Menos de um ano depois de ser liberada ao tráfego, via tem de passar por tapa-buraco

Considerada um ‘enrosco’ pela Prefeitura, a obra de revitalização da Avenida Julio de Castilho, uma das principais de Campo Grande, nunca foi inaugurada, mas, menos de um ano após liberada para tráfego, a via já sofre com buracos no asfalto e terá de passar por mudanças. Dois prefeitos já passaram pelo local desde que o projeto foi anunciado e, agora, a promessa é terminar o projeto na atual gestão.

“O projeto previa uma situação que precisava de uma complementação (da Prefeitura) para finalizar. Essa obra, assim como outras que se tornaram emblemáticas, faz parte do planejamento da Seinthra, para serem totalmente concluídas nesta gestão. Obras que estão enroscadas, que quando for feito o processo licitatório iremos terminar”, especifica o titular da Seinthra (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Valtemir Brito, sobre a revitalização da avenida, iniciada ainda na gestão de Nelsinho Trad (PMDB, concluída em dezembro de 2012) e que, mesmo após Alcides Bernal e Gilmar Olarte terem assumido a administração municipal, não foi totalmente concluída.

“O teste de resistência asfáltica serve para atestar corpos de prova do material utilizado e também de pedaços da área pavimentada, a fim de saber sobre a eficácia da aplicação, podendo em algumas situações determinar a retirada de uma área já realizada em uma obra”, relata um engenheiro da Prefeitura, funcionário da Seintrha, que preferiu não se identificar na reportagem.

A explicação técnica mostra a complexidade de um projeto de infraestrutura urbana, que, se não for levada em consideração, pode fazer um trabalho já entregue ser refeito, ou o projeto de execução condenado. Brito admite viver um desafio nesta natureza em avenidas do município, como por exemplo, a Júlio de Castilho, e sua ‘obra interminável’.

Brito atribui a detalhes burocráticos, de programação e execução da obra, o motivo para o Poder Público não ter finalizado a reforma em seis quilômetros da via, que custou ao contribuinte R$ 18 milhões desde o seu início. O mesmo entrave ocorre em um trecho de outra avenida com grande fluxo, a Ernesto Geisel, onde existe a necessidade de recuperação em alguns pontos próximos a um shopping.

“É outra obra que todo mundo reclama. Entra prefeito e sai prefeito e não se termina essa aí. Iremos licitar, só que com um novo projeto”, diz o secretário, que espera ainda no primeiro semestre de 2015 dar andamento nos dois projetos. Segundo ele o prefeito trata a questão como prioridade.

Para 10 anos

O Midiamax entrou em contato com um engenheiro civil, da área de projetos de Infraestrutura Urbana, com trabalhos já prestados ao município em avenidas de grande utilização, para saber a respeito da prevalência dos recapeamentos em vias e o prazo de durabilidade das obras de asfalto. O técnico da área falou ao jornal em nivelamento por cima como garantia.

“O trabalho de amostragem é importante, deve ocorrer, mas não fornece uma certeza absoluta sobre o tempo que a via irá aguentar nas condições projetadas para ela. Em linhas gerais, um projeto é feito para durabilidade de dez anos, mas, em se tratando de infraestrutura urbana, deve-se aplicar se possível a qualidade máxima da resistência, uma vez que a demanda de uso é muito dinâmica”, esclarece Ricardo Schettini, que tem no currículo participação nas obras da Avenida Via Park e da Avenida Fernando Corrêa da Costa.

Manutenção

Por meio de um diretor da Pactual, empreiteira que atuou no projeto de revitalização da Avenida Júlio de Castilho, a reportagem foi informada sobre uma peculiaridade da reforma na via. Segundo o executivo da empresa, Valter Fuji, o lençol freático é alto na área, o que pode influenciar também na conservação do pavimento asfáltico.

Valter relatou pela Pactual que o processo de recapeamento da avenida era algo já previsto em caráter de manutenção. A revitalização da Avenida Júlio de Castilho foi anunciada em 2011, com perspectiva para entrega em 420 dias, a partir de 20 de agosto do mesmo ano.

A obra foi viabilizada por recursos da própria administração municipal e também do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), com o objetivo de melhorar o fluxo de trânsito (houve mudanças no canteiro central), além de dar uma nova paisagem a mais importante via de acesso da Zona Oeste de Campo Grande. 

“Vergonha operação tapa buraco na Júlio de Castilho, com o pouco tempo que foi feito”, disse ao Midiamax o metalúrgico Haroldo Antunes, de 63 anos, sobre a manutenção do asfalto.