Bruxos, wiccas, praticantes de reik e outros segmentos que trabalham com campo magnético procuram varinhas reais de magia feitas por uma artesã sul-mato-grossense conectada com a natureza. É pelas mãos da douradense Simone Pedrolli que os objetos artesanais nascem e o leque vai muito além das varinhas, abrangendo até vassouras de bruxa, colheres de bruxa, cetros, cajados e vários outros ornamentos.

Ao Jornal Midiamax, a responsável detalha sobre seu trabalho e explica como essas varinhas e vassouras reais funcionam, bem como todo o processo de fabricação que atrai pessoas de todos os cantos do país. Usando madeiras, couros, pedras e outros elementos da natureza, Simone afirma que só produz com o que a Terra lhe dá.

“Eu faço instrumentos, não faço peças decorativas. São instrumentos de poder magnético e não são voltados a um movimento específico. Produzo o que a minha intuição emana e também aceito encomendas”, inicia ela, contando que cria o que vem à mente.

Questionada se os instrumentos têm poder, ela responde. “Você já ouviu falar ‘a palavra faz o verbo’? O poder quem dá é você. É a sua força. Aquele que é seguidor da ficção científica, de Harry Potter, por exemplo, ele vai ter a ilusão dele. Agora, se ele conhece profundamente o estado magnético, uma energia pra ser trabalhada, e tem foco, dá poder à varinha”, pontua.

“É um dom. Sempre tive uma conexão com a natureza. Fui criada no meio da natureza e tudo que eu olhava, eu tinha vontade de transformar, fazer arte, criar alguma coisa. Quando comecei a produzir, descobri que poderia transformar tudo aquilo que estava morto em vida novamente. Eu trabalho com a sustentabilidade, não destruo para poder criar”, afirma Simone.

Uma das varinhas feitas por Simone - (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma das varinhas feitas por Simone – (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu não fabrico ilusão”, afirma artesã

E qual a forma correta de usar esses instrumentos? Conforme a artesã, o poder existe e precisa ser canalizado. “Partindo do princípio que seu corpo físico é uma fonte canalizadora de energia, todo e qualquer instrumento, até mesmo o próprio corpo [tem poder]. É preciso trabalhar com o direcionamento. Então, você pode direcionar a energia do foco que está trabalhando, seja amor, seja cura. Como você pode chamar para si e receber”, diz ela.

Ainda conforme a criadora, cada instrumento tem a sua função característica. “No caso da varinha, é um instrumento vibracional. A pessoa chama pra si e imagina a energia que vai trabalhar. Por exemplo, o indivíduo pega a varinha e vai trabalhar a cura, ou no seu próprio corpo, ou no corpo de outra pessoa. Então se ele é conhecedor da arte magnética, ele imagina a tonalidade da cor em vários pontos. Só uma mente boba acha que vai subir numa vassoura e vai sair voando nela, e que da varinha vai sair uma bola de luz. Eu não fabrico ilusão, eu fabrico instrumentos”, pondera.

Simone não se considera uma bruxa

Simone nasceu em Dourados, mas cresceu em Aquidauana/Anastácio, onde está até hoje. Na fazenda dos avós, sempre esteve em contato com a natureza, que se manteve após o casamento com outro proprietário de terras. Hoje divorciada e com dois filhos, ela conta que na família, apenas ela desenvolver tal dom e conexão com a natureza.

Sua história com a fabricação de instrumentos começou há aproximadamente 10 anos. Além de produzir esses objetos mágicos, ela é webdesign e trabalha com programação e marketing digital. “O lado da arte me trouxe uma paz. Não é um hobby, é uma missão. É um dom. Não é que eu comecei, eu nasci com ele. Trabalho mais específico há 10 anos, mas minha mão sempre transformou”, comenta.

Indagada pela reportagem se se considera uma bruxa, a artesã foge do rótulo. “Sou humana, me considero uma pessoa normal. Eu acredito que todos os idiomas, todas as tradições e religiões falam uma coisa só, basta você interpretar. Por isso que eu me considero uma pessoa normal. A minha fortaleza de vida é a natureza. A natureza conversa comigo e eu entendo”, diz ela, afirmando ainda ser da “religião universal”. “Acredito na força da energia”, complementa.

