Dedicado ao resgate histórico e literário de MS, Campestrini deixará legado

Professor faleceu nesta terça (8)

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Professor faleceu nesta terça (8)

Quem passa pela residência totalmente histórica no coração da Avenida Calógeras, a sede do IHGMS (Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul), não imagina que ali dentro existe um mundo dedicado à literatura e ao resgate histórico das raízes do Estado, geográficas e literárias. A perda do professor e pesquisador Hildebrando Campestrini, que morreu nesta terça-feira (8) aos 75 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), marca a história da instituição, já que Hildebrando estava à frente do trabalho desde 2002. 

Mas não somente por isso. Com uma visão moderna não só na hora de acreditar que o IHGMS deveria ser um local de fomento para a nossa literatura, mas também ao lutar para digitalizar todo o acervo existente na instituição, Hildebrando será lembrado com carinho e respeito por seus colegas, amigos, familiares e membros da entidade, além de formadores de opinião. O ex-presidente da UBE/MS (União Brasileira de Escritores) e membro do IHGMS, Samuel Medeiros, acredita que ele foi extremamente importante para organizar e catalogar a nossa história. “Hildebrando foi um marco divisor na nossa história, ele publicou o primeiro livro da história de MS, que é referência. E também conduziu o instituto como um pesquisador profundo, que resgatou autores esquecidos, reeditou essas obras e trouxe tudo à tona”, analisa Samuel. 

Para o jornalista, cientista político e escritor Eron Brum, a perda de Hildebrando deixa também um legado de dedicação ao trabalho que é voluntário. “Ele foi a pessoa que deu essa nova vida ao instituto com muitas publicações não só daqui, mas também de outros lugares. A última grande realização dele foi a digitalização de todo o nosso acervo. Estamos na fase final da elaboração de um site com todo esse material que poderá ser todo consultado pela população”, explica Brum. Segundo ele, Hildebrando seria reconduzido ao cargo após eleições na semana que vem, conforme vinha sendo feito através dos anos.

Obra marcante

A escritora Vera Tylde lamenta a perda do professor, e destaca que houve um momento muito emocionante na história particular de Hildebrando e também do IHGMS: o resgate da obra completa de Hélio Serejo, escritor de Nioaque que faleceu em 2007. “Ele fez um trabalho maravilhoso com relação à obra do nosso escritor famoso, Hélio Serejo, que conseguiu captar toda cultura da fronteira e da erva mate. Só que Hélio viveu em uma época onde era muito difícil publicar livros. Quando Hildebrando começou a trabalhar a obra, muita coisa estava dispersa, alguns livros ainda estavam em carbono, e ele ficou 5 anos para reunir e catalogar tudo, com uma dedicação intensa, perdendo dias, noites de trabalho”, elucida Vera. 

Ainda segundo ela, Hildebrando consultava o próprio Hélio, já idoso e internado no hospital. “Vendo que Hélio estava muito mal, ele deu um jeito de imprimir todos os volumes em uma gráfica rápida, já que não existia ainda a gráfica do IHGMS, e levar para Hélio. Ele achou que ele deveria ter essa compensação em vida”, relembra Vera. Dos 17 livros originais publicados pelo escritor da erva mate, após 5 anos, o resultado foi a coletânea “Obras Completas de Hélio Serejo”, com cinco volumes. “Foi uma emoção muito grande quando Serejo viu a obra toda arrumada e pronta pra posteridade. Então o grande legado que o professor Hildebrando nos deixa é o de que você pode emprestar seus dons para uma causa maior”, reflete Vera. 

O corpo do professor está sendo velado na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, localizado na Avenida Calógeras, 3000. 

Conteúdos relacionados

sexta feira 13
cidade do natal familia de renas