Cinderela? Trabalhadora responsável pela limpeza do Terminal Hércules Maymone, em Campo Grande, Mari Souza se viu envolvida em uma polêmica nesta quinta-feira (10). Tudo começou quando algum anônimo publicou uma foto sua na página de relacionamentos do Facebook, “Segredos do Busão”.
“Confesso que gostaria de saber quem é a gatinha que trabalha na limpeza do Terminal Hércules Maymone. Ela é uma verdadeira Cinderela, se for solteira passa o contato aí? Parece que anda triste… me deixa te fazer feliz??”, diz o texto com a foto da trabalhadora.
A legenda e o ângulo da imagem levantaram suspeitas de que ela própria seria a autora do post, mas a zeladora de 32 anos se defende. Ao Jornal Midiamax, Mari nega que tenha feito a publicação sobre si mesma.
“Eu não mandei, eu trabalho. Gente, eu tenho um dia ocupadíssimo, não tenho tempo pra pedir pra alguém tirar uma foto minha e postar numa página de relacionamentos, tentando me engajar. Sendo que eu trabalho num terminal onde passam, em média, 30 mil pessoas por dia, e se eu ainda assim precisasse pedir pra postarem uma foto… só por Deus”, afirma.
“Não imaginava”
Mari Souza é moradora do Jardim Los Angeles e trabalha fazendo a limpeza do Terminal Hércules Maymone há 1 ano e 2 meses. A foto, no entanto, foi tirada na manhã desta quinta-feira (10) e surpreendeu a campo-grandense, que garante não fazer ideia de quem seja o autor da publicação.
“Eu sou fumante e havia outras pessoas fumando também ali em volta de mim, com seus celulares na mão, o que é normal no dia a dia de todo mundo. Tinha um colega de trabalho junto comigo, também mexendo no telefone, e acredito que tenha sido até a sombra dele perto de mim com o celular na foto. Mas esse rapaz não tinha motivo pra fazer isso, penso eu”, relata ela.
Os comentários sugerem que a mulher fotografada teria montado a publicação. “Confia que não é armação esse post”, opinou uma internauta. Entretanto, Mari reforça ao Midiamax que desconhece a identidade do autor.
“Trabalho no meio dos motoristas, então a gente sempre tira muito sarro das publicações e comentários da página. Não imaginava que eu sairia nessa página e que a repercussão seria negativa. Mas isso sempre parte de mulher, né?”, lamenta.
Cinderela?
Ela conta que sai de casa, no Jardim Los Angeles, todos os dias às 5 horas da manhã para trabalhar no Terminal Hércules Maymone e, por isso, refuta o apelido que ganhou.
“Não sou Cinderela, tô mais pra gata borralheira que todo dia sai de casa para trabalhar. Dentre muitos apelidos que já me colocaram, esse até é básico. Já me chamaram de Imperatriz do Hércules, Madrinha do Hércules, tia é o mais clássico, o que mais me chamam, os estudantes”, revela.
Problema com cantadas e assédio
Cantadas no Terminal são frequentes para a zeladora, que comenta como lida com o assédio diário. “Isso é indiferente de ser bonita ou não, Cinderela ou não. Mulher recebe cantada sempre, não importa onde ela está. Recebo cantadas tanto de homem, quanto de mulher. Dependendo da cantada, eu levo na esportiva, mas tem certas cantadas que já ultrapassam o limite. Tem gente que vem te elogiar e fica te tocando”, pontua.
“Tem uns que já chegam falando ‘nossa, você é bonita' e pegam no cabelo. Outros que ‘hum, você é cheirosa e já vêm cheirar'. E mulher é complicado, né? Principalmente quando estou lavando o banheiro masculino, chega a ser inconveniente. A grande maioria pede licença e pergunta se pode usar, mas existe aquela porcentagem que simplesmente vai entrando, não se importa se tem uma mulher ali trabalhando, não tá nem aí. Às vezes, é bem desconfortável, já ouvi comentário do tipo ‘é você que vai segurar pra mim?'”, dispara Mari Souza.
Sem menosprezo, pede a trabalhadora
Para os comentários maldando a publicação, a campo-grandense deixa um recado: “Levanta cedo, dá uma olhadinha no espelho e não tente diminuir o outro, porque cada um tem seu valor e sua beleza, cada um é único no mundo. Não é menosprezando alguém que vai fazer você se sentir melhor ou bonito, o importante é você se gostar, não importa a opinião dos outros”, finaliza ela.
A página “Segredos do Busão” chegou a se manifestar afirmando que Mari realmente não foi a autora da publicação, mas o comentário não está mais disponível.
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