No centenário de Jânio Quadros, curiosidades do presidente campo-grandense

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Nesta quarta-feira (25), é celebrado os 100 anos do nascimento do presidente Jânio Quadros, campo-grandense que teve um curto mandato frente à presidência do Brasil, de 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961, quando renunciou. Quadros faleceu no dia 16 de fevereiro de 1992, em São Paulo, onde viveu quase toda a sua vida e onde chegou a ser prefeito por duas vezes. Por mais que tenha saído com sua família de Campo Grande, há na história um presidente nascido na Cidade Morena. 

Quem conheceu Jânio diz que ele era um homem muito culto, e quem pode afirmar isso de fato é Victor Eugênio, de 81 anos, que além de ter estado junto ao leito de morte de Jânio, passou parte de sua vida acompanhando de perto a carreira política, tendo se tornado assessor pessoal dele após sua renúncia em 1961. “Enquanto ele foi presidente eu participava de uma assessoria relacionada ao partido, sou campo-grandense, morei em São Paulo e me tornei seu secretario particular em três ocasiões. Me liguei a ele durante a campanha presidencial. Mesmo depois que voltei para Campo Grande, tive uma grande ligação com Jânio Quadros. Minha ligação com ele foi muito forte”, relembra Victor.

Após a renúncia, Victor relata que Quadros teve alguns AVCs, e depois começou a se dedicar à história e à língua portuguesa. “Ele era um homem muito culto, um político que fez a carreira mais meteórica da nossa história, em 13 anos ele se tornou presidente”, descreve. Algumas curiosidades locais sobre Quadros mostram a ligação com a Capital. Victor diz que quem fez o parto dele foi um jovem médico, que conhecemos bem na história de Mato Grosso do Sul: Vespasiano Barbosa Martins. Ainda segundo Victor, quando tinha 10 meses de idade, no dia 30 de novembro de 1917, Jânio foi batizado na Igreja de Santo Antônio, aqui na Capital. “Esses dias fui lá conversar e o padre não sabia desse fato”, relembra. 

Mandato curto mas polêmico

Jânio Quadros chegou à presidência da República de forma muito rápida, realmente meteórica, como descreveu Victor. Em São Paulo, exerceu sucessivamente os cargos de vereador, deputado, prefeito da capital e governador do estado. Conquistou grande parte do eleitorado prometendo combater a corrupção e usando uma expressão por ele criada: varrer toda a sujeira da administração pública. Seu símbolo de campanha era uma vassoura.

Slogan de Jânio era uma 'vassoura', para 'varrer' a corrupção / Foto: Arquivo nacional

 

Foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, para o mandato de 1961 a 1965, com 5,6 milhões de votos, considerada a maior votação obtida no País atpe então. Ele venceu por mais de dois milhões de votos. Seu vice acabou sendo João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro. 

Em seu governo, Jânio Quadros atuou com algumas frentes que causaram muita polêmica na época e que são lembradas até hoje. Ele deu continuidade à política internacional, reestabelecendo relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China, algo impensável dentro da geopolítica da época. Nomeou o primeiro embaixador negro da história do Brasil, deu a Che Guevara uma alta condecoração, a Ordem do Cruzeiro do Sul, criou as primeiras reservas indígenas, dentre elas o Parque Nacional do Xingu, e os primeiros parques ecológicos nacionais. Ele também chegou a proibir as rinhas de galo, o uso de biquíni em concursos de miss que fossem televisionados, o lança-perfume em bailes de carnaval e regulamentou o jogo de carteado. Essas medidas continuam em vigor até hoje.