André Omizolo, de 53 anos, viveu anos intensos enquanto ainda morava em Campo Grande. Formado em administração rural, o homem já abriu uma empresa de produtos agropecuários, depois atuou por muitos anos na marcenaria e estava acostumado a uma rotina dinâmica. Porém, uma proposta de trabalho mudou tudo. Ele trocou a vida urbana pela rural e, agora, acorda todos os dias com a vista privilegiada da maior cachoeira de , a Boca da Onça.

Essa história começou há alguns anos, quando André foi contratado para transformar uma fazenda comum em um espaço onde oferecesse turismo de experiência. Depois que se apaixonou pelo segmento, uma nova oportunidade se abriu cinco anos depois: gerenciar o espaço Recanto Pedras do Canaã, localizado ao lado de reserva natural em , a 269 quilômetros da Capital.

Com vegetação exuberante e preservada, o administrador vive uma vida simples, tranquila e em contato direto com o meio ambiente. Dos banhos nos rios até comidas típicas da região, sobra até tempo para admirar a cachoeira Boca da Onça – a maior queda d' água de Mato Grosso do Sul com 156 metros de altura – que fica praticamente ao lado da sua casa. 

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“Minha opção de vir pra cá foi justamente essa, de estar em contato com a natureza, buscar mais qualidade de vida”, disse André ao Jornal Midiamax. O Recanto Pedras do Canaã, onde André mora e trabalha com turismo de experiência para os visitantes, fica às margens do Rio Salobra em meio à Serra da Bodoquena. Assim, o homem vive todos os dias com a companhia de uma natureza exuberante, com fauna e flora da região.

“É uma mudança muito grande porque você sai de toda uma rotina de negócio, da correria do dia a dia e chega num lugar desse”, reflete.

Bom de cozinha

Assim que se instalou no novo lar, o homem também precisou criar atrativos para os turistas da região. Foi desse jeito, então, que colocou a mão na massa e começou a servir um prato típico no recanto: abóbora cabotiá com carne seca. 

Ele disse que pensou no prato para remeter à história do local. “O que eu fiz foi resgatar a cultura do Canaã, onde as pessoas se alimentavam de cabotiá com carne seca. Carne seca era uma opção porque eles não tinham geladeira, não tinham energia. Então, eles usavam muito esse alimento”, afirma. O prato virou logo o carro chefe na região. 

André ainda conta que existem muitas histórias e lendas que circulam pelo local há muitos anos. Uma delas, é a existência de uma sereia que nadava pelas águas cristalinas do Rio Salobra.

A lenda da sereia na pedra Ita Y-îara 

Como você leu anteriormente, André trocou a correria da cidade grande para morar em um recanto em meio à vegetação exuberante e rios cristalinos, justamente onde fica localizada a maior cachoeira de Mato Grosso do Sul e uma das mais altas do Brasil, a Boca da Onça. 

No percurso de água, existe uma grande pedra no leito do Rio Salobra denominada Ita Y-îara, que significa Pedra da Sereia em tupi-guarani, batizada pelo antigo morador Sr. Sebastião Hibarras. Segundo a lenda que circula pela região, há uma linda sereia, morena e muito bonita, que habita as águas do local, que era avistada pelos fundadores da região. 

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André mora e trabalha em recanto de Bodoquena (Foto: Arquivo Pessoal)

“Quando foi fundado o assentamento, o transporte era muito difícil, as pessoas tinham muita dificuldade para se locomover porque não tinha estrada. Então, elas iam até a cidade a cavalo, bicicleta ou de barco, pelo rio. Tinha um senhor que descia de canoa o rio que ia negociando, como se fosse um mercador. Então, ele fazia esse percurso com uma canoa a remo. Diz a lenda que ele avistava uma sereia nessa pedra”, contou André.

O nome Recanto das Pedras do Canaã foi criado justamente em homenagem à pedra que tem tanta importância para a história do antigo assentamento. Questionado sobre o que mais o agrada na região, André afirma que é a sensação de paz de dormir e acordar num cartão-postal sul-mato-grossense. 

Apesar de morar sozinho no local, o gerente é pai de dois filhos que sempre o visitam para descansar e conhecer a região. 

“É bem mais tranquilo, é o que eu gosto, eu me sinto muito bem aqui. A natureza é muito exuberante e precisava também de uma pessoa que está ajudando a coordenar as coisas”, finaliza André, orgulhoso da sua escolha.