Dia do Circo: artistas circenses resistem e mantêm famílias em picadeiros ambulantes
Circo Magnus tem estreia nesta sexta-feira na Capital
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Circo Magnus tem estreia nesta sexta-feira na Capital
Ainda é presente na memória de algumas pessoas, a ansiedade que se tinha momentos antes de ir a um circo. Para as crianças das décadas de 80 e 90, o circo era um ambiente vivo, cheio de números fantásticos e perigosos ao mesmo tempo, como o globo da morte, tinha animais, o que hoje é proibido, palhaços, equilibristas e era, antes de tudo, um momento de encontro familiar, com avós, netos, filhos e sobrinhos.
Diferente de quem está do lado de cá, ou seja, da plateia, a vida no circo é assim, cheia de encantamentos. Há algumas dificuldades, mas que para quem tem a tradição dessa vida são superadas. A malabarista Nádia Magnus, 33 anos, segue à risca o que lhe foi passado por pais e avós.
Casada com um ex-domador de leões, criou os quatro filhos, Rodrigo, Caroline, Jackeline e Juan, dentro do ônibus-casa, viajando os quatro cantos do país em prol do circo. Pela primeira vez na Capital, a malabarista que diz não saber fazer outra coisa, diz sobre as barreiras encontradas de quem dá o sangue pela arte circense.
“Já foi um tempo bom, em que a família vinha em peso para assistir às duas horas de espetáculo, hoje em dia, acredito, que por conta da tecnologia, as pessoas estão mais distantes e mesmo assim, a gente persiste com a tradição”, conta.
Tradicionalmente, Nádia aprendeu sozinha (com as pessoas do circo) a dar piruetas no alto e equilibrar cones. Não diferente dela, seus filhos também seguiram a mesma linhagem. “O mais velho é palhaço e também gira no globo da morte com o pai, minha segunda filha faz acrobacias e os outros ainda são aprendizes, mas estão todos aqui com a gente”, revela.
Um dos empecilhos encontrados pela família Magnus tem sido, segundo a malabarista, a burocracia encontrada em cada cidade que passam. “O que se paga, para vistorias e documentação só para fixar o ponto, não compensa no retorno, financeiramente eu falo, mas que a gente mantém, por amor a nossa arte”, diz.
Ainda de acordo com ela, só a taxa de bombeiro, para autorizarem a estadia do circo, sai por R$ 740.
Ao todo, o Circo Magnus conta com 12 pessoas fixas, que, além de pegarem no batente com a produção e organização da logística – montar, erguer tenda, cadeiras, palco, estrutura, interpretam no palco, durante o espetáculo.
A propaganda do circo ainda é aquela clássica, carro de som em volta do bairro que estão e na praça de alimentação, as tradicionais comidinhas de circo – pipoca doce e salgada, cachorro-quente e algodão-doce.
“Meus filhos até o momento estão comigo na lida, mas se quiserem partir para uma vida normal, têm o meu aval; nós mantemos uma casa fixa em Curitiba, que é onde eles poderão ir, se quiserem fazer alguma faculdade, mas eu tenho certeza que vou morrer mesmo, no picadeiro”, reflete.
O circo ficará por duas semanas na Avenida Presidente Vargas, s/n – na Praça do Mototáxi, da Vila Oeste (saída para Rochedo) e os horários de espetáculo são: 17h30 e 20 horas (sexta, sábado e domingo). O Valor da entrada é de R$ 10 (adulto) e R$ 5 (criança). Mais informações pelo telefone: (67) 9877-4417.
Tabajara, o mágico
Dos 76 anos que seu Tabajara Duarte da Silva tem, 40 são destinados à mágica. Anos esses que o levaram para todos os cantos do mundo, com a vida de artista circense.
Uma vida de mágicas cheia de histórias, percorridas em mais de 12 países do mundo e compartilhadas em programas televisivos como o da Xuxa e do Silvio Santos.
Tabajara faz parte da terceira geração da Família Garcia e cresceu no circo. Formado em Letras, o mágico abdicou da vida de viagens para se dedicar aos estudos, o que rendeu ser um professor nato e conhecido de francês e espanhol.
Atualmente, Tabajara que mora em Campo Grande, diz acreditar que a vida de artista de circo tem de ser repassada e não surgida, como uma profissão qualquer. “Viver em circo é viver sem fronteiras, pode trabalhar em qualquer lugar do mundo, só que só vive em circo, quem tem sangue, histórico e tradição, do tipo que nasce e cresce no picadeiro”, comenta.
Para ele, o circo é uma fábula, uma lenda viva que hoje foi substituída pelo mercado. “As pessoas começaram a ver o circo como uma empresa e isso, não é circo, as pessoas que tem alma de circo não podem priorizar o dinheiro, elas apenas mantêm o prazer em estar ali e o dinheiro vem, como consequência”, argumenta.
Vale a pena ressaltar que o mágico, mesmo não estando mais em circo, atua como mágico em eventos por aí e como ele mesmo disse: ‘não posso deixar a mágica da vida se acabar”.
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