Mesmo sem cartinha ou suspense, tradição de Papai Noel se renova

Crianças pedem de fantasia a carrinho de supermercado

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Crianças pedem de fantasia a carrinho de supermercado

– O que você quer ganhar de presente?
– Uma fantasia de princesa.
– Quem vai te dar isso?
– O Papai Noel.

O diálogo soa tão familiar quanto o pedido da pequena Letícia de Carvalho, de 3 anos, que apesar de não ter sido incentivada a escrever cartinha, como faziam antigamente, tem a crença no ‘Bom Velhinho’ mantida pela mãe. “Eu deixo ela acreditar, porque é tão pequena né, não precisa ter os sonhos desmanchados”, diz Lilian de Carvalho, de 33 anos.

A inexistência das cartinhas enviadas ao Papai Noel coloca abaixo o suspense tanto em relação ao que a criança ganharia, ou quando o presente chegaria – se seria durante a madrugada, com o Papai Noel entrando pela chaminé e deixando-o no pé da árvore de Natal, ou nas meias largadas na janela. Essa ‘tradição’ importada parece ter se perdido com tempo. Talvez porque ao contrário dos americanos, as casas brasileiras quase não têm chaminés, ou mesmo pelo medo dos pais em frustrar os filhos. “Se eu não posso dar o que ele vai pedir, porque deixar que fique na expectativa?”.

O fato é que, independente dos rituais, parte mais significativa da tradição mantém-se, renova-se, adapta-se ao tempo em que está e permanece viva nos sonhos dos pequenos. Assim como Letícia, a maioria das crianças, entre 3 e 6 anos, que conversaram com equipe de reportagem do Jornal Midiamax, afirmaram acreditar no Bom Velhinho.

A menina Adassa Gonçalves, de 4 anos, por exemplo, até já conversou com ele e aproveitou a oportunidade para fazer o pedido pessoalmente. “Você sabia que ele já foi lá na minha creche e eu disse o que queria para ele?” contou cheia de entusiasmo. A menina de 4 anos quer uma carrinho de supermercado. O que tem sido um problema para avó, Aliate Gonçalves, de 42 anos. “Já procurei isso em várias lojas, mas não achei, porque ela quer um de ferro, igual aos de supermercados mesmo”, explicou.

Os irmãos Laís e Agair Silva, de 4 e 6 anos também estavam afiados nos pedidos. Ela quer uma boneca, que chore, e ele o tradicional helicóptero de controle remoto. Os dois não conseguiram enviar a cartinha para o Correio dentro do prazo, e ficaram fora da lista dos ‘padrinhos’. Por isso, a mãe, Damara Martins, de 36 anos, pediu para que algum Papai Noel solidário passe pela região do Bairro Noroeste, porque muitas famílias não terão condições de proporcionar um Natal para seus filhos. “Estamos passando por um momento difícil e não vamos conseguir comprar os brinquedos”, reforçou.

Já Bruna Nunes, de 6 anos, disse que não sabe quem vai trazer a boneca sereia que ela tanto quer, mas ficou balançada com a pergunta sobre o Papai Noel. “Eu não sei se ele existe, acho que sim, mas não tenho certeza”, explicou, com uma expressão de confusão, como quem está dividida entre o doce mundo de ilusões das crianças, ou a realidade imposta pelos adultos.

Mundo esse, que o pequeno Misael França, de 5 anos, parece já conhecer. Aliás, ele foi o único que disse não acreditar no Papai Noel. O menino quer uma bicicleta, e fez o pedido olhando fixamente para mãe.

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