‘Memórias no coração’: Após 40 anos, família se despede de casa emblemática onde cresceu em Campo Grande
Ao Jornal Midiamax, Família Nachif recordou os anos dourados vividos na emblemática casa da Afonso Pena
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Construída na década de 70, uma enorme estrutura se ergue em meio à zona urbana no coração da Avenida Afonso Pena com a Rua Bahia, em Campo Grande. Alvo de curiosidade de centenas de pessoas que passam todos os dias na região, o que poucos sabem, na verdade, é que a residência já foi lar de uma antiga família que cresceu, evoluiu, riu, chorou e guarda até hoje memórias eternizadas dos anos dourados vividos no local.
O endereço pertenceu ao casal Eduardo — um grande pediatra, já falecido, que atuou por muitos anos na Capital — e dona Celina Nachif. Conhecida por encantar moradores que passam pelo espaço, a emblemática casa foi alugada e vai abrigar duas novas lanchonetes, mas passará por transformação e quem passa por ali já percebe a movimentação das obras com paredes quebradas, que vão contar novas histórias a partir deste ano.
Mas, antes de falarmos sobre os novos empreendimentos, que tal voltar um pouquinho no tempo e entender o motivo dessa estrutura ser tão importante e como ela influenciou no crescimento de muitas pessoas?
Quem conversou com o Jornal Midiamax foi Carolina Nachif, 45 anos, filha de Eduardo e Celina. Atualmente, ela trabalha como fonoaudióloga na Capital e guarda no coração os momentos inesquecíveis que viveu na casa — ela e mais quatro irmãos cresceram na residência. Carolina, Marisa, Luciano, Leonardo e Marcelo — esse último, falecido — levam consigo os bons momentos que viveram por lá.
“Eu tenho muitas lembranças gostosas, como os amigos do colégio que iam pra lá fazer trabalho de escola, os banhos de piscina nos aniversários com os primos e primas, os almoços que meus pais faziam para os amigos dele, do quibe cru que meu pai fazia, que era divino. São muitas lembranças boas”, recorda Carolina.
Na residência imponente, a família de sete membros sempre dividiu espaço com visitas. A casa vivia cheia de pessoas, porque era onde familiares e amigos gostavam de se reunir. Dos numerosos quartos até o grande salão, foram entre essas paredes que as crianças aprenderam a andar de bicicleta, patins e a se aventurarem na piscina.
“Aquela casa era ponto de encontro de todos os amigos dos irmãos, então, sempre foi uma casa muito cheia […] As memórias agora ficam no coração”, disse a fonoaudióloga.
Apesar dos bons momentos, ocorreram, também, os ruins. Dentre esses, Carolina lembra do terror que viveu quando a família foi vítima de roubo e os ladrões levaram praticamente todas as suas joias. No entanto, para ela, o momento mais triste foi o falecimento do pai, Eduardo Nachif.
“O que me marcou muito naquela casa que eu não tive mais vontade de ir lá foi a morte do meu pai. É uma coisa que depois que meu pai morreu, eu não tive mais coragem de ir até a casa. Pra mim, quando retiraram os meus pertences que ainda estavam lá, foi uma situação muito difícil”, lembrou Carolina.
Almoço com mesa cheia
Outra pessoa que também cresceu no espaço foi Paula Corrêa Nachif da Silva, 46 anos, prima de Carolina, sobrinha de Eduardo e Celina. Desde bebê, ela colecionou vivências únicas ao lado da família. Das coisas que mais recorda, impossível esquecer de como a casa era grande, gostosa, clara e arejada.
“Eu gostava muito de almoçar lá, me lembro da mesa enorme e quadrada de vidro, sempre cheia, porque meus tios tinham cinco filhos, e mais eu sempre na mesa. Eu amava umas esculturas enormes de leões entalhadas em madeira. Eram maiores que a gente. Ou estávamos montadas nos leões, ou brincando de dentista, arrumando os dentes dos leões”, lembra, com afeto, Paulinha.
Novo significado
Depois de ter impactado tantas vidas ao longo de mais de 40 anos, agora, a casa localizada entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Bahia terá uma nova finalidade em Campo Grande e vai abrigar duas grandes lanchonetes. A família alugou a casa para o Madero Steak House e Jerônimo Burger, ambas hamburguerias do mesmo grupo.
A família decidiu alugar a residência por causa do alto custo que ela gerava e, segundo Carolina, como ninguém mais da família morava lá, ficou cada vez mais difícil manter a residência. Então, decidiram oportunizar novas histórias e finalidades ao local. A expectativa é que os novos locatários aproveitem o paisagismo atual do ambiente. “Eles disseram que não gostariam de destruir tudo e que o máximo de paisagismo será preservado”, contou a fonoaudióloga. Agora, a previsão é que as lanchonetes sejam inauguradas na segunda quinzena de maio.
É uma ressignificação que o tempo proporciona à imensa maioria das estruturas urbanas. No caso da residência icônica da Avenida Afonso Pena, as portas — agora — estarão abertas a clientes, e as paredes contarão novas histórias.
Notícias mais lidas agora
- VÍDEO: câmera flagrou acidente que deixou motociclista gravemente ferido no São Jorge da Lagoa
- Preso com 52 quilos de cocaína em Campo Grande é executado a tiros na fronteira
- Homem morre após se engasgar com carne em bar na Guaicurus em Campo Grande
- Candidata em MS foi eleita prefeita com quatro votos de diferença
Últimas Notícias
Filhos do nordeste, membros de associação ‘cantam e encantam’ ao narrar como MS se tornou lar
Associação na região da comunidade Homex reúne diferentes origens e sotaques, que revelam como Campo Grande os encantou e virou morada
Está em busca de emprego? Funsat oferta 2.144 vagas para Campo Grande
A lista de vagas inclui 21 oportunidades para pessoas com deficiência
Quando MS saiu do papel, documentos ganharam status de relíquia que guardam a história
São 47 anos de existência, mas 49 de história – desde sua concepção (que ocorreu com a assinatura do decreto em 11 de outubro de 1977), ao dia em que efetivamente saiu do papel (1º de janeiro de 1979). E é por meio dos primeiros registros que parte da história de quase meio século de…
Leonardo se pronuncia após denúncia de manter trabalho escravo: “Triste”
Leonardo foi incluído na ‘lista suja’ do Ministério do Trabalho e Emprego por, supostamente, manter trabalho análogo à escravidão
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.