Você já ouviu falar no Nhoque da Fortuna? Tradição há 22 anos na casa da Joselene Arriero, de 61 anos, o famoso evento é responsável por reunir família, amigos e entes queridos para uma celebração existente há séculos no mundo. Detalhe: evento ocorre nos dias 29 de todos os meses. Dos pedidos até as regras de comportamento, tem gente que sai, inclusive, com R$ 100 após ser agraciado pela deliciosa massa.
Diz a lenda que a tradição é originária do século IV, quando em um dia 29 qualquer São Panteleão se disfarçou de andarilho em um vilarejo na Itália e bateu na porta de uma casa a procura de comida. Uma família muito humilde, então, o acolheu. Conforme a história, essa família dividiu a pouca refeição que tinha: 7 massinhas de nhoque para cada um da mesa.
Ao terminar, São Pantaleão se levantou, agradeceu a gentileza e foi embora. Ao retirar os pratos, a família se surpreendeu com várias moedas de ouro que estavam sob a louça.
A partir daí surgiu a tradição conhecida atualmente e praticada em vários países. Em Campo Grande, Joselene não deixa nenhum detalhe de fora e realiza a cerimônia precisamente todos os dias 29, de todos os meses, desde 2000. Nessa sexta-feira (29), a mulher ficou feliz por receber os visitantes.
Ela contou ao MidiaMAIS que conheceu o costume por meio de uma prima, até decidir fazer na sua casa na intenção de reunir familiares e amigos.
“Funciona assim: na primeira vez, eu chamo a pessoa para vir e depois eu não chamo mais. Todo mundo que já foi convidado está convidado para sempre. Então em qualquer dia 29 a pessoa pode aparecer na minha casa, é só aparecer”, esclarece Jô, como é carinhosamente apelidada.
Apesar do número de pessoas variar, a verdade é que nunca falta gente na sua casa nos dias 29.
Ritual do Nhoque da Fortuna
Quem pensa que evento ocorre apenas para comer nhoque, está enganado! Festividade conta com rituais indispensáveis para manter a magia da reunião.
“Quando a pessoa vem pela primeira vez, reúno todo mundo, tiro a foto. Depois nós vamos para a sala de jantar, eu leio a historinha quando tem alguém novo, falo da tradição e como funciona. A gente faz um brinde, uma foto dos aniversariantes do mês e servimos o nhoque”, explica.
Mas uma parte importante acontece antes mesmo dos convidados se sentarem à mesa. Joselene prega um envelope contendo uma moeda de R$ 1 embaixo de cada prato. Em um dos envelopes, além da moeda, é depositado também uma nota de R$ 100. Cada pessoa escolhe um prato e sortudo da noite ganha R$ 101.
O restante da tradição é seguida conforme a história: cada pessoa fica em pé e come primeiramente sete bolinhas de nhoque ao passo que faz sete pedidos. Depois, quem quiser repetir o prato pode ficar à vontade.
“É um momento de encontrar os amigos. É um momento de parar e refletir sete coisas boas que você deseja. E você guardando essa moedinha, na hora que olha pra ela, inevitavelmente você vai pensar no que desejou e no que está fazendo para atingir o seu desejo”, reflete.
Há quem acredita que manter esse dinheiro junto a si até o próximo dia 29 garante ainda mais fartura.
Mara Eliane Gonçalves Maldonado, 56 anos, é amiga de Jô há mais de 30 anos e acompanha o Nhoque da Fortuna desde a primeira edição. “Essa confraternização, essa união da gente estar junto não tem dinheiro que pague. É muito bom”, contou à equipe de reportagem.
Tudo organizado e anotado
Joselene ainda conta que faz, em média, de três a seis quilos de Nhoque para atender todo mundo.
Para dar conta de tudo isso, ela afirma ser criteriosa com a organização. Além de ter uma lista de compras, também anota todos as pessoas que vão até sua casa.
Por considerar ser um momento de reflexão e busca dos sonhos, Jô afirma esperar que os filhos continuem com a tradição ao longo dos anos.
Confira a família e amigos reunidos para o Nhoque da Fortuna na casa de Joselene ao longo dos anos:
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