Lei Maria da Penha tem sido eficiente, mas ainda precisa driblar mitos culturais

Expressões do cotidiano muitas vezes impedem que mulher tome coragem e denuncie agressor

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Expressões do cotidiano muitas vezes impedem que mulher tome coragem e denuncie agressor

Desde o surgimento da Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como a Lei Maria da Penha, houve um grande avanço no número de denúncias apresentadas pelo Ministério Público-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul. O grande pico foi em 2012, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o MP poderia denunciar o agressor nos casos de violência contra a mulher mesmo que a vítima não apresente queixa de quem a agrediu. Mas apesar da evolução da Lei existem ainda mitos culturais, que são pequenos em seus dizeres, mas grandes em seus efeitos e precisam ser driblados pela sociedade, principalmente pela mulher.

Situações do cotidiano onde muito se ouve as expressões “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher e ainda antes mal-acompanhada do que só”, abrigam a violência e impedem que a mulher saia de uma vida de medo e vença a insegurança. Por conta desta realidade o promotor de justiça Renzo Siufi acredita que o grande desafio da Lei Maria da Penha é mudar a cultura da sociedade.

“Somos educados com ditados como aquele que diz que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, por exemplo. Dizem que depois a mulher vai lá e retira a queixa e tudo volta ao normal. Isto fez muito mal às mulheres, pois o Estado tem que se meter sim. Antes de ser crime também é questão de saúde pública”, comenta.

Para Renzo, quando a mulher chega a uma delegacia para prestar queixa, ela venceu todos estes mitos e episódios de violência que a cercavam. Por isto, quando ao chegar à polícia ela precisa ser atendidas por pessoas capacitadas.

“Se ela chega da polícia e o delegado diz: a senhora de novo? Isto já a desestimula, pois ela precisou passar muitos obstáculos para chegar ali. Em muitos casos ela ouviu a própria mãe dizer que já tinha passado por algo parecido, que o homem é um bom marido, bom pai, ele que sustenta a casa, que não precisa denunciar”, detalha.

A questão maior é que, se a mulher se cala, o ambiente violento que se instalou dentro do lar pode dar frutos nada agradáveis, como filhos tristes e revoltados. “Lares com episódio de violência traz malefícios para as crianças. Mas sou otimista, creio que a nova geração será de pessoas com menos preconceitos”, finaliza.

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