Após desrespeito de fantasia, mãe de Eliza Samúdio relata calvário para proteger neto de exposição

Avó recebe o apoio da escola do menino e conta com a ajuda de psicólogos em Campo Grande

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Bruninho observando a foto da mãe
Bruninho observando a foto da mãe

Bruninho, o filho de Eliza Samúdio com o goleiro Bruno, já tem 11 anos e nunca recebeu ajuda financeira do pai. Mais de 10 anos após o assassinato da modelo, Bruno Fernandes de Souza foi condenado, cumpriu pena e agora se encontra em regime aberto, mas jamais pagou um centavo de pensão ao garoto.

A informação foi confirmada pela mãe de Eliza, Sônia Moura, que cuida do neto desde a morte da filha, em 2010. Moradora de Campo Grande, Sônia afirma ao Jornal Midiamax que a Justiça tem sido muito negligente com a situação. 

“Não paga pensão, nunca pagou. O oficial está tentando oficiar o Bruno, porém, não consegue encontrar ele”. Questionamos à Sônia como o goleiro não consegue ser encontrado, já que mora em Cabo Frio e até voltou a trabalhar. A resposta, em tom de revolta, foi com uma risada incrédula diante da alegação. “Eu também queria saber como”, disse ela.

Em 11 anos desde o nascimento do neto, Sônia não faz ideia de quanto o goleiro deve de pensão ao menino. Bruninho não comenta com a avó impressões ou opiniões sobre como encara a obrigação do pai em contribuir com as despesas. “Só se nas sessões de terapia ele comenta com a psicóloga, mas comigo ele não faz qualquer comentário em relação a isso”.

“É direito do Bruninho, isso está em lei, e desde antes da minha filha ser assassinada, desde que ele estava na barriga dela, a Justiça tem sido muito negligente em relação ao meu neto”, lamentou Sônia.

Fantasia desrespeitosa

Na terça (2), viralizou na internet uma imagem do mais tremendo mau gosto, onde um residente do Estado do Amazonas aparece “fantasiado” de goleiro Bruno, carregando um saco preto de lixo com uma placa escrito “Eliza”. Os trajes usados para festa de Halloween satirizam a forma como Eliza Samúdio foi assassinada, já que seu corpo e restos mortais nunca foram encontrados.

Em Campo Grande, onde vive com o neto, o calvário para Sônia proteger o menino é intenso. Quanto à fantasia, ela diz que Bruninho não chegou a tomar ciência. “A gente estava com a TV ligada, na hora que eu vi eu conversei com ele, a minha psicóloga foi chamada por mim, conversamos juntos. A psicóloga dele também já ficou ciente do que está acontecendo. Ele só faz sessão às segundas-feiras, e ela [a psicóloga] abriu uma exceção para conversar com ele antes disso”, disse ela ao MidiaMAIS.

Não mostraremos a imagem da “fantasia” em respeito à memória de Eliza e à dor de seus familiares. Aos prantos, em lágrimas, a mãe da modelo assassinada em 2010 fez um apelo.

“É difícil você lidar com certas coisas. Pra mim, ver aquela situação da minha filha sendo comparada a um saco de lixo, já é muito doloroso, imagina pra ele, que tem fotos como as únicas memórias da mãe. É o psicológico da gente que fica abalado. Eu só espero que o Ministério Público investigue essa pessoa, ela seja identificada e responda da forma que couber”, desabafou, chorando muito.

Ajuda

O caso tem repercussão nacional e a história cruel do assassinato de Eliza ainda permanece no imaginário brasileiro. Diante disso, é difícil conseguir blindar Bruninho de certas situações, mas a avó conta com apoios. “Ele já faz um tratamento, acompanhamento psicológico. [Na quarta] Eu acompanhei ele até a escola, conversei com a coordenação, com a coordenadora da turma dele, ela ia repassar a orientação para os professores e até para a psicóloga da escola”, contou Sônia.

Apesar do esforço, não é possível proteger o garoto em 100% do tempo. Sônia relata que colegas da escola, às vezes, levam o assunto até ele. “Já chegou de alguém chegar e falar ‘Ó, você é o filho do goleiro Bruno’, e aí ele responde ‘Sim. É meu pai de sangue’ e não dá abertura mais”, disse.

“A gente vem trabalhando o psicológico do meu neto há muito tempo. Aí, de repente, aparece um sem noção e, com isso, pode derrubar todo o trabalho que a gente vem fazendo por causa de uma postagem”, lamenta.

Segundo Sônia, Bruninho é um menino muito tranquilo e o esporte ajuda bastante como lazer. “Ele é muito bom, brincalhão e não tem raiva nenhuma”, afirma. Quanto à situação envolvendo a pensão e a terrível fantasia, ela aguarda. “É a Justiça, é o Ministério Público, cabe a eles ver o que está acontecendo, por que não estão conseguindo localizar o Bruno. Eu espero que identifiquem e responsabilizem, como for o caso, essa pessoa que fez isso [fantasia]”, finaliza a mãe de Eliza Samúdio.

Em aberto

O Jornal Midiamax procurou a assessoria de Bruno Fernandes de Souza para que o mesmo comentasse o caso, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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