MST deixa acampamento com barracos queimados e clima de tensão

Grupo acusou policiais de atearem fogo em barracos durante desocupação; PM nega

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Grupo acusou policiais de atearem fogo em barracos durante desocupação; PM nega

Em clima de tensão, um grupo de 140 famílias integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acusa policiais da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) de terem ateado fogo em alguns barracos durante reintegração de posse na manhã desta quinta-feira (29), no Acampamento João Luiz de Lima, próximo à Usina Santa Olinda, no distrito de Quebra Coco, região de Sidrolândia, a 72 quilômetros de Campo Grande. 

Segundo o dirigente estadual do MST, Jonas Carlos da Conceição, de 35 anos, o grupo estava acampado no local desde o dia 10 deste mês e não foi notificado sobre a reintegração de posse dada em favor dos proprietários do local, no dia 15.

“Fomos pegos de surpresa. Não notificaram o movimento. É uma decisão desumana porque não se trata de animais e, sim, de pessoas”. O dirigente do movimento disse ainda que solicitou ao secretário da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Silvio César Maluf, um prazo para que o grupo pudesse se retirar, mas que não obteve retorno. “Tentei, pedi um prazo de três dias para que eles não fossem jogados à beira da estrada, mas ele não se posicionou a respeito”, afirma.

Conforme o advogado Renan Cesco, as terras onde o acampamento estava montado integram as fazendas Pantanal e Fazenda Boa Vista, que pertencem ao grupo Jotapar Participações. Ele justificou que a decisão dispensava notificação.

“Temos uma decisão judicial liminar imediata de posse. Só estávamos esperando a ajuda da polícia para fazer a desocupação. O MST não precisava ser avisado do ato e, se eles sabiam que tinham a decisão, deveriam ter desocupado”, ressalta.

Uma mulher de 32 anos, que preferiu não se identificar, afirma que a polícia chegou com hostilidade. “Não sabíamos de nada, quando eles chegaram de forma agressiva, dizendo que tínhamos 15 minutos para sair, caso contrário iriam colocar fogo em tudo”, declara.

Já uma jovem de 22 anos, que também pediu para não ser identificada,  comenta sobre a ação dos policiais. “Eles chegaram dizendo que não tinham dó da gente e que tinham pena das crianças, porque nós não prestávamos. Xingaram todo mundo”, relata.

Um senhor de 52 anos, que faz parte do grupo, diz que quem estava de fora do acampamento foi impedido de entrar. “Eles disseram que a gente tinha 15 minutos para desocupar. Trancaram as entradas e saídas e não deixaram ninguém entrar”, enfatiza.

O major da Cigcoe Marcus Vinicius Pollet, que está na área, nega as acusações e garante que a reintegração ocorreu de forma pacífica. “Fizemos tudo de forma pacífica. Não existe essa história de truculência, os policiais não chegaram perto das famílias. Eu e o oficial de justiça descemos e informamos sobre a desocupação”, assegura.

O major também nega que os policiais tenham ateado fogo nos barracos e destacou a presença do Corpo de Bombeiros. “Não teríamos motivos para colocar fogo se estamos com duas viaturas do Corpo de Bombeiros”, justifica.

Apesar de afirmar que os policiais não tiveram contato com o grupo, a reportagem do Jornal Midiamax presenciou os militares circulando pelo acampamento. Algumas famílias ainda permanecem no local e, de acordo com as informações, depois de deixar o acampamento o grupo deve ir para às margens da rodovia.  

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