Assim como a vida, bonsai é a arte da paciência em um mundo de corre-corre
Para tornar-se referência na arte, Julio só precisou entender isso
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Para tornar-se referência na arte, Julio só precisou entender isso
Em 30 anos de dedicação, a única certeza é de que pouco conhece da técnica que escolheu como companheira de uma vida inteira. No bonsai, cada planta, cada galho e cada objetivo requerem de Julio Sato, 54 anos, uma ação estudada, planejada, que na maioria das vezes não resulta no esperado, e é aí que moram a beleza e o encantamento, segundo ele. Em uma imitação perfeita da vida, mais que tudo, o que se precisa é só paciência. Tudo que não falta a ele.
Ao nosso chamado pelo telefone, Julio demorou alguns instantes para atender. Estava ocupado, nada mais natural. Antes que eu sugerisse o reagendamento da nossa conversa Julio respondeu: “É uma boa hora, sim. Sempre é uma boa hora”, pois então,vamos à conversa.
Filho de japoneses de Hokkaido, Julio herdou do avô o gosto pela poda de árvores. “Na época ela não fazia bonsai. Era poda mesmo e eu sempre o vi aquilo”, lembra. Logo, a jardinagem se tornou uma paixão, mas mais que tudo, um hobbie para Julio.
Aos poucos, passou a fazer pequenas intervenções nas plantas e iniciou seu trabalho com o bonsai, nos fundos da loja da família. Com o tempo, algumas pessoas começaram pedir para ter aulas sobre a técnica. “Eu ensinei, mas do meu jeito. Na época, três pessoas me procuraram com interesse em aprender. As três foram embora reclamando que eu não sabia ensinar”, conta como quem ri da própria inocência.
Diante do fiasco das aulas, foi preciso procurar mais conhecimento. “Fiz muitos cursos, li muitas coisas e cometi muitos erros também, conta. Hoje em dia, Julio faz metrado em bonsai em Curitiba. As aulas são ministradas por um especialista italiano que oferece também o pós-mestrado, lá na Itália. “São três anos de especialização. Quando terminar eu vou ver se vou para a Itália continuar”, conta ao nos explicar que o bonsai é um conhecimento muito profundo e deixar de aprender é algo que não combina com a técnica.
No comecinho de tudo, ele não esperava tanta dedicação própria. ‘Eu pensava na minha terceira idade, queria encontrar uma terapia que fosse útil nessa etapa da vida”. Mas mais que terapia, o bonsai se tornou ganha-pão. Hoje, Julio se dedica à aulas e a venda de bonsais e levou a família inteira para trabalhar com ele.
Os clientes são das mais variadas classes sociais e idades. “É gente de todo tipo. O campo-grandense gosta muito de bonsai, mas ainda fica atrás de de cidades como São Paulo e Curitiba”, explica. Nestas cidades, o investimento em uma muda pode chegar a R$ 8 mil. Em Campo Grande, a média não passa de R$ 900.
A técnica
Bonsai quer dizer árvore em vazo. Ou seja, pela descrição já fica claro que a “genética” da planta não sofre alterações. O que acontece, na verdade, são podas sistemáticas, quase cirúrgicas, que permitem o aspecto real em uma arvore pequena.
Estudar tais podas é uma verdadeira arte de modelagem. Técnica milenar e complexa que chegou ao Brasil nos navios que trouxeram os primeiros imigrantes japoneses.
É possível fazer um bonsai de qualquer planta, desde que haja o cuidado e atenção necessária. A favorita de Julio é uma cerejeira que ele estima ter mais de 50 anos de existência. “Elas vivem o tempo de uma árvore normal. 50,60 ou 100 anos. Mas para colocá-la em um vazo é preciso cerca de 2 anos de trabalho”, explica.
Para quem quer, ou tem uma dessas em casa, Julio explica que alguns cuiados são básicos. O primeiro é entende que o bonsai é uma planta de jardim. Precisa de sol como qualquer outra planta. Não pode ficar fechada por muito tempo em um escritório, por exemplo. E mais que isso, precisa de um substrato próprio.
“As pessoas querem ter um bonsai, mas não tem tempo para nada. Vivem correndo de um lado para outro só pensando em ganhar dinheiro. Não é assim que funciona”, manda o recado quem aprendeu com os anos que a vida é a arte da paciência.
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