Painel da onça é pintado e descaso com a arte pesa na vista da Capital
Painel foi pintado, causando revolta entre o artista e os apreciadores da arte
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Painel foi pintado, causando revolta entre o artista e os apreciadores da arte
Foram mais de duas décadas com os olhos de felino pousando sobre os campo-grandenses, mas agora a obra da Onça Pintada, no edifício Inah no coração da avenida Afonso Pena, foi coberta por uma pintura monocromática. O artista responsável pela obra, Cleir Ávila, explicou que foi pego de surpresa tanto quanto os moradores. “Dia desses estava descendo avenida Afonso Pena, quando nos deparamos com um branco, meio esverdeado na parede onde antes aparecia a imagem da onça pintada. Ficamos arrasados, eu como autor da obra, não tenho palavras”, afirmou.
Em setembro do ano passado, o artista realizou uma “vaquinha virtual” para angariar verba e conseguir repintar o painel, de 240 metros quadrados. Porém, o valor total de R$ 40 mil não chegou a ser atingido. Na época, Cleir explicou os custos do projeto: “Junto com a restauração do edifício faz-se necessária a restauração do painel, para não ser apagado, e para que isso seja possível são necessários recursos financeiros, pois existem especificidades na restauração como a impermeabilização e o uso de material de qualidade para resistir ao sol e chuva”, alegou. Os andaimes, segundo o artista, para poder trabalhar com segurança, também tinham alto custo.
Porém, o edifício revitalizou a fachada e acabou por pintar a obra, finalizando assim os esforços do artista em torná-la um patrimônio permanente. Sobre a questão, procurada pela reportagem, até o fechamento desta matéria, a síndica do edifício não se pronunciou.
Para a comerciante Ivana Silva, 43, a Onça Pintada fará falta no horizonte e na beleza urbana. “A Onça era um patrimônio, mesmo o prédio sendo propriedade privada. Precisava deixar tudo branco? agora não tem nada de especial neste prédio”, enfatizou. Para o técnico em informática Luis Carvalho, 31, a obra poderia ter sido renovada. “Faltou colaboração da sociedade em valorizar o trabalho artístico”, opinou.
Obras lembradas
Foi em 1994 que o projeto “Cores da Cidade” batizou a vista da Capital com obras grandiosas, em edifícios e espaços amplos, sempre lembrando imagens que remetiam ao Pantanal. A Onça Pintada e um enorme Tuiuiú, que ainda resiste em outro prédio, com um anúncio publicitário em cima, fizeram parte dessa ação.
Cleir também trabalha com esculturas como o Monumento das Araras, na Praça das Araras, com 10 metros de altura, os tuiuiús que recebem quem chega pelo aeroporto da Capital, o monumento do Sobá instalado em homenagem à Colônia Japonesa na Feira Central e vários painéis em prédios da área central. O artista tem ainda trabalhos em escultura e painéis nas cidades de Corumbá, Dourados, Ponta Porá e Três Lagoas, além dos peixes na Praça Central de Bonito.
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