‘Inimigo’ do industrializado, criador de temperos traz sabor de verdade em Campo Grande
Segundo o criador de temperos Maikon Soares, os temperos produzidos artesanalmente são muito mais saborosos e saudáveis. Confira detalhes sobre a profissão
Nathália Rabelo –
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Se você gosta de uma comida bem gostosa, saiba que muito se deve aos temperos utilizados. Na história da humanidade, talvez nenhum outro produto culinário tenha sido tão importante quanto às especiarias. Por causa delas travaram-se guerras, abriram-se rotas comerciais e mudaram-se hábitos gastronômicos. Várias coisas evoluíram desde as primeiras capitanias, por exemplo, e hoje existem vários temperos prontos dentro do potinho nas gôndolas do supermercado. Mas há controversas. Para o criador de temperos Maikon Moreira Soares, de 35 anos, o sabor de verdade está na arte de quem sabe fazer tempero artesanalmente.
Você já ouviu falar dessa profissão? Como o próprio nome diz, criador de temperos é a pessoa responsável por fazer tempero. Cego do olho esquerdo devido consequências de toxoplasmose, Maikon entrou nesse ramo pela primeira vez em 2020 para conseguir juntar uma grana extra. Na época, trabalhava como monitor de escola em Campo Grande.
Inspirado por uma amiga de Três Lagoas – que fazia o tradicional tempero baiano – ele resolveu vender a mesma receita na Capital. Porém, algumas dificuldades interromperam o negócio.
“Quando eu ia vender, as pessoas perguntavam se tinham outros sabores […] daí eu passei a vender fiado demais e comecei a ficar sem verba para investir de novo, então eu parei com o tempero baiano”, recorda ao MidiaMAIS.
Criador de aromas e sabores
Após ter sido demitido no início de 2022, o rapaz fez curso de manuseio de temperos, se profissionalizou na área e foi até São Paulo para comprar especiarias. A partir de então, começou a trabalhar exclusivamente como criador de temperos e fabricação de receitas autorais.
“Aí eu comecei a fabricar todos os temperos. Eu tenho o completo, o baiano, carne vermelha, de carne suína, o de salada, para peixe e o frango”, diz Maikon. Para ele, o sabor de verdade está na higiene, no carinho com as especiarias e na qualidade da matéria-prima.
Questionado se abandonou de vez os temperos industrializados depois de ter ingressado no negócio, o rapaz afirma que sim, afinal, o tempero artesanal é mais gostoso e promove maiores benefícios.
“Os industrializados contém muita química e com o tempo começa a atacar a saúde. Aqui na minha casa, a esposa não faz mais comida sem nossos temperos. Minha família também não fica sem mais”, brinca Maikon.
Artigo de luxo
Algo tão comum de ser usado no dia a dia, o tempero é indispensável na vida do brasileiro. Mas você sabia que as especiarias são bem antigas e, inclusive, já foram consideradas itens de luxo? Na verdade, elas foram grandes precursoras de evoluções na humanidade.
Consideradas ‘tesouros’ da gastronomia e da medicina, estudos apontam que foram encontraras especiarias em tumbas egípcias datadas de 3000 a.C. São os primeiros registros do seu uso.
Já o século XV, as embarcações europeias desbravavam o mundo em busca dos temperos. Tais especiarias eram tão procuradas que viraram até moeda. Ainda segundo dados históricos, a ampliação desse comércio influenciou no desenvolvimento da gastronomia mundial.
*O termo ‘temperista’ foi alterado a pedido do detentor da marca.
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