Nesta quinta-feira, 22 de junho, é comemorado o dia do orquidófilo, profissão que se dedica ao cultivo de orquídeas. No mundo existem 50 mil espécies de orquídeas, sendo 3.500 apenas no Brasil, um dos países mais ricos neste tipo de planta. O cultivo de orquídeas exige dedicação e muito estudo.

O orquidófilo, Sérgio Ostetto nasceu no meio das orquídeas, em Santa Catarina. Com familiares que cultivavam as plantas, o especialista aprendeu a gostar desde cedo de estar nesse meio. “Naquela época existiam orquídeas só tiradas da mata, e eu fui tomando gosto. Eu sempre carreguei orquídeas junto comigo”, comenta.

Percebendo que suas orquídeas, que deveriam ser plantas eternas, morriam, Sérgio decidiu estudar a espécie mais a fundo. “Quando eu comecei a aprender o que ela precisava, e passei a dar o que ela pedia, comecei a ter plantas lindas, e não morriam mais. Minha coleção começou a aumentar”, explica.

Sérgio se casou com uma amante de orquídeas, que resolveu largar a antiga profissão para se dedicar ao cultivo das plantas com o marido. O orquidófilo levou 18 anos para catalogar orquídeas nativas de Mato Grosso do Sul. Desde 2005, o especialista ministra cursos no Senar (Serviço de Aprendizagem Rural), em várias cidades do Estado.

Foto: Kísie Ainoã/Midiamax

De acordo com Sérgio, a orquídea é a planta mais resistente que existe, e que exige menos cuidado que as plantas. “A orquídea cresce em galhos de árvore, mas não suga nada deles. É muito pouca a alimentação dela na natureza, e quando você cultiva, precisa dar isso a ela: água, fertilizantes e proteção do ataque de pragas”, explica.

O especialista ainda reforça que a orquídea é muito resistente, e mesmo que esteja morrendo, é possível salvá-la. “Ela pode estar um ou dois meses com aspecto ruim, mas se tiver alguma coisinha verde, ela volta. Se der algum probleminha, ela recupera”, diz.

Sérgio acredita que o grande problema está nas informações erradas, que são disponibilizadas na internet. “Na internet ensina a colocar água de arroz, que vai matar sua orquídea. Pedem para colocar água de beterraba, batatinha ou esterco de vaca, que não são bons para a planta”, esclarece.

Sérgio cultiva mais de 25 mil plantas em sua estufa, mais de 2 mil espécies diferentes, e cada uma recebe os cuidados necessários. “Todas elas recebem a mesma quantidade de sol, mas tem algumas que são exceções. Tem orquídeas que precisa pegar sol o dia inteiro, e outras precisam de mais umidade. O tratamento é diferente”, afirma.

Cruzamentos e raridades

Além das variadas espécies que são encontradas na natureza, os cruzamentos de orquídeas permite a criação de novas espécies. Tirando o pólen de uma espécie e colocando em outra, a fecundação gera um fruto cheio de sementes, com aproximadamente 500 mil. Semeando essas sementes, as novas orquídeas crescem com aspectos variados.

Essas novas espécies podem ser nomeadas, caso ainda não tenham sido registradas. “A gente não sabe o que vai sair, mas quando você cruza as orquídeas, você tem um monte de surpresas”, comenta.

Para manter a linhagem das novas plantas cruzadas, é possível fazer o clone das plantas, tirando um brotinho e reproduzindo. “A partir do tecido de meristema, levado para um meio de cultura, em laboratório, vai nascer novas plantas exatamente iguais. Um processo mais caro, mas feito apenas com plantas raras”, explica.

Foto: Kísie Ainoã/ Midiamax

Orquídea Cattleya nobilior é símbolo de Mato Grosso do Sul

A orquídea Cattleya nobilior foi nomeada símbolo de Mato Grosso do Sul, em 4 de janeiro de 2019, em lei sancionada pelo governador vigente na época. Desde 2010, a espécie já era considerada símbolo de Sidrolândia, e em 2014 recebeu o título em Campo Grande.

De acordo com Sérgio, a palavra nobilior vem de ‘nobre’ em latim, e ficou Cattleya nobilior. “Ela é nativa aqui de Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso, de Goiás, Tocantis, Sul do Pará. Na Bolívia e Paraguai também é possível encontrá-la. É uma das plantas mais cobiçadas do mundo inteiro”, diz.