Uma das varinhas feitas por Simone - (Foto: Arquivo Pessoal)
Um dos cajados feitos por Simone – (Foto: Arquivo Pessoal)

Trabalho com o que a terra me fornece

Simone diz que atende uma “área específica de seguidores voltados à realidade”. “Não transporto a minha arte para outras lojas e, a partir do momento que eu produzo, o instrumento fica guardado até a pessoa vir buscar ou eu enviar. Então ninguém chega, pega e olha ‘ah, que bonitinho'”, detalha ela, que fabrica tudo na cidade de Anastácio, em sua casa.

“Trabalho com tudo que a Terra me fornece. Faço varinhas, cajados, filtros dos sonhos, vassouras… é uma gama de instrumentos. O sonho do meu irmão é meu desafio. A pessoa pede, eu vou estudar aquele instrumento se for desconhecido, e vou fazê-lo”, acrescenta.

Uma das varinhas feitas por Simone - (Foto: Arquivo Pessoal)
Simone Pedrolli – (Foto: Arquivo Pessoal)

E é óbvio que ela tem seus próprios instrumentos. “Tenho um cajado, filtro dos sonhos, ervas para o meu ambiente, plantas, varinha… Tudo que eu faço está na minha mão, não terceirizo nada e não tenho nenhum ajudante”, conta.

Em relação ao uso da magia de cada instrumento, a artesã faz sua ponderação. “A pessoa vai pegar o instrumento e fazer o que quiser, de acordo com a religião que acredita. Mas, ali dentro tem o amor que eu vibrei. Muitas vezes as pessoas utilizam o instrumento para fazer uma arte de esoterismo e ali dentro tem a sementinha do amor que eu plantei”, afirma.

Encomendaram ilusões

O trabalho de Simone já é famoso entre os nichos e, por isso, ela recebe encomendas de todo o Brasil. “Bruxos, seguidores da wicca, magos [me procuram]. É muito vasto, mas são todos voltados para essa área de trabalho com o campo magnético. Quem trabalha com Reik utiliza muito as varinhas. As bases podem ser em madeira e com cristais nas pontas, caracterizando um trabalho específico: um quartzo para uma coisa, a ametista para outra”.

“Já tive encomenda de varinha que foi pedido pra mim que eu colocasse led na ponta, pra acender a varinha. É o tipo de coisa que não existe, lógico que não coloquei. Eu não trabalho por dinheiro, eu trabalho por postura magnética, pelo bem-estar dos meus irmãos”, dispara.

Ela, inclusive, já foi questionada: “Ah, mas a vassoura voa?” “Vem umas coisas assim que você tem, praticamente, que ensinar a pessoa. É o que a gente mais esbarra. Meus clientes geralmente são dos 35 anos pra cima, quando abaixa essa idade que você escuta essas coisas. Porque ainda são crianças, ainda estão crescendo para a realidade da vida. Há quem produz, eu não produzo”, declara.

Trabalho com amor

A artesã estudou muito para chegar a esse nível de conhecimento, que ajuda na confecção dos materiais. “Tudo na vida é estudo. A magia está em filtrar tudo o que você lê. O que mais me informa é a ciência, se eu vou fazer uma varinha, tenho que saber qual madeira estou usando, qual a característica e a função dela. Dentro do que ela existe, eu vou saber qual a força que ela tem, o que a natureza está entregando nas minhas mãos. É isso que dá a ideia do poder magnético de qualquer peça”, diz Simone.

Conforme ela, seus instrumentos variam de R$ 120 a R$ 1000, mas nada é feito pensando no dinheiro. “Meu trabalho é feito estritamente com amor. O respeito com o universo e o respeito com a Terra. Essa é a minha arte, possui algo ali [nos objetos] pra contribuir com o próximo. Isso me fortalece e me dá a certeza que eu estou no caminho certo”, finaliza.