Sem selfie: visita de príncipe japonês é oportunidade de apresentar tradição aos jovens

O casal chega à Capital neste domingo

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O casal chega à Capital neste domingo

A poucas horas da chegada dos representantes da Casa Imperial do Japão em Campo Grande, a ansiedade toma conta dos descendentes mais velhos. Aos jovens, resta tentar entender a razão de tanto fascínio diante da visita do príncipe Akishino e sua esposa, Kiko. Passados 20 anos desde a última vez em que um representante da realeza japonesa esteve na Capital, é preciso explicar muita coisa às novas gerações, entre elas, que não haverá selfie com o casal real.

“Até a geração dos meus pais, todos sabíamos da importância da família imperial. Em todo dia 1° de janeiro a primeira prece era sempre para o imperador e sua família. Tínhamos um espaço reservado para isso em casa”, conta Lidia Oshiro, 52 anos, que participou dos preparativos da visita da princesa Sayako em 1995.

De lá para cá, muita coisa mudou, a princesa perdeu o título por se casar com um plebeu e o costume de “cultuar” a família imperial, praticamente, se restringiu as obaasan, avós em japonês. “Quando começaram a falar da visita deles pouca gente se interessou, só os mais velhos, mesmo. Agora que eles estão chegando todos se envolveram. É uma oportunidade importante para reforçar a nossa cultura”, explica.

Lidia durante os preparativos para a visita da princesa em 1995 (Arquivo Pessoal)No Japão eles raramente são vistos e quando o são, é preciso que todas as cabeças se curvem. Pela tradição, os membros da família só abrem as portas da Casa Imperial em 1° de janeiro para uma rápida saudação aos súditos. Dona Akemi Lin, 69 anos, viveu por cinco anos no Japão e diz estar honrada com a visita do casal real. “Lá existem idosos com mais de 70 anos que nunca conseguiram ver a família. É uma coisa muito rara eles aparecerem em público. Será uma grande honra poder chegar tão perto deles”, explica.

Apesar da proximidade, não haverá qualquer contato entre o príncipe e os descendentes campo-grandenses. Com um protocolo bastante complexo a ser seguido, a recepção calorosa à moda brasileira com abraços, beijos e selfies vai ficar para uma próxima vez. Mesmo assim, a comunidade aposta que a visita é a chance de estreitar os laços e reafirmar a tradição.

Miti Okamura Miyashita é da direção da Associação Nipo Brasileira e trabalha com a educação infantil e é a responsável pelas 30 crianças que farão parte da cerimônia de recepção ao príncipe e a princesa. “Temos um desejo muito grande de que eles participem deste momento. É uma chance para eles guardarem essa memória e passarem aos seus filhos e netos no futuro. Uma forma de preservar esse costume”, explica. A importância é reforçada pelo jornalista Silvio Mori, que também viveu no Japão. “A presença deles é uma forma de mostrar à nossa comunidade, que apesar de sermos brasileiros cultuamos a cultura e valorizamos nossas raízes, fortalecendo ainda mais a amizade entre os dois países”, afirmou.

Pelo menos 1.300 pessoas participarão da recepção aos dois. Eles desembarcam em Campo Grande neste domingo (1°) e seguem direto para o Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal de Miranda. Os dois só retornam a Campo Grande na segunda-feira (2), às 11 horas, quando serão recepcionados na Associação Nipo Brasileira. Haverá o descerramento de uma placa em homenagem ao casal, uma reunião com as autoridades da colônia japonesa na Capital e ,por fim, uma confraternização com os descendentes.

(Luiz Alberto)

 

As exigências

Quem acompanhou de perto toda organização da visita, é o presidente da Associação Nipo Brasileira de Campo Grande, Acelino Nakasato. Ele nos explica que nos últimos quatro meses esteve em conversas diárias com o consulado japonês.

Para adequar a estrutura da Associação às exigências da realeza foram gastos mais de 50 mil reais. Os gastos foram com: toldos – que tiveram de ser espalhados pelo local -, reforma da estrutura que recebe os monumentos e climatizadores para o ambiente.
“São coisas pequenas que estão nos dando o maior trabalho. Não imaginei que seria assim. São protocolos e mais protocolos que nem dá para acreditar. Eu não sabia que era tão complicado”, diz Acelino ao contar que se surpreendeu com as exigências.

Mesmo considerando algumas exigências para lá de desnecessárias, Acelino acredita que todo esforço vai valer a pena. “Os de mais idade estão muito felizes com essa visita. É algo que para eles não tem como explicar. Então acredito que vai valer a pena essa experiência tanto para os mais velhos quanto para os mais jovens.” Akishino, de 49 anos, é o filho mais novo do imperador Akihito e segundo na linha sucessória.

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