Depois de perder tudo na chuva, família vem para a Capital e traz apenas sonhos

Ex-ribeirinhos deixaram casa em Aquidauana para tentar a vida na Capital

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Ex-ribeirinhos deixaram casa em Aquidauana para tentar a vida na Capital

Os estragos da chuva em Mato Grosso do Sul vão muito além das estradas e pontes danificadas nos 28 município que tiveram estado de emergência decretados. O prejuízo para quem perdeu tudo o que tinha é inestimável. Geisiane Benites Magalhães, de 19 anos, que nunca teve muito, já vive a experiência de ter de recomeçar do zero a vida junto à família. Natural de Aquidauna, a jovem mãe decidiu ir para Campo Grande. Na bagagem, além das poucas roupas que ganhou de vizinhos, o bem mais precioso é a esperança de um futuro melhor.

Depois de ver que tudo havia sido levado pelas águas da chuva, Geisiane, o filho Moisés, de pouco mais de um mês, se ‘mudaram’ para a Capital, distante 143 quilômetros da cidade que decidiram deixar na memória. Com eles, a mãe da jovem, Cleusa Ferreira, de 40 anos e o pai, de 52, que preferiu continuar no anonimato.

Os cinco irmãos, três crianças de 2, 3, 7 e 10 anos, e outros dois adolescentes de 12 e 15 anos, ficaram em Aquidauana onde esperam ansiosos pela oportunidade de se juntarem à família. Enquanto isso não acontece, ficam sob os cuidados de amigos da igreja onde congregavam. “É muito triste ficar longe dos meus filhos”, desabafa Cleusa.

Juntos, porém, apenas com as poucas roupas e uma mala na qual o marido de Geisine leva o que eles chamam de “tralha de trabalho”, a família buscou ajuda em uma igreja onde conseguiu uma casa para morar sem que ter de se preocupar com aluguel. O local, oferecido de muito bom grado, tem espaço suficiente para abrigar a todos, no entanto, não oferece nada muito além de um teto.

(Foto: Marithê Lopes/Midiamax)

A residência simples e velha no Jardim São Conrado, na região sudoeste de Campo Grande, se divide em um imóvel principal e uma edícula. O espaço já foi definido pela grande família. A casa da frente abriga Cleuza e o marido, mas o casal ainda planeja trazer os cinco filhos. Nos fundos, debaixo das telhas de eternit, moram Geisiane, o marido e o pequeno Moisés.

Antes desocupado, o local não conta com mobília. Sem móveis, água e energia elétrica, as condições não são fáceis. O fogão velho não funciona e também não há gás para cozinhar os alimentos recebidos por meio de doações. Por ora, embora necessite de alimentação especial, o único alimento garantido é o leite do pequeno Moisés que também foi ofertado. A alimentação do bebê está garantida por duas semanas, período em que devem durar as três latas de NAN Comfor 1.

Na hora de dormir, Geisiane e o marido dividem um colchão de solteiro enquanto o menino repousa em um bebê conforto velho no qual a mãe, cuidadosamente, coloca colchas para deixar o espacinho do filho mais confortável. Os pais da jovem compartilham uma rede do lado de fora da casa, onde o ar é mais fresco.

(Foto: Marithê Lopes/Midiamax)

Nos dias que se seguem desde que a família chegou à Campo Grande, permanece incessante a busca por melhores condições de vida, no entanto, o objetivo não é fácil. Aos 48 anos, o marido de Geisiane, ex-peão de fazenda, já não pode trabalhar por conta de uma hernia que precisa ser retirada. Cleusa, que também tem problemas de saúde, ainda está à procura de algum trabalho doméstico, disputado também pela jovem. “Vontade de trabalhar não falta. Se tiver algum lote para carpir eu mesma carpo”, garante.

Recém chegado na cidade, o marido de Cleusa e pai de Geisiane, que sempre trabalhou como pintor, ainda não conseguiu muitas oportunidades na Capital. “Hoje ele está fazendo um bico e vai ganhar R$ 50,00”, conta a esposa orgulhosa. Apesar do dinheiro recebido, o valor é pequeno demais para suprir todas as necessidades.

(Foto: Marithê Lopes/Midiamax)

Só para que eles possam religar a água, são necessários R$ 180,00 para pagar a conta. A luz, deve ser disponibilizada até esta quinta-feira (21). A geladeira, também já foi doada. Além disso, Geisiane conta emocionada que ganhou o berço e o colhão que serão do Moisés. “O que mais me preocupava já ganhamos. Estamos só esperando trazerem porque não temos como ir buscar”, explica.

Ajuda – Os interessados em ajudar com doações de alimentos, fraldas, leite NAN Comfor 1, móveis e roupas, ou oferecer oportunidade de trabalho, podem entrar em contato com a Geisiane pelo telefone : (67) 9816-8836, ou ir diretamente na casa onde a família mora, na Rua Rua Antônio Trajano, nº 199, Jardim São Conrado.

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