Embora não se orgulhe, o lutador campo-grandense Allan Galvão não esconde de ninguém que começou a treinar muay thai para ser bom de briga de rua quando era mais novo. Isso mudou conforme foi conhecendo os princípios da arte marcial e decidiu ser atleta profissional.

Ele abriu a própria academia para ensinar o que sabe aos 25 anos, quando também já havia tido experiências com treinos de MMA e começava a dar aulas gratuitas para crianças e adolescentes em uma igreja localizada no Bairro Santa Mônica, em Campo Grande. Até que o projeto social cresceu e os alunos foram transferidos para o espaço de treinos de Allan, que fica no Jardim Petrópolis.

Religioso e comprometido em transformar vidas por meio do esporte, assim como a dele mesmo foi, o lutador orienta atualmente cerca de 40 alunos no projeto, que chama de “Guerreiros de Cristo”. Entre os alunos estão crianças com hiperatividade, uma criança com autismo e adolescentes que Alan acompanha de perto para “não seguirem o caminho errado”, diz.

Os participantes não pagam para aprender muay thai e não precisam comprar acessórios para os treinos, já que Allan disponibiliza tudo gratuitamente na academia. Para completar, ganham um lanche especial preparado por Adriana Galvão, a mãe do lutador. “Ela se apegou aos meninos e cuida com carinho de cada um. Só compra do bom e do melhor no supermercado para fazer o lanche deles”, conta o filho. A refeição é financiada por uma empresa que patrocina o atleta.

Galerinha do projeto social reunida para o lanche de Adriana

Além de aulas de muay thai, o local tem ensino de violão. Quando completam três meses e já aprenderam o básico do instrumento, os alunos recebem um certificado simbólico da professora voluntária do projeto.

Benefícios da prática

Joaquim está mais tranquilo e sociável dede que começou as aulas

Joaquim, de 4 anos, é um dos alunos mais novos na academia. Dia de aula é só alegria para o menino, que tem transtorno do espectro autista. “Ele é agitado e o muay thai é ótimo para gastar a energia. Fora que está ajudando ele a interagir melhor com outras crianças e a ter mais disciplina”, conta Fábio Trindade, pai do garoto e praticante de muay thai há 11 anos.

Um aprendiz bastante querido por Allan e Adriana é um adolescente que tentou tirar a própria vida duas vezes. Com o apoio da família e dos Galvão, ele encontrou sentido nas aulas de violão e muay thai. Recentemente conseguiu um emprego, que era seu sonho. “Já cheguei a ir até a casa dele para que não faltasse às aulas nos dias em que não estava bem. Hoje ele também toca violão e canta, todos se emocionam quando ouvem”, relata o lutador.

Também chamado de boxe tailandês por ter se originado na Tailândia, o muai thay é uma arte marcial que consiste em lutar em pé, utilizando oito partes do corpo (punhos, cotovelos, joelhos e a combinação de duas canelas com dois pés). Entre os benefícios da prática estão melhora do condicionamento físico, redução do estresse e aumento da autoconfiança.

Atleta busca patrocinadores para competir na Tailândia

Allan está com 28 anos e se prepara para a principal competição da carreira esportiva, o World Muay Thai Federation (WMO), que será em Bangkok, na Tailândia. Ele foi convocado para o mundial no ano passado, após ter se saído bem na competição sul-americana do esporte, realizada em Curitiba (PR) – inclusive nocauteando um adversário em apenas um minuto e meio de luta.

Atleta treina desde novembro do ano passado para o mundial (Foto: Acervo pessoal/Divulgação)

Mesmo contando com o apoio de um patrocinador e com a renda do ensino regular de muay thai na academia, ainda falta dinheiro para custear a viagem e hospedagem do lutador ao país. Se conseguir ir, ele será o único representante de Mato Grosso do Sul por lá.

Empresas interessadas em patrocinar Alan podem entrar em contato pelo número (67) 99238-8007.