Família mexicana chega em Campo Grande depois de viajar por 45 mil km em ‘tuk-tuk’

Espaço apertado, chuva e caminho a 25 km/h não desencoraja turistas

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Família saiu de Querétaro para desbravar Américas (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de três anos e 45 mil quilômetros a família Ruiz — finalmente — chegou em solo sul-mato-grossense. O trajeto todo foi feito em um ‘Tuk-tuk Piaggio’ que chega a 25 km/h em subidas e 45 km/h em linha reta. Os turistas estão sendo hospedados por um campo-grandense, no bairro Monte Líbano, contando as horas para experimentar o sobá na Feira Central.

O espaço apertado e a falta de conforto não desanimou os mexicanos que saíram de Querétaro. A relação é de amor e ódio, já que mãe, pai e filho vivem uma montanha-russa de desafios que uma estrada proporciona. O condutor, Eduardo Ruiz, é engenheiro topógrafo e autônomo e sempre teve vontade de viajar, o anfitrião de Campo Grande, Eduardo Ávila Borges ajudou a “matutar” a ideia.

“Viajei por muitos anos fora o país, de moto, fiz 19 países ao total entre 2014 até final de 2016. Acabei conhecendo muita gente no caminho. Em Querétano, eles [mexicanos] me receberam. Aí eles estavam buscando a possibilidade [desbravar as américas] ele [Eduardo], esposa e filho, cogitando duas motos. Existem tuk-tuk no sul do México, então tiveram a ideia”, conta.

Embora entusiasmado, viajar em um tuk-tuk não é nada confortável. Ruiz fala também do barulho que o triciclo faz. “Temos todas as desvantagens de um carro e todas de uma moto, 0 vantagens. É muito grande para costurar caminho entre os carros, as três rodas tornam mais difícil de desviar de buracos. Quando chove ou venta frio protege um pouco mais que a moto e muito menos que um carro. Faz 16km/l e o tanque é pequeno. Os motociclistas não reconhecem o tuk-tuk como moto e na hipótese de um acidente, não tem a proteção de um carro”.

O motor do triciclo é de 200 cc e tem quatro machas e duas ré. Na estrada, o triciclo alcança 45 km/h em linha reta, até 25 km/h e 60 km/h em descidas. Eles se restringem a viajar no período da manhã pelo perigo à noite. Em dias de chuva, o triciclo tem “toldos” de manos impermeáveis, mas a solução é parar em lugares para se proteger.

Perrengues

Acomodados, a professora Marisol Soto e o Eduardo Filho Ruiz, contam de casa situação que passaram ao longo da viagem. A família chegou do Paraguai, passando por Amambai, Bela Vista, Bonito, Miranda, Aquidauana e finalmente a Capital, onde queriam chegar para visitar o amigo.

“No Chile, conheceram um senhor que prometeu muita ajuda e apoio, tiraram muitas fotos e no final descobriram que era um político, o senhor usou a foto em campanha política, o que deu muita dor de cabeça pra eles. No final das contas, não cumpriu nada o político. Aqui no Brasil, quando entraram na primeira vez, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) ameaçou confiscar o tuk tuk deles porque segundo o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), sei lá o que, não pode. Então, em Santa Catarina eles estavam proibidos de transitar por estradas federais, acabaram voltando pra Argentina, entraram pelo Paraguai e aqui”, traduz o campo-grandense.

Para se manter viajando, eles vendem adesivos e Marisol faz alguns murais com caneta permanente e, às vezes, vendem comida, como no Chile, que venderam cerca de 200 tacos por noite. Eles já conheceram o Bioaparque Pantanal e a ideia é voltar rumo ao México conhecendo outros estados do Brasil.

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