Para quem não aprendeu na infância, pedalar pode ser o desafio da vida
Apaixonada por bicicleta, Elijane já ensinou muita gente a pedalar
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Apaixonada por bicicleta, Elijane já ensinou muita gente a pedalar
Quando é que você aprendeu a andar de bicicleta? Para a maioria das pessoas, a data já se perdeu na memória. Mas aposto que foi um dia especial, de rara sensação de liberdade. Para quem não experimentou tal sentimento ainda na primeira fase da vida, o simples ato de pedalar e sair por aí em uma bicicleta torna-se um sonho. E é aí que entra o trabalho de Elijane Coelho, 39 anos.
Educadora física e apaixonada por bicicletas, Elijane percebeu que muita gente tinha respostas prontas para negar seus convites para uma pedalada. “Ah, não tenho bicicleta. Não sei pedalar! Começamos a derrubar essas desculpas. Primeiro com o aluguel das bikes e depois ensinando as pessoas a pedalarem”, conta.
Com o dia a dia sobre duas rodas, Elijane descobriu que algumas pessoas não sabem andar de bicicleta e muitas delas, mulheres adultas, morrem de vontade de aprender. Para quem está neste dilema, ela logo avisa: “a capacidade física de aprender é a mesma para uma criança e um adulto, a técnica usada também. A única coisa que difere são as experiências de cada um e o medo que traz”, diz ao explicar que desenvolveu um jeitinho todo especial para afastar o medo.
Desde que se envolveu nas aulas, Elijane se juntou a um grupo paulista chamado Bike Anjo. A ideia é oferecer um dia de aulão grátis para quem quer aprender a pedalar.
O projeto se espalhou por todo o Brasil e aqui em Campo Grande, Elijane toca a ideia com um grupo de voluntários. Além da questão do prazer e da diversão, Elijane diz que a bicicleta tem sua importância social. Um exemplo disso, é o caso de seu Euclides, da Comuidade Negra Furnas da Boa Sorte. Há anos ele anda diariamente 30 quilômetros a pé. No começo a distância era “encurtada” por seu cavalo, mas com a morte do animal, só restou a caminhada mesmo. “Para ele, a bicicleta seria muito mais que diversão. Tem um papel social envolvido”.
Crianças
Assim como é grande o número de adultos que não sabem pedalar, os de crianças não fica atrás. Com as transformações sociais que vemos, muitas crianças apresentam o mesmo grau de medo, ou até mais elevado, que o de um adulto. “De repente isso é reflexo de uma criação mais presa, mais protetora.
O fato é que muitas crianças pecisam de nossa ajudar para aprender a pedalar”, diz. Outro problema, é a falta de tempo, ou vontade, que faz com que a tarefa de ensinar a pedalar seja terceirizada. “Nós tentamos estimular a participação dos pais sempre. O nosso foco não são as crianças, acredito que seja importante esse momento com a família. É algo tão simbólico”, explica.
Experiência própria
Elijane aprendeu a pedalar com uns 6 anos. Mal se lembra como foi, mas, de fato, curtiu muito a bicicleta quando criança. Na adolescência se afastou, afinal “ficara chata”, como nos conta. Foram 15 anos sem pedalar até que um dia, por recomendação médica, teve de parar de correr e passou a pedalar por sugestão de um irmão.
Foi aí que Elijane se encantou pelo universo da bicicleta. Passou a frequentar o Grupo Sopa de Pedra, fez amigos e encontrou um amor e parceiro. Juntos, além de literalmente pedalar para o altar, os dois tocam vários projetos ligados ao incentivo do uso da bicicleta. É amor e pronto.
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