Jornalista sul-mato-grossense prepara versão comentada de obra de Monteiro Lobato
Andriolli Costa, pesquisador de folclore e jornalista sul-mato-grossense, prepara obra comentada de Monteiro Lobato.
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O jornalista e narrador Andriolli Costa autointitulado saciólogo atingiu reputação de Colecionador de Sacis. Aficcionado pelo personagem desde criança através das contações de histórias de sua avó, ele aprofundou o conhecimento em pesquisas na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Hoje ele mora em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e tem planos de, não só continuar difundindo o folclore e o Saci, mas contextualizar e trazer luz aos escritos de Monteiro Lobato.
A obra escolhida foi “Inquérito sobre o Saci”, que deu origem ao primeiro livro do famoso autor de “O sítio do Pica-Pau Amarelo”. Lançado em 1918, o livro é resultado de um chamamento que Lobato fez em 1917 no “Estadinho”, encarte infantil do jornal O Estado de São Paulo, solicitando relatos sobre o Saci.
Ligação afetiva
“Há 10 anos tenho ligação afetiva com a obra do ‘Sítio’ e foi isso que me levou a ter meu próprio trabalho de contação de histórias, visitas a escolas e vários projetos de literatura e na academia levando mensagem do folclore pra frente”, disse Andriolli ao MidiaMAIS.
Em 2017, depois de 100 anos da convocação de Lobato, Andriolli percebeu que “ninguém tava fazendo nada ou falando sobre isso” e começou a trabalhar com o “Inquérito”. Ele inclusive produziu uma revista independentemente com novos relatos, poesias e textos de pessoas sobre o negrinho do gorro vermelho.
“Foi como o ‘Inquérito’, mas diagramado na forma de revista. O pessoal gostou muito de ter algo atualizado sobre Saci. Notei que tinha essa demanda para entender mais sobre o Saci e entender mais sobre o Lobato”, explica.
Monteiro Lobato, autor maldito?
Segundo o jornalista, Lobato passou a ser tido como maldito nas escolas, pois quando as cartas do autor foram divulgadas, constatou-se que ele “defendia a eugenia, manifestava racismo, que estava para além dos personagens e defendia até a Ku Klux Klan”, descreve. Entretanto, ele ressalta que Lobato começou a ser criticado por pessoas que nunca o haviam lido.
“Eu, que li tudo, senti necessidade de trabalhar isso, como pensar Lobato ou ler Lobato nos tempos de hoje? Que mediação a gente precisa para não replicar uma lógica racista de 100 anos atrás?”, questiona Andriolli, destacando que ainda hoje existem autores racistas, misóginos e homofóbicos.
Além disso, o jornalista ressalta que “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, que levou mais de 25 anos para ser escrito, tem mensagens que vão muito além de racismo e trazem críticas ao sistema educacional que não convidava à reflexão, contrariedade ao fundamentalismo religioso e a Segunda Guerra Mundial, por exemplo.
Apoio de seguidores
Em posts em suas redes sociais, Andriolli recebeu diversas mensagens de apoio ao falar de sua ideia de um ebook de uma versão comentada de “O Inquérito sobre o Saci”. “Eu estava sondando para saber se estavam a fim de comprar. Vi que sim, muitos mandaram mensagem e até sugeriram uma campanha de financiamento coletivo para uma possível versão impressa. Tem muita gente querendo”, relata. Já até existe uma combinação com o ilustrador Stuart Marcelo, que se dispôs a ilustrar a produção.
Para o ebook, Andriolli pretende desmistificar, por exemplo, a ideia de que os colaboradores de Lobato, no início do século passado, foram somente pessoas ricas, fazendeiros e donos de escravos, o que tornaria a obra racista. “Eu já li e digo que não! Pelo texto pode-se identificar tanto negros, como pessoas de baixa renda, tropeiros, peões, ex-amas de leite”, enumera.
O material, que Andriolli quer lançar entre os dias 26 e 28 de janeiro de 2019 para coincidir com a data da chamada de Monteiro Lobato, deve satisfazer “tanto curiosos como escolas”. E o trabalho já está adiantado. “Já tinha começado essas análises, para academia, no doutorado, para publicação de periódicos. Agora preciso adaptar esse texto”, detalha.
Para próximo janeiro o ebook estará pronto. Segundo ele, a versão impressa seria possível apenas com o financiamento coletivo. “É uma coisa que está servindo para autores jovens que não tem suporte de editora, mas têm uma base de seguidores consistente”, afirma e conta sobre uma possível ação.
Andriolli conta que “O Inquérito” também foi lançado independentemente por Lobato e a forma que ele usou para arrecadar recursos foi fazendo propagandas de produtos para empresas usando o Saci. “Tinha ilustrações do Saci fazendo os produtos. É uma brincadeira que, quem sabe, a gente consiga fazer também.”
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