William Bonner: “Fiz e farei perguntas que os candidatos prefeririam não ouvir”
Alvo de agressões e xingamentos pelo tom crítico que adotou nas entrevistas com os presidenciáveis que participaram do Jornal Nacional até aqui, o jornalista e apresentador William Bonner resolveu rebater os comentários nesta quinta-feira (14) e disse que continuará atuando da mesma forma em qualquer entrevista. “Em todas as entrevistas, fiz e farei as perguntas […]
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Alvo de agressões e xingamentos pelo tom crítico que adotou nas entrevistas com os presidenciáveis que participaram do Jornal Nacional até aqui, o jornalista e apresentador William Bonner resolveu rebater os comentários nesta quinta-feira (14) e disse que continuará atuando da mesma forma em qualquer entrevista.
“Em todas as entrevistas, fiz e farei as perguntas que os candidatos prefeririam não ter que ouvir. Assuntos que lhes são desconfortáveis, incômodos. Assuntos que eles não abordam na propaganda eleitoral, obviamente. São assuntos de interesse jornalístico, são assuntos que o eleitor deve conhecer”, escreveu Bonner numa rede social.
Para o apresentador do Jornal Nacional, as críticas feitas especialmente pelos partidários dos candidatos que já participaram até aqui das entrevistas são oriundas do que ele chama de “obscurantismo” e “intolerância”.
“Vejo com espanto como as paixões eleitorais momentâneas podem alimentar a intolerância de um tipo de eleitor que se considera suficientemente informado sobre os candidatos – e que nega às outras pessoas o direito de se informar. É aquele que não quer saber mais nada. Não quer ouvir explicação sobre nenhuma questão polêmica. E é um direito dele. O problema é quando não quer que ninguém mais tome conhecimento daquelas questões. E, por isso, insulta quem pensa de forma diferente, insulta quem cobra aquelas explicações de candidatos a cargos públicos. Isso se chama obscurantismo”, disse o apresentador do Jornal Nacional.
Com mais de 30 anos de profissão, Bonner diz que todos os candidatos à Presidência que entrevistou desde 2002 no Jornal Nacional ouviram perguntas incômodas, que não gostariam de terem sido confrontados em rede nacional.
O apresentador afirma, porém, que trata-se de um dever eminentemente profissional e jornalístico, respeitado por todos os entrevistados e postulantes à Presidência da República.
“Todos os candidatos que entrevistei, sem nenhuma exceção, sabiam que era papel deles prestar esses esclarecimentos – e que era meu papel cobrar as explicações. E isso sempre foi feito, de ambas as partes, de forma cordial, serena, respeitosa. Sempre. É esse respeito que falta aos que usam o espaço de comentários de uma foto para insultar, agredir, praguejar contra o conteúdo eminentemente jornalístico de uma entrevista”, declarou o jornalista.
Furioso e chateado com os comentários ultrajantes e obscenos enviados depois das entrevistas feitas com Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), o apresentador global diz que os partidários de ambos os candidatos precisam aprender o valor real da democracia plena no Brasil.
“[Esses comentários] insultam não só a mim, como entrevistador, mas a todos os demais eleitores que desejam ser informados sobre as questões polêmicas de todos os candidatos, sejam quem forem. Essa intolerância eu faço questão de deixar registrada nos comentários. Alguma utilidade terá pra quem quiser analisar os freqüentadores desse ambiente encantador e agressivo, enriquecedor e mesquinho, democrático e sectário que é a internet”, declarou William Bonner.
O Jornal Nacional iniciou na última segunda-feira (11) a rodada de entrevistas com todos os presidenciáveis.
O primeiro ouvido pelo JN foi o candidato do PSDB, Aécio Neves, e na terça-feira Eduardo Campos (PSB), que faleceu ontem em virtude de um acidente de avião, menos de 24 horas depois da entrevista na TV Globo.
Por conta da morte de Campos, as entrevistas com a presidente Dilma Rousseff (PT) e com o Pastor Everaldo (PSC) foram remarcadas para a próxima semana.
Nas conversas ao vivo com Aécio e Campos, os apresentadores do JN abordaram questões polêmicas para ambos, como a construção de um aeroporto nas terras de um tio avô de Aécio Neves na cidade de Cláudio (MG), além do ‘esforço’ de Eduardo Campos em nomear parentes para cargos públicos.
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