Para fotografar a onça pintada, dinamarquês esperou mais de duas décadas até o clique
Mogens Trolle viaja o mundo para registrar vida selvagem
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Mogens Trolle viaja o mundo para registrar vida selvagem
Entre os prazeres que movem, literalmente, o fotógrafo dinamarquês Mogens Trolle, 47, está o de registrar imagens de animais em seu habitat. Sempre que pode, ele viaja o mundo em busca da vida selvagem nos quatro cantos do mundo. Mas, um animal em especial lhe desperta um fascínio em especial, a onça pintada, quem buscava fotografar desde 1992.
Naquele ano, Mogens esteve no Brasil pela primeira vez, na época, com seus vinte e poucos anos. Trabalhara como guia numa agência do Pantanal, numa época em que a caça à rainha das matas sul-mato-grossenses era indiscriminada. Não deu. Só conseguiu ver a sombra do bicho. Não há palavras para descrever a frustração que ficou desde então.
Este ano, Mogens colocou um ponto final sobre o sentimento ruim que ficara. Em férias, retornou ao Brasil há poucos dias. E num golpe de sorte, já em sua primeira expedição pelo Pantanal, conseguiu o registro que tanto queria.
Porque onças? “A versão curta para esta pergunta é que considero a onça um dos animais mais fascinantes do mundo. Por muito tempo eu desenhei felinos e viagem a muitos lugares do mundo para fotografar leões, leopardos e tigres. Mas para registrar a onça, o maior predador das matas sul-americanas, que é poderosa e elegante ao mesmo tempo, rodeada por mitos, foi um sonho meu de muitos anos”, relata o fotógrafo.
O vínculo de Mogens com a natureza selvagem brasileira é tanta que mais de vinte anos após sua estadia no país como guia, ele ainda arranha um pouco (bem pouco) de português. Para que se expressasse melhor, fizemos a entrevista em sua língua materna. Foi como ligar na tomada, o homem não parou mais de falar. E o encontro com a onça, claro, não deixou de ser o assunto.
“Até recentemente era preciso ser extremamente sortudo para ver as onças. Agora, enfim, alguns lugares no Pantanal apresentam boas chances de se deparar com o animal. E foi por isso que eu retornei, para fechar o ciclo que iniciei há mais de vinte anos. Durante meus primeiros dois anos e meio por aqui, eu vi apenas a sombra dela. O motorista com quem eu estava me avisou do bicho, mas eu demorei um pouco para virar a cabeça, então tudo o que eu vi foi a sombra dela desaparecendo na floresta. Por muitos anos, foi o mais próximo que cheguei de uma onça e isso estava me deixando louco, frustrado”, disse.
O grande encontro
Não bastava ver a oná. Mogens queria estar perto o suficiente para fotografá-la bem. E foi o que aconteceu logo em seu primeiro dia de expedição. “Encontramos a onça ontem a tarde, mas desta vez, num passeio de barco. Tive muito sorte”. Mais que sorte. O que Mogens viu foi resultado de uma política de proteção a animais nativos, em que a caça à onça pintada tornou-se contra a lei.
“Fizemos um passeio no Rio Miranda, eu e um amigo meu da Dinamarca, com um guia local, Luiz. Foi quando a vi deitada na beiro do rio, na sombra, toda majestosa. Fomos aproximando o barco e quando vi estávamos a cerca de 10 metros. E mesmo assim ela não fugiu. Ficamos ali uns 10 minutos e eu tirei mais de 700 fotos. Foi muito emocionante. Ainda estou sem acreditar!”, afirmou.
Longa história
Mogens chegou no Brasil em 1992, para trabalhar na Rio 92, uma conferência de meio ambiente que marcou o ano, tal qual como as olimpíadas no ano que vem e a copa do ano passado, só que com política. À época, ele era técnico de som e o interesse pela vida selvagem era inexistente. Mas, depois da conferência, o dinamarquês tirou uma espécie de ano sabático, viajou pela América do Sul por um ano, o que incluiu um tour pelo Pantanal. “Foi aí que conheci o Gilberto, de Corumbá, que tem uma agência. Como eu falo inglês e tinha muita gente de fora vindo, já naquele tempo, ele me deu a oportunidade de trabalhar como guia. Não pude recusar”, disse.
Dali foram dois anos como guia, um como guia em Nhecolândia e outro na mesma função, mas na pousada Transpantaneira. “Foi essa experiência que me fez apaixonar-me pela natureza selvagem. Mudou tanto a minha vida que decidi trabalhar com animais e me formei biólogo. O Pantanal mudou a minha vida”, afirmou.
Mogens até conseguiu retornar ao país, em 2001, para fazer o trabalho de campo de seu mestrado, na região do Rio Negro, onde fez levantamento de mamíferos. No ano seguinte, visitou novamente o bioma. E nas duas oportunidades, nada de onça. Ao todo, ele morou por cinco anos no continente sul-americano, entre Pantanal, amazônia e outros biomas. Chegou, inclusive, a catalogar uma nova espécie de veado.
“Nos últimos anos, finalmente comecei trabalhar como fotógrafo profissional. Viajo no mundo inteiro para fotografá-los e já vi muitas espécies diferentes. Mas, nenhum casou-me tanta emoção como a onça pintada, que finalmente consegui fotografar”, concluiu.
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