Brasil é foco de campanha da Gucci a favor da causa transgênero

“Meu coração lateja o tempo todo. Você sempre me disse que queria ser sepultada e não sei como se sentiria se soubesse que eles queimaram seu corpo. Como se lida com uma coisa dessa? Mas espero que você saiba que sua passagem neste mundo transformou a vida de muitas pessoas”, escreve Gabe Passareli em carta […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

“Meu coração lateja o tempo todo. Você sempre me disse que queria ser sepultada e não sei como se sentiria se soubesse que eles queimaram seu corpo. Como se lida com uma coisa dessa? Mas espero que você saiba que sua passagem neste mundo transformou a vida de muitas pessoas”, escreve Gabe Passareli em carta à irmã Matheusa, transexual e militante da causa LGBT que foi morta em abril de 2018. O texto faz parte da revista Chime, iniciativa da grife italiana Gucci que, em sua 2.ª edição, tem o Brasil como foco.

Outro destaque da publicação, definida pela Gucci como um zine – livreto de pequena circulação produzido por entusiastas de uma cultura particular -, é um texto assinado por Liniker, uma das principais vozes do ativismo pela igualdade de gênero no Brasil. “Sou uma mulher, uma voz, uma ressonância e um caminho de esperança para dar um novo significado ao meu corpo: trans, negra e viva. Sabemos para onde queremos ir e como queremos viver, mas e o mundo? Está pronto e disposto a nos aceitar?”

A revista será distribuída no Gucci Garden, em Florença, na livraria Gucci Wooster Bookstore, em NY, e em livrarias selecionadas em todo o mundo. A versão digital, disponível em português, pode ser baixada em chime.gucci.com.

O zine faz parte do projeto Chime for Change, que a Gucci lançou em 2013, com Beyoncé e Salma Hayek como embaixadoras, para unir e fortalecer os defensores da igualdade de gênero. A iniciativa, que atua em 89 países, já levantou US$ 15 milhões e beneficiou mais de 570 mil mulheres. Em 11 de outubro – data declarada pela ONU como Dia Internacional da Menina para marcar os progressos na promoção dos direitos das jovens mulheres -, além do zine, foram lançados o curta Sitara e a campanha Let Girls Dream.

Dirigido pela cineasta paquistanesa Sharmeen Obaid-Chinoy, ganhadora de 2 Oscars e 6 Emmys e conhecida por seu trabalho em filmes que destacam a igualdade de gênero, o curta conta a história de jovem de 14 anos cujo sonho de ser piloto é desfeito quando é forçada a se casar. É, de certo modo, a mesma história de 12 milhões de jovens garotas vítimas de casamento infantil a cada ano em todo o mundo. A campanha incentiva a dividir sonhos e visões para um futuro com igualdade de gênero no site letgirlsdream.org e hashtag #letgirlsdream.

A Gucci não é a única grife a dar visibilidade à luta pela igualdade de gênero. Neste mês, a Louis Vuitton apresentou seu desfile na semana de moda de Paris com uma videoperformance da escocesa Sophie, primeira artista trans a ser indicada para o Grammy. Em agosto, a Chanel divulgou a americana Teddy Quinlivan como a primeira modelo trans a estrelar campanha da grife, enquanto a brasileira Valentina Sampaio era anunciada como a primeira modelo trans da Victoria’s Secret.

Na São Paulo Fashion Week, que começa neste domingo, 13, a cantora trans Majur abre o desfile da volta da Ellus ao evento. O universo da moda está prestando atenção à questão da igualdade de gênero. O Brasil, país que mais mata transexuais no mundo, segundo dados da ONG Transgender Europe divulgados em novembro, poderia aprender algo com esse movimento.

Conteúdos relacionados

sexta feira 13
cidade do natal familia de renas