Para presos, saudade da família e de casa aumenta nesta época e mosaico vira distração
Homens, mulheres e público LGBTQI+ participaram de curso em instituto penal de Campo Grande
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O ambiente festivo de fim de ano sempre traz à tona sentimentos sombrios para quem está sozinho, principalmente por se tratar de uma época que propaga felicidade, união e laços afetivos. Na cadeia não é diferente, porém, muitos presos realizaram um curso e encontraram no artesanato uma maneira de distração.
As aulas ocorreram no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) e também no presídio semiaberto feminino, onde os detentos utilizaram restos de pisos e azulejos para fazerem mosaicos. As peças foram expostas em uma feira de Natal e também serão levadas para outros locais, garantindo uma renda a mais aos – agora – artesãos.
Segundo a gerente do Fundo de Investimentos Culturais do Estado (FIC), Solimar Alves de Almeida, este é um dos 51 projetos aprovados este ano, trazendo uma ocupação produtiva e terapêutica para reeducandos.
“A minha visão é de que o curso possibilita novas perspectivas de renda para quem está no regime fechado ou semiaberto, principalmente quando esta pessoa sair. São inúmeras as possibilidades. Vejo também a questão da ocupação física, psicológica e uma nova forma de rendimento”, contou.
A responsábel pedagógica pelo IPCG, Cristiane Sobrinho, reforça que, com a arte, é possível estabelecer relações significativas que promovem a construção de conhecimento e a preparação para o trabalho, o que favorece a valorização pessoal.
Veja depoimentos exclusivos de detentos ao Jornal Midiamax. *Nenhum deles será identificado.
“Quando cheguei ao presídio me senti muito sozinha e com saudades da minha família, mas sabia que chegava a hora de responder pelos meus atos. A cada dia que passava, me sentia pequena, triste e sozinha. Depois comecei o curso de artesanato, me senti viva. Meu convívio melhorou. Eu comecei a me enxergar melhor e senti que ainda tinha fé em tudo isso que iria passar…”
“Fiz o curso aqui e me sinto muito feliz por estar trabalhando com essa professora artesã. É muito legal e inteligente o trabalho dela. É um sonho estar fazendo mosaico, porque é um trabalho tipo um hobby, com um ganho bom. Agora vou repassar esse ensinamento para os meus filhos e netos e que continue este trabalho não só aqui, mas, em outros sistemas penitenciários. Acho que é desta forma que se traz uma ressocialização, dando um caminho mais saudável para as pessoas. Tenho uma profissão, posso dizer agora que sou artesão…”
“A experiência do mosaico foi uma ótima e nova experiência para mim. Queria até mais cursos assim para me aperfeiçoar e espero levar todo esse conhecimento adiante na minha vida…”
“Estou há muito tempo no sistema prisional e é a primeira vez que me sinto fazendo algo de concreto e importante. A cada construção de peça e aprendizado, floresce esperança em meu coração. Ser artesã para mim tornou-se um sonho possível de realização e eu já penso até em ter o meu ateliê, gerar emprego, renda, trabalhar com as minhas filhas e construir um futuro sem olhar para trás, ajudando, até, quem sabe, muitas mulheres que passaram pela mesma situação de cárcere que eu…”
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