Temática gay em Berlim reflete divisões da sociedade

Personagens e temáticas homossexuais já se tornaram tão comuns no cinema que chegou a ser uma surpresa quando o diretor Adam Csaszi contou que a brutalidade de uma história real o levou a alterar a adaptação que fez para as telas sobre a história de um jogador de futebol e seu amante no interior da […]

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Personagens e temáticas homossexuais já se tornaram tão comuns no cinema que chegou a ser uma surpresa quando o diretor Adam Csaszi contou que a brutalidade de uma história real o levou a alterar a adaptação que fez para as telas sobre a história de um jogador de futebol e seu amante no interior da Hungria.

Apresentando seu filme “Viharsarok” (“Terra de Tempestades”) no Festival de Berlim, Csaszi disse que, na história real, dois gays haviam sido mortos por um terceiro homem, que retalhou seus corpos.

“Se eu contasse a história real…, a motivação do homicídio seria o ciúme, e não a homofobia na sociedade”, disse Csaszi à plateia no sábado.

Ele disse que queria mostrar que o rapaz do interior, criado em um ambiente rural e profundamente religioso, ao se sentir atraído por outro homem, “não tem as ferramentas para lidar com essa homofobia, e esse é o real motivo do homicídio.”

Desde “O Segredo de Brokeback Mountain” (2004), de Ang Lee, e possivelmente antes, no filme francês “A Gaiola das Loucas”, filmes com temas e personagens gays estão se tornando cada vez mais comuns.

Mas a programação do 64º. Festival Internacional de Cinema de Berlim ilustra a forte divisão que existe no tratamento desse tema em sociedades onde ele não é mais tabu e em lugares onde a visão de dois homens ou mulheres se beijando gera hostilidade e às vezes violência.

Em “Love Is Strange”, do norte-americano Ira Sachs, também em Berlim, dois homens que se relacionam há quatro décadas aproveitam a liberalização das leis para se casarem e imediatamente perdem seu apartamento em Nova York.

John Lithgow, que interpreta um dos protagonistas, disse a jornalistas que o filme não é tanto sobre a homossexualidade, e sim sobre um “casamento velho e emperrado, como o meu.”
“Pessoas que estão comprometidas umas com as outras há 40 anos não devem ser completamente diferentes só porque estão em uma união do mesmo sexo”, disse Lithgow.

Sachs e Lithgow disseram que o filme não se propõe a fazer apologia ao casamento gay, mas o ator afirmou esperar que ele seja visto na Rússia, embora não tenha citado nominalmente