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Canibalismo sexual de sucuris: por que as fêmeas matam e comem os machos após o acasalamento?

Avessas ao amor? Além de devorarem os machos, sucuris também não cuidam de seus filhotes
João Ramos -
Imagem mostra sucuris acasalando - (Foto: Daniel De Granville)

Alvo de fascínio, curiosidade e interesse geral, sucuris também são canibais – isto é: podem chegar a se alimentar da própria espécie. Conforme o biólogo Daniel De Granville, conhecido por conviver com essas cobras por mais de 14 anos em Mato Grosso do Sul, este comportamento não ocorre sempre, é algo ocasional, e leva o nome de canibalismo sexual de sucuris.

O termo “canibalismo sexual”, segundo De Granville, se deve ao fato da selvageria de se alimentar da própria espécie ocorrer após o acasalamento e ser praticado, especialmente, pelas fêmeas, que matam e devoram o macho assim que a cópula termina.

Mas, por que fêmeas matam e comem os machos depois do acasalamento? A explicação é bem simples. “Durante o período de gestação (que dura entre 6 e 7 meses), as fêmeas não se alimentam, pois precisam deixar espaço em seus corpos para o desenvolvimento dos filhotes, já que elas não botam ovos. Então, após o acasalamento, a fêmea pode se alimentar de um dos machos como uma última fonte de energia antes deste longo jejum”, esclarece Daniel ao Jornal Midiamax.

O vídeo abaixo mostra um caso de canibalismo de sucuris registrado em Mato Grosso:

https://youtube.com/watch?v=dfyQOjsUVAk

Avessas ao amor?

Além de devorarem seus parceiros e pais de seus filhos, elas também não possuem qualquer instinto materno. “Pelo que se sabe dos estudos, não há cuidado parental. Os filhotes nascem e rapidamente já se dispersam, precisam começar a se virar logo após o nascimento”, pontua o biólogo.

Os pais, por sua vez, podendo ser assassinados, também não chegam a desenvolver laço afetivo com os filhos. “Em tese não há qualquer contato, já que os encontros entre as fêmeas e machos geralmente ocorrem apenas durante a época de reprodução. Durante a gestação, elas ficam solitárias e escondidas”, detalha o especialista em sucuris ao MidiaMAIS.

Por fim, um precisa se virar sozinho: ele nasce e já é solto pela na natureza. Seu pai pode ter sido devorado pela matriarca ou simplesmente ter “sumido” após o sexo. Mas, até para isso há uma explicação:

“Não existe aquele cuidado que a gente costuma ver em pássaros ou mamíferos, por exemplo, onde os pais (ou apenas a mãe, dependendo da espécie) fornecem alimento aos filhotes até que eles consigam sobreviver por conta própria. Este pode ser um dos motivos pelos quais as sucuris têm uma quantidade muito maior de filhotes (em média 30) do que um tucano ou uma onça, por exemplo, já que uma porcentagem pequena conseguirá atingir a vida adulta”, finaliza ele.

Primeira foto de canibalismo sexual de sucuris foi feita em MS

Prestes a completar dez anos, a primeira fotografia que registrou o canibalismo sexual de sucuris voltou a viralizar em Mato Grosso do Sul nos últimos dias, depois que uma página no Instagram compartilhou a imagem. Fotos tiradas pelo fotógrafo Luciano Candisani, no fundo do brejo do Rio Formoso, em , são impressionantes e foram parar até na National Geographic.

Trata-se da primeira foto no mundo que conseguiu captar um raro comportamento das sucuris: quando a fêmea mata e devora o macho após o acasalamento. O registro fantástico mostra uma sucuri-verde estrangulando o seu parceiro após a cópula — chamada popularmente de “sexo selvagem”.

Feito em 2012 e publicado com a National Geographic em 2017, cinco anos depois, quando as sucuris estavam já sob crescente ameaça de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul, o registro volta a encantar pelo inusitado quase uma década após a captura e repercute nas redes.

“Você vê quem é quem só depois do divórcio”, “Tem que ir presa”, “Você é muita areia para o meu caminhãozinho”, “Já pensou se a moda pega com os seres humanos?”, foram alguns dos recentes comentários de sul-mato-grossenses espantados com a situação.

Sucuri-fêmea pode acasalar com mais de 10 machos de uma vez

O biólogo e fotógrafo Daniel De Granville publicou em suas redes sociais imagens raríssimas de um “bolo” de sucuris-verdes acasalando na região de Bonito, a aproximadamente 297 quilômetros de .

No vídeo, as cobras aparecem amontoadas fazendo sexo em grupo. Segundo o fotógrafo, não foi possível estimar quantas sucuris estavam participando do ato. “Era difícil contar no meio daquela maçaroca toda, mas deu pra identificar pelo menos quatro machos naquele momento”, disse Daniel ao Jornal Midiamax. Veja:

O registro impressiona pelo tamanho das cobras, o peso e a força de cada uma delas, sendo que as mesmas formam uma espécie de “bolo” para acasalar. Quanto a essa forma de reprodução, o biólogo explica: “As sucuris possuem um sistema de acasalamento chamado ‘poliândrico’, onde uma única fêmea copula com vários machos (às vezes mais de 12!) que se revezam no processo”, esclarece.

Há ainda quem confunda o grupão com uma mãe acompanhada de seus filhos. “Elas são muito maiores e mais pesadas do que eles, então, às vezes, as pessoas encontram este agregado e pensam que é uma fêmea com seus filhotes, quando na realidade é acasalamento”, pontua o fotógrafo.

As imagens foram gravadas já há alguns anos em Mato Grosso do Sul – Daniel não especificou quantos – mas chocaram os seguidores do biólogo. Perplexos com a cena, internautas chegaram a brincar pedindo para que o fotógrafo abra um canal para divulgar mais vídeos do tipo em um site para adultos.

Reconhecido

Com pós-graduação em jornalismo científico, o biólogo, nascido em Ribeirão Preto (SP), Daniel De Granville trabalha como fotógrafo da natureza, ministra workshops de fotografia e atua como guia para públicos de interesses especiais. Ele já ganhou diversos prêmios com suas fantásticas imagens e gosta de conduzir expedições com objetivos peculiares, como fotografar onças no Pantanal, mergulhar com sucuris ou nadar com botos na Amazônia.

O interesse pelas cobras passou a ser ofício somente em 2007, quando Daniel foi procurado por um cliente estrangeiro que gostaria de fazer registros fotográficos subaquáticos destas serpentes. “Foi então que comecei a me informar mais sobre as possibilidades e cuidados necessários para poder oferecer isto como uma atividade a quem se interessasse”, contou ele ao MidiaMAIS.

De Granville viveu mais de 20 anos em Mato Grosso do Sul, na região de Bonito. Seus principais trabalhos foram feitos no Estado, em áreas do município turístico e do Pantanal, mas o fotógrafo deixou MS em novembro de 2021. Buscando novos desafios, ele agora vive em Florianópolis e, frequentemente, resgata seus arquivos da época em que residiu em terras sul-mato-grossenses.

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