Adestradora faz reviravolta na carreira para se tornar nômade digital e diz: ‘Um convite para os sonhos’

Profissão ‘aflorou’ durante pandemia e fez Carla migrar empresa para algo 100% digital

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Carla e Bibi estão atualmente em Campo Grande (MS)
Carla e Bibi estão atualmente em Campo Grande (MS)

Bater ponto? Esquece. Reunião na sala do chefe? Esquece. Ter uma mesa, com aquele porta retrato da família e lembretes colados no computador? Esquece. Para quem “entrou de vez” no mundo da tecnologia, principalmente neste período de pandemia, sabe que uma nova carreira está em ascensão: o nômade ou nómada digital. Mesmo sem a rotina em um local fixo, quem se arriscou a entrar na profissão garante: é necessário muita ousadia e coragem para encarar os desafios e vivenciar um mundo de possibilidades.

É o caso da empreendedora Carla Stapani Ruas, de 33 anos. Dona de uma empresa de adestramento de cães, com atendimentos em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP), a qual ela também explorou o mercado digital com lives, ebooks e redes sociais para ter contato direto com os clientes, a mudança veio este ano, quando ela deixou tudo para ser nômade digital na área pet. Veja vídeo no final da matéria com adestradora mostrando técnicas com cães.

Bibi é fiel companheira que viaja com a adestradora pelo país. Crédito: Leonardo de França

“Eu me formei em publicidade no ano de 2009. Trabalhei no ramo e sempre tive minha mãe como espelho, que é uma profissional renomada neste mercado e exemplo para mim. Na época, eu até sentia uma conexão com as estratégias, o comportamento do consumidor, mas, não me sentia conectada com aquilo que eu vendia, então, procurei algo que fizesse mais sentido para mim. Queria ter paixão de verdade, até que veio o adestramento”, afirmou ao Jornal Midiamax. 

Conforme Carla, até a paixão da infância veio à tona quando ela começou a fazer os 10 cursos de adestramento, sendo 6 presenciais e outros 4 pela internet. “Eu, com 5 anos de idade, queria ficar resgatando cães de rua. Tinha vezes que minha mãe nem gostava e eu contava com a ajuda de um tio. Aos 10 anos, inclusive, eu já dizia que seria veterinária e tinha o nome da minha clínica: Pet Vida. Fiz a faculdade por 6 meses, mas, logo voltei para publicidade e conheci outros ramos, como o adestramento”, relembrou.

Início da carreira

Carla faz atendimentos e mentoria online.
Crédito: Redes Sociais/Reprodução

Desta forma, assim que concluiu os cursos, Carla deixou de vez as startups em que atuava para abrir a própria empresa, na capital paulista. “Fui construindo a minha marca junto com o processo de aprendizado de adestramento. Na prática, ia na casa das pessoas e adestrava os animais delas. Nunca tive medo se era de pequeno ou grande porte porque trabalho com o adestramento positivo. Acho que a figura do adestrador, até pouco tempo, era vista como uma figura de enfrentamento, arcaica, sem embasamento científico”, falou.

Durante seis anos, a empreendedora disse que visitou diversas casas, fazendo atendimentos desde cão agressivos a cenários de estresse, em que o dono é que precisava de mais orientações para lidar com a situação. “Eu dava as orientações ao tutor, falava o provável motivo do cão estar avançando nas pessoas, sobre confinamento, a falta de um brinquedo adequado para ele, falhas e outras coisas erradas, por exemplo”, pontuou.

Em dezembro de 2020, no entanto, Carla começou a viver um novo processo de mudança. “O adestramento me satisfazia, mas, decidi me tornar nômade digital, com liberdade geográfica e financeira. Foi aí que eu usei todo o meu conhecimento do marketing, mantendo os meus conteúdos para atender a demanda dos  adestradores, que estão sempre me pedindo cursos, além da mentoria”, argumentou.

Atualmente, a profissional diz que continua atendendo alguns clientes de forma presencial, mas, a mudança de nicho proporcionou a liberdade para viajar. “Essa minha profissão aflorou muito na pandemia e as pessoas precisam entender que, nem sempre, as coisas precisam ser presenciais. Tem muita coisa que dá para aprender online. O adestramento online é uma delas, é algo totalmente possível. Eu ensino, dou tarefas específicas, peço vídeos e ainda dou mentorias para quem quer entender mais sobre a minha jornada”, contou.

Eu, a Bibi e a Gaia

Carla, Bibi (animal de estimação) e Gaia (apelido dado ao veículo) rumo a algum destino paradisíaco

No auge, Carla então vendeu móveis da empresa, se desfez de outros objetos e adquiriu um veículo esportivo para as viagens, apelidade por ela de Gaia – que significa “mãe terra”. Dentro dele, vai a motorista e a Bibi, uma cadela de 14 anos, uma super companheira da empreendedora.

“Eu falo que a Gaia e a Bibi são as minhas guerreirinhas. Vão comigo para cima e para baixo. Saí de São Paulo, percorri o interior, depois fui para Vitória (ES), Arraial do Cabo e Búzios, no Rio de Janeiro, até que cheguei na Bahia e passei por Trancoso e Caraíva, uma vila de areia maravilhosa onde eu fiquei 4 meses. Ao chegar na cidade, faço atendimentos e também vou em busca de oportunidades, faço propostas”, comentou.

Por fim, a empreendedora ressalta que, quem escolher este estilo de vida, precisa de ousadia e coragem. “Eu falo que é um convite para os sonhos. A pessoa vai parar de focar nos problemas da vida cotidiana, de só em apagar incêndio e passará a viver coisas que fazem mais sentido. No meu caso, vejo que são os desafios que eu escolhi viver. No dia 15 de janeiro, inclusive, Florianópolis será o meu próximo destino”, finalizou.

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