Nesta edição, 12 meninas e 6 rapazes vão subir ao palco
Até hoje, não se sabe ao certo quem definiu que beleza é isso ou aquilo. Sabe-se apenas que a mídia, por meio de suas inserções publicitárias, tem grande responsabilidade no processo. Assim, a pressão por se tornar e permanecer belo é cada vez maior, e o grande problema é que todos aqueles que fogem aos padrões de beleza vigente, simplesmente são esquecidos, descartados e até discriminados.
Prova disso são as mulheres negras, que por ‘N’ motivos – na maioritária das vezes o descontentamento com a aparência – procuram salões de beleza para alisar os cabelos e chegam até a recorrer a cirurgias plásticas, na tentativa de ‘aliviar’ traços típicos da raça negra, a etnia mais presente entre o povo brasileiro.
Toda essa análise foi muito bem observada e vivida por Rudney Nolasco. Há 32 anos trabalhando na área da beleza, o cabeleireiro e maquiador chegou à constatação de que em Mato Grosso do Sul não havia profissionais especializados em trabalhar com pele e cabelos de negros. “Percebi que os profissionais têm dificuldade de atender o negro por falta de experiência”, lembra.
É fato que existe aí um muito bem-vindo movimento de resistência, que busca empoderar pessoas de raça negra assumindo seus traços étnicos, mas para suprir a carência de profissionais capacitados, Rudney se aprofundou nos estudos. Agora especialista na área, o cabeleireiro ainda sentiu-se endividado com toda a população negra que reside na Capital. E foi então que ele teve a ideia de criar um concurso que valorizasse a beleza e cultura dos afrodescendentes na cidade. Nascia, então, o concurso Beleza Negra. “O objetivo é trabalhar a valorização, autoestima e inclusão do negro. Nossa cidade tem várias comunidades de afrodescendentes que infelizmente não recebem o devido valor”, explica.
A ideia de Rud, como popularmente é conhecido, foi tão bem aceita que este ano o Miss e Mister Beleza Negra completa sua oitava edição. Desta vez, 12 mulheres e 6 rapazes vão subir ao palco e mostrar todo talento, simpatia e formosura do povo negro. Simpatia, negritude, beleza e desfile serão os quesitos avaliados.
Até o momento de brilhar na passarela, todos os participantes passam por uma série de etapas preparatórias durante toda a semana que antecede o evento. Nessa fase, eles recebem aulas de postura, maquiagem, passarela e palestram que ajudam a desenvolver a autoestima.
“Todos os participantes são pessoas comuns. Temos donas de casa, vendedores, operadores de caixa… Depois de todo o processo de preparação, em que eles aprendem a desfilar, andar de salto, mexer nos cabelos e a acreditar no próprio potencial, vemos uma tão evolução gigantesca, que todos pensam que tratam-se de modelos profissionais”, afirma.
A expectativa de Rud é fazer com que o concurso cresça. A intenção, é que o ano que vem o concurso seja realizado em outras cidades do Estado, para que uma competição em nível estadual possa ser realizada. “Existe o concurso nacional, e Mato Grosso do Sul nunca participou por que não existe representante estadual. Nossa intenção é fazer com que o evento cresça e abranja todo o Estado”, finaliza.
Serviço – 8º Concurso Beleza Negra Campo Grande. Neste sábado (21), a partir das 19h, na antiga rodoviária (Rua Dom Aquino, 750). O valor do ingresso é R$ 20 e a arrecadação será revertida para a premiação em dinheiro dos grandes campeões da noite. Outras informações 9221-8938.
(Com supervisão de Guilherme Cavalcante)
