A voz da pregadora passou a ecoar longe e deu lugar a um “chamado”. Tudo ocorreu durante um retiro em Campo Grande e, na época, Lucas Alves Nunes era só um garoto de 14 anos. No entanto, a decisão estava tomada e ele seria sacerdote. Foi só o tempo de terminar o ensino médio, entrar para o seminário e, atualmente, aos 27 anos, é considerado o padre diocesano mais jovem de Mato Grosso do Sul.

Lucas diz que sentiu vocação para ser padre aos 14 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Lucas diz que sentiu vocação para ser padre aos 14 anos. Foto: Laudemir Rosa/Arquivo Pessoal

“Estava na pregação da Arlene Domingues e aí me despertou. É costume ter padres para confissões, então, fui lá e depois para adoração ao santíssimo, quando senti uma voz interior, que me chamava para ser padre. Comecei a pensar, rezar e refletir sobre aquilo e entrei no seminário em 2013. Eu tinha terminado o ensino médio, com 17 prestes a fazer 18. Me lembro bem porque foi uma data bem diferente, bem no dia da renúncia do Papa Bento XVI: 1° de fevereiro de 2013”, afirmou Lucas ao MidiaMAIS.

Na época, Lucas disse que apenas ajudava a comunidade Santa Águida, no bairro Campo Novo. “Eu comecei a participar da igreja aos 10 anos. Meus pais nunca me obrigaram a nada e, quando eu vi, estava participando das comunidades pastorais, com os coroinhas, na liturgia, catequese, um pouquinho de tudo. Depois, fui fazer o retiro para receber o sacramento da crisma e aí veio o meu despertar vocacional”, relembrou.

‘Algo muito natural', relembra Lucas quando iniciou no seminário

Morando com os pais na época e caçula entre cinco filhos, Lucas fala que foi o único a querer ser padre, porém, não houve imposição em nenhum momento. “Meus irmãos são todos casados hoje, todos seguiram outros caminhos. Só que eu era muito da igreja, desde os 10 anos, então, foi algo muito natural. E meus pais não entendiam direito, mas, certo dia eles receberam a de um padre em casa e tudo ficou mais claro”, argumentou.

Lucas em missão na Amazônia. Foto: Arquivo Pessoal
Lucas em missão na . Foto: Arquivo Pessoal

Desta forma, foram dez anos de dedicação e Lucas então se tornou padre, no dia 13 de maio deste ano, em . “Meu lema de ordenação é aquela passagem: ‘Não temos aqui cidade permanente, mas, estamos em busca daquela que há de vir'. Eu carrego comigo uma questão missionária e quero ser um sacerdote para cuidar da comunidade, do rebanho, do filho de Deus e os conduzir para o céu. Assumi esse lema comigo e assim vai ser em Campo Grande, na Amazônia ou onde a igreja precisar”, disse.

Conforme Lucas, ordenado na capital sul-mato-grossense, ele está atuando como missionário. “Sou nascido e criado aqui, porém, pedi para fazer uma missão no Amazonas, na cidade de Borba. O bispo de lá, que é o Dom Zenildo, me colocou para fazer um trabalho e agora estou aqui, com uns meninos seminaristas que vão trabalhar na ordenação. Inclusive, a igreja de Borba é considerada uma igreja irmã e recebe ajuda aqui. Tem dois padres daqui lá e tem seminarista de lá fazendo teologia aqui”, explicou.

Capital tem grande quantidade de padres jovens, diz Dom Dimas

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Laudemir Rosa/Arquivo Pessoal

O arcebispo Lara Barbosa ressaltou que o Lucas é o mais jovem da Arquidiocese de Campo Grande, além do último a ser ordenado.

“É muito bom ver que os nossos jovens estão aí, abertos à vocação. Campo Grande, hoje, é a diocese com maior número de seminaristas do nosso seminário regional, então, já passamos dos 20 há um bom tempo, para nossa realidade de 50 paróquias, ter 20 padres novos, é sempre uma benção”, avaliou.

De acordo com Dimas, a faixa etária dos padres é “razoavelmente baixa” na capital sul-mato-grossense. “Tirando algumas exceções, dois mais idosos. Outros aí, com 25 anos de padres, nós temos a grande maioria dos padres jovens. Só eu já ordenei pelo menos uns 20, nestes 12 anos”, explicou.