladas, gêmeas fizeram prova três dias após pai falecer

Pai faleceu no período em que estudavam para concurso (Arquivo Pessoal)

Infelizmente, em meio ao turbilhão, o pai das gêmeas ficou doente e internado por 25 dias. “Continuamos estudando, mas, com a rotina dele hospitalizado, dois cursinhos e a empresa. No dia 1° de dezembro de 2022, ele faleceu. Fizemos a prova objetiva dois dias depois do enterro dele, no dia 4 de dezembro e, no dia 11 de janeiro de 2023, saiu o resultado. Foi um misto de emoções, porque não foi fácil a época de estudo, com nosso pai sendo duas vezes internado. Tudo isso nos abalou muito mesmo, mas, graças a Deus, saiu o resultado e nós fomos aprovadas”, argumentou Camila.

Entre mais de oito mil candidatos e cerca de 500 vagas, foram aprovadas. “A gente chegou a pensar em não conseguir passar neste concurso, devido ao abalo psicológico, mas, saiu o resultado. Ficamos muito felizes, tudo se tornou um sonho e a gente só pensava em passar neste concurso, inicialmente para dar um suporte ao nosso pai, só que, infelizmente, a gente não conseguiu. Ele foi a nossa maior motivação”, comentou.

Sedentárias, começaram treinos intensos ‘do zero’

Gêmeas durante o período de formação em MS (Arquivo Pessoal)

Em seguida, passaram pelo teste de aptidão física. “O meu marido é quem nos treinou, já que ele é subtenente da polícia, e foi bem árduo. Foram oito meses de preparação, treinávamos todos os dias, acordávamos 5 horas da manhã, às vezes treinávamos à noite, de segunda a segunda, e começamos do zero. A gente não corria, não fazia flexão, não fazia nada, enfim, éramos edentárias. Nós começamos do zero, mas chegamos aptas no dia da prova”, foi em agosto.”, relembrou.

Assim, aprovadas em todas as fases do concurso, agora pensam em crescer dentro da instituição. “Nosso foco é crescermos juntas, fazendo cursos, se especializando mesmo em alguma área que nos interessar e a gente sempre almeja fazer algo juntas mesmo. E é engraçado que foi uma novidade para o pessoal, porque somos muito parecidas e aí nos separaram por pelotões, então, ficamos em agrupamentos diferentes, em salas diferentes e isso gerava bastante confusão, na verdade”, comentou.

‘Militarismo ensina a servir a sociedade’, dizem gêmeas

No início, as gêmeas ficaram tristes pela separação, mas, logo se adaptaram e deu tudo certo. “A gente foi dando suporte uma a outra, porque o curso é bem tenso, é muito diferente da vida de civil, foi um baque para nós, mas, isto também nos deu muita força para continuar”, disseram.

Durante um período, ambas disseram que choravam e estavam conectadas pelos mesmo sentimentos. “Era tudo muito parecido. E o apoio da família foi essencial também, nos levando, buscando, lavando fardas, isto tudo nos deixou firme. A gente acredita que consegue alcançar muita coisa na vida e pretendemos fazer um ótimo serviço, porque é isso que a polícia e o militarismo ensina, em servir a sociedade”, finalizaram.

Confira aqui alguns momentos das gêmeas:

Maior turma da história: 479 soldados

37ª turma da PMMS (Foto: Thalya Godoy, Midiamax)

Na última quarta-feira (18), formaram-se 479 novos soldados da PMMS. Segundo a polícia, apesar de ser o  37° curso de formação, essa é a primeira turma de soldados com ensino superior, e a turma com maior número de mulheres participantes até hoje.

Sendo a primeira turma formada pelo Cefap (Centro de Ensino, Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar) depois da pandemia, desde o dia 15 de janeiro deste ano os soldados receberam instruções teóricas e práticas sobre atividades policiais militares. 

Eles também foram habilitados com o curso de Agente de Fiscalização de Trânsito e do Promuse (Programa Mulher Segura). 

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