A medula doada ‘pegou’ e com isso Carlão venceu de vez a leucemia
Luta pela vida teve final feliz e gerou frutos
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Luta pela vida teve final feliz e gerou frutos
Há pouco mais de um ano, o professor Carlão, famoso pelas aulas de biologia nos cursos de pré-vestibular de Campo Grande, recebia o diagnóstico de leucemia. Um baque para qualquer ser humano, certamente. Mas, Carlão viu o copo ‘meio cheio’ e também pode experimentar o sabor especial da solidariedade, quando seus amigos, familiares e, principalmente, alunos e ex-alunos, estenderam-lhe a mão num dos momentos em que apoio é fundamental.
Assim surgiu a fanpage ‘Amigos do Professor Carlão’, que elevou o docente ao status de uma celebridade local na luta por um doador de medula óssea. Carlão virou notícia nos jornais, principalmente quando a boa notícia de que uma medula 100% compatível foi encontrada, em agosto deste ano. Tudo isso fez com que a causa em torno de Carlão crescesse, a ponto de se tornar o Instituto Sangue Bom. Foi o lado bom da doença, despertar a solidariedade das pessoas, “o melhor lado do ser humano”, segundo o professor.
Nesta terça-feira (6), o médico do professor entrou na enfermaria na qual Carlão se recupera do transplante, feito há 17 dias em Jaú (São Paulo), trazendo uma boa notícia, a última após toda a odisseia do diagnóstico de leucemia: a medula transplantada ‘pegou’, isto é, foi absorvida e incorporada pelo organismo. E foi com sorriso no rosto que Carlão compartilhou a notícia de mais um passo rumo a sua recuperação.
“No dia 17 eu recebi a infusão de medula e hoje, no dia 6, a medula pegou! A minha maneira de agradecer é continuar lutando com o Projeto que, em breve, se transformará em Instituto Sangue Bom. Assim, mais pessoas terão a mesma alegria que divido com vocês. Agradeço a Deus, a minha namorada Tatiana, a minha família e aos amigos e amigas, que também considero família. 17 milhões de beijos no coração!”, publicou o professor nas redes sociais.
Restabelecimento e planos
Pelo período de cerca de um ano, Carlão deverá passar por uma reconstrução de seu sistema imunológico. É que para o transplante funcionar, é preciso primeiramente ‘matar’ a medula antiga. Com isso, o organismo deixa de produzir anticorpos, até que a medula transplantada entre em ação.
“Agora sou uma criança, né? Vou ter que tomar todas as vacinas, em prazos determinados. Vou ter que reconstruir todo o meu mecanismo de defesa. Isso é devagarinho, tanto que de início eu nem vou voltar para Campo Grande, devo ficar mais um pouco em Jaú, fora do hospital, para evitar o risco à saúde. É um período de adaptação, que vai até cerca de um ano”, explica Carlão à reportagem.
Mesmo tendo que ser paciente, o professor admitiu que já tem planos para quando sua saúde estiver 100% restabelecida. “Eu quero me dedicar ao Instituto, que já existe enquanto pessoa jurídica, mas que precisa de alguns ajustes. Queremos fortalecer as ações, que atualmente já fizeram uma melhoria muito grande para o Hemosul”, revela, referindo-se a alguns números animadores, tais como mais de 40 campanhas de doação de medula e uma média de 5 palestras por semana, sobre seus mitos e verdades da doação. E isso sem falar num aumento de 85% no numero de doadores cadastrados, segundo o professor. “A gente também quer estender o foco do Instituto, para quem além de doação de sangue e de medula, ele incentive a doação de órgãos e outras campanhas solidárias”, afirma.
Perguntado se gostaria de fazer um agradecimento a seus amigos e apoiadores, Carlão nem sequer ensaia, e já solta o verbo. “Claro! O fato de estar vivo é uma grande graça, mas eu só tenho a agradecer, porque tudo o que aconteceu me fez acreditar no ser humano, que nós somos seres extremamente solidários de natureza. Que somos carinhosos, afetuosos. Eu acredito que a continuidade dessa luta motiva as pessoas a desenvolverem esse lado afetivo e isso me deixa muito feliz. A forma que eu tenho de agradecer é continuar lutando”, conclui.
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