Rita Lee visitou casa da ‘família da cultura’ em Campo Grande e abrigou artistas de MS em SP
Rita esteve em Campo Grande, pela primeira vez, em 1970, com a banda Mutantes. Depois, ela é quem fez convite para visita em São Paulo
Graziela Rezende –
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Imagine Rita Lee no bairro Nova Campo Grande, vendo o pôr do sol incrível que esta cidade tem? Ou então visitando a ‘fazenda dos Baís’? Foram estes passeios feitos pela artista, quando esteve na casa da Alba Espíndola, matriarca de uma família voltada para cultura. Na época, Geraldo Espíndola tinha 18 anos e disse que jamais se esquece deste momento, se tornando eterno fã da artista e toda a sua obra.
“Ela veio em 1970 com os Mutantes, pela primeira vez, em Campo Grande. No ano seguinte, eu e Paulo Simões ficamos na casa deles, em São Paulo, por uma semana. Foi muito bacana. A Rita era e sempre foi sensacional gente, uma pessoa maravilhosa! Muito importante, a mais importante talvez para o rock nacional”, afirmou ao MidiaMAIS o músico e compositor Geraldo Espíndola, de 70 anos.
Segundo Geraldo, Rita também foi exemplo ao lado do Roberto Carvalho e filhos. “Eles são lindos juntos. Todos músicos, guitarristas, baixistas, então, ela contribuiu demais não só para a carreira minha, mas, acho que todo mundo que nasceu na música, na década de 70. A Rita é muito importante, foi e sempre será. Que Deus a tenha em um bom lugar porque a vida, se Deus quiser, é eterna”, comentou.
Carona inesquecível no ‘Jeep Amarelo da Rita’
O também músico e compositor, Paulo Simões, de 70 anos, também relembra o momento em que encontrou com os Mutantes, banda pela qual Rita era a vocalista e também tocava instrumentos. “Depois da Wanderléa, da Jovem Guarda, a Rita foi a cantora que surgiu em seguida. Ela aliava uma beleza na voz e uma graça muito espontânea. Todos ficamos muito apaixonados por ela, uma moça linda e aí, quando ela veio aqui em Campo Grande, nos convidou para ir no casarão na Serra da Cantareira”, contou.
Ao chegar no local, Paulo e Geraldo [Espíndola] pegaram um táxi e chegaram no local. No entanto, a banda não estava. “Demos um pouco de azar, porque chegamos sem avisar. Não era fácil avisar na época, não tínhamos o telefone deles, só o endereço mesmo e aí quando chegamos eles estavam no Paraná. Ficamos ali com o pessoal de som deles, uns três a quatro dias, até eles voltarem. E eu ainda tive privilégio de pegar uma carona no Jeep amarelo, algo que inclusive rendeu uma música para o Jorge Ben Jor, que teve até algo com ela e fez uma música chamada Rita Jeep”, comentou.
Após isso, Paulo comenta que assistiu a diversos shows e até um musical em homenagem a ela, com a atriz Mel Lisboa, em Campo Grande. “Não falo isso de ser a melhor porque a vida é ampla e o melhor acontece em várias gerações. Mas, ela estourou e influenciou várias gerações e lembro que, no caso deste musical, fui lá para me distrair e aí lá, tocando as músicas dela, vi mais uma vez o quanto ela foi uma brasileira importante para as mulheres, abrindo espaço em locais onde era muito restrito”, ressaltou.
Como jornalista, Paulo disse que entrevistou Rita Lee e aí teve um último contato após fazer uma reportagem de capa para a Revista Fatos e Fotos.
“Eu trabalhava lá em São Paulo para esta revista, do grupo da Manchete. A matéria com ela saiu na capa, ela me agradeceu e aí foi este último contato que tivemos. A Rita vai deixar um grande espaço vazio em nossos corações”, opinou.
Hermanos abriu Rita Lee no MS Canta Brasil: ‘Revolucionária’
A banda Hermanos abriu o MS Canta Brasil em 2011. “Nós estivemos com ela, conversamos um pouco e hoje vamos oferecer o show em Ponta Porã, em homenagem a Rita Lee. Esta mulher, revolucionária, deixou um legado musical enorme e será lembrada para sempre. Somos muito fãs e estamos muito emocionados, além de felizes pela oportunidade do contato que tivemos com a Rita”, afirmou ao MidiaMAIS Rodrigo Teixeira.
Veja parte deste encontro:
‘Fez a trilha sonora das nossas vidas’, diz Gilson Espíndola
O também músico, Gilson Espíndola, de 60 anos, ressalta que Rita Lee “fez a trilha das nossas vidas”. “Ela é da minha geração. Foi uma grande professora de como compor hits e a campeã de músicas em novelas. Grande compositora, grande ativista, uma grande mulher! Eu só fui a um show dela aqui em Campo Grande, no MS Canta Brasil”, relembrou.
Até hoje, Gilson fala que só lamenta o fato de não ter tirado uma foto com ela. Já o arquiteto e músico, Ângelo Arruda, de 65 anos, comenta que Rita “formou uma geração que ouvia Mutantes”. “Eu lembro dos festivais da Record em que a via e também comprei quase todos os discos dela. Rita é uma figura incrível, sempre muito sarcástica e inteligente, uma das mulheres mais importantes da música brasileira, com certeza. E que lutou pra viver”, lamentou.
Morte em casa
A cantora Rita Lee, rainha do rock brasileiro, morreu em casa na noite dessa segunda-feira (8), aos 75 anos. A família disse que ela estava cercada de amor, como sempre desejou.
Rita foi diagnosticada com câncer de pulmão no ano de 2021 e, desde então, fazia tratamentos contra a doença.
Velório será no Parque Ibirapuera
O velório ocorre a partir desta quarta-feira (10), das 10h às 17h, no Parque Ibirapuera, na capital paulista.
Conforme a vontade de Rita, o corpo será cremado, em uma cerimônia particular.
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