Com prejuízos à saúde e preço lá em cima, por que continuar fumando?
Produto sofreu aumento de preço
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Produto sofreu aumento de preço
Eles são prejudiciais à saúde, causam dependência e deixam seus consumidores com aquele cheiro incômodo que pode ser detectado de longe. Contudo, mesmo sabendo de todos esses prejuízos, para quem é fumante, ficar sem aquele (ou aqueles!) velho cigarrinho de cada dia pode ser uma verdadeira tortura.
Deste a última terça-feira (2), fumantes tiveram uma ‘surpresinha’ desagradável no momento de abrir a carteira e pagar a conta. O preço aumentou! Tudo isso, porque entrou em vigor no Estado a lei que aumenta alíquotas de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de diversos produtos, dentre eles, o cigarro.
Assim, o intenso discurso sobre os malefícios do tabaco, incansavelmente feito por profissionais da saúde, parece que agora ganha uma nova mãozinha. Desta vez, saúde e economia reafirmaram a parceria no combate ao tabagismo. Mas, seria mesmo esse aumento no valor do cigarro um incentivo para que fumantes abandonem o vício?
Fomos ás ruas para saber como a população recebeu a notícia, e, infelizmente, a constatação não foi tão positiva assim.
Só sei que foi assim
“Não adianta falar, aumentar o preço, nem colocar imagens impactantes nas carteiras de cigarro, o que faz uma pessoa parar de fumar é a opinião”, afirma a auxiliar de cozinha Maria Lúcia, 44. Ela, que fuma desde 2013, não se recorda o motivo pelo qual começou a fumar, sabe apenas que agora não consegue mais parar. “E a coisa só piora quando a gente bebe aquela cervejinha”, confessa.
Já Larissa Santana, de 27 anos, reflete uma realidade ainda muito marcante entre os adolescentes. No início da juventude, ver os amigos da escola fumar era considerado legal, dava status. E, infelizmente, o que começou como uma brincadeira, transformou-se em um vício. “Naquele tempo o pessoal começava a fumar porque era bacana e quem era visto com um cigarro era considerado descolado”, relata.
“Quem é fumante não vai parar de fumar por causa de de R$ 1. É claro que esse aumento interfere no orçamento, mas, parar é difícil”, declara a empregada doméstica Fátima Paz de 35 anos, fumante há 17. Segundo ela, a falta de iniciativa é a grande culpada por, até o momento, não ter dado um basta no vício.
Impacto no bolso
Se você alimenta o hábito de fumar e isto já se tornou parte da sua rotina e, mesmo assim, não se atentou aos detalhes econômicos, o MidiaMAIS fez alguns cálculos que podem lhe interessar.
Vejamos: para uma pessoa que consome uma carteira de cigarro por dia de uma das marcas mais consumidas, que hoje custa R$ 8,25, a despesa mensal com o vício é de R$ 247,50, ou seja, mais de um quarto do atual salário mínimo (R$ 880,00). Em um ano, esse valor atingirá a casa dos R$ 2,970. Uma boa quantia, não? E se esse valor não tivesse sido gasto com cigarros, mas fosse guardado… O que poderia ser feito com o montante?
Basta uma rápida pesquisa na internet para nos deparamos com anúncios que oferecem opções de lazer, aparelhos eletrônicos e inúmeros produtos de utilidade, por um valor igual e até inferior aos quase R$ 3 mil gastos com o cigarro.
Já se imaginou em Las Vegas? A aventura nos Estados Unidos, que inclui passagens e hospedagem por quatro noites, sai por R$ 2.584,82. Não curtiu a ideia da viagem? Tudo bem, você pode também optar por levar para casa um moderno iPhone 5S, por R$ 1,799 e decidir com o que gasta o que sobrar. Ah! E com um pouco mais de economia é possível até adquirir uma motocicleta, por que não?
Ajudinha gratuita
A gente sabe que dar um basta no cigarro é difícil. Mas, para quem cogita a ideia, o SUS (Sistema Único de Saúde) desenvolve o PNCT (Programa Nacional de Controle do Tabagismo), que é inteiramente gratuito e que fornece da ajuda psicológica aos adesivos de nicotina para que o fumante vença o vício.
O programa, criado em 1996, é desenvolvido em todas as unidades de saúde de Campo Grande, como as UBS (Unidades Básicas de Saúde), UBSF (Unidades Básicas de Saúde da Família), CEM (Centro de Especialidades Médicas), CAPS (Centros de Atendimento Psicossocial) e até em alguns hospitais.
O caminho até o programa é fácil, mas depende da decisão de parar de fumar. Feito isso, basta comparecer a uma das unidades em que há o programa. Lá, será realizada uma avaliação para identificar o grau de dependência e, a partir daí, a equipe multiprofissional desempenhará o tratamento mais adequado.
“Tinha constantes problemas pulmonares, falta de ar, cansaço, quando a médica do posto recomendou que eu procurasse o programa. Não vou dizer que foi fácil, mas hoje eu tenho uma vida mais saudável e ainda sobre aquele dinheirinho. Terminei meu curso de inglês com o dinheiro que eu economizei”, testemunha a vendedora Luciana Palhano, 48, que conseguiu vencer o tabagismo há 7 anos. “Quase todo dia sinto vontade, mas eu penso no retrocesso que seria voltar a fumar. Penso em como minhas roupas são cheirosas, em como meus dentes são mais saudáveis… Não tenho mais mau hálito e tenho fôlego para tudo”, conclui Bruno Giordano, 28, ex-fumante há 3 anos.
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