Tatuador de MS que ficou conhecido por colocar presas fala sobre preconceito

Foi no meio de uma gravação para um documentário em Serra Pelada e entre ligações da imprensa de todos os lugares que Örc Infernall e Mulher Morcego toparam conversar com o Jornal Midiamax. O artista de Mato Grosso do Sul ganhou notoriedade depois de implantar presas na boca e arrancar olhares curiosos – e admirados […]

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Foi no meio de uma gravação para um documentário em Serra Pelada e entre ligações da imprensa de todos os lugares que Örc Infernall e Mulher Morcego toparam conversar com o Jornal Midiamax. O artista de Mato Grosso do Sul ganhou notoriedade depois de implantar presas na boca e arrancar olhares curiosos – e admirados – no mundo todo.

Natural de Iguatemi, quem vê o corpo modificado de Örc não imagina a simpatia que ele e a esposa, Mulher Morcego, carregam. O visual, classificado por muitos como assustador, contrasta com uma família amável e batalhadora formada pelo casal e a pequena filha, de 6 anos.

Os dois guardam a sete chaves os nomes de nascença e garantem que, por  incorporarem os personagens, assim preferem ser chamados. Para isso, Örc e Mulher Morcego não medem esforços. Juntos, eles somam dezenas de modificações no corpo que vão desde implantes e pigmentos nos olhos até mutilação de parte das orelhas.

Tatuador de MS que ficou conhecido por colocar presas fala sobre preconceito

Aos 41 anos, Örc explica que começou a fazer modificação corporal há 7 anos e já soma mais de 13 procedimentos. O mais doloroso, segundo ele, foi um “branding” na perna – que consiste em uma queimadura feita com ferro quente. Mas o que chama mesmo a atenção, sem dúvidas, foram as presas implantadas na boca, avaliadas em cerca R$ 3 mil. Já Mulher Morcego, com 25 anos, entrou neste mundo há 2 anos e possui 3 modificações extremas: pigmento nos olhos, implantes na testa e orelhas parcialmente amputadas para ficarem parecidas com o mamífero voador.

Os dois se conheceram pela internet, em um grupo chamado “As Tias Que Olham Torto”. Irônico ou não, foram com olhos tortos e julgamentos que o casal foi bombardeado depois da última modificação de Örc.

“Até um tempo atrás, apesar de eu ter várias tatuagens, era bem de boa. Depois que eu coloquei as presas, mudou tudo. A gente sofre muito preconceito e até ameaças de morte. Sofremos perseguições, falaram que se me pegarem na rua vão me matar. As coisas mudaram nesses últimos meses e ficou tudo muito pesado. As pessoas começaram a nos atacar.”

Apesar dos dedos apontados, Örc e a esposa garantem que não vão parar. Ele ainda quer fazer algumas escarificações, terminar de pintar o corpo de preto e colocar mais 2 presas adicionais na boca. Os procedimentos, exceto as presas, foram feitos pela própria Mulher Morcego depois de ser treinada por ele. O nariz por exemplo, cortado na parte frontal, durou cerca de 8h até finalizar o processo e “foi muito pesado”.

“A gente tem sonhos novos todos os dias e a criatividade não pára. Eu tenho os dentes ainda para fazer para ficar o mais perto possível de morcego.”

São justamente os sonhos que fizeram a família alcançar altos voos. Nascido e criado em uma família tradicional de Iguatemi, sem citar nomes, Örc conta que alguns parentes chegaram a participar da política do pequeno município.

“Fiz faculdade de Artes Visuais na UFMS e caí pro caminho da arte e depois trabalhei com artes cênicas, sou formado em teatro. Fiz escola circense e também me formei como palhaço e depois que fui trabalhar como tatuador. Estou sempre em iguatemi porque tenho ligação muito forte com a cidade.”

Tatuador de MS que ficou conhecido por colocar presas fala sobre preconceito

Apesar de muitas reportagens trazerem que a inspiração para se transformar em um monstro das lendas medievais foi do filme “Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos”, o sul-mato-grossense garante que não.

“Eu curtia outros personagens. São várias etnias de orcs que foram criadas na ficção. Uns mais fortes, outros mais baixinhos. Uns narigudos e outros carecas. O meu não foi inspirado no Warcraft apesar de gostar muito. Em 2017 saiu o ‘Bright’, com Will Smith, e eu achei muito bacana e muito interessante. Gostei muito do estilo, os orcs acabaram marginalizados no filme, mas achei muito interessante.”

As telas também são os próximos passos do famoso iguatemiense. Ainda em tom de mistério, Örc deixou escapar que está de mudança para a Europa com a família no próximo ano, mas deve estrelar um filme gravado em Mato Grosso do Sul com um produtor local.

“Coloquei as presas faz 2 meses e hoje descobrimos que a notícia está passando na Malásia, Tailândia, Espanha e até República Tcheca. Estamos recebendo vários convites de programas de televisão e ainda não posso revelar o nome do produtor que me convidou, de Mato Grosso do Sul, para o filme. Os trabalhos agora estão relacionados à imagem. E vamos nos jogar nessa parada mais artística.”

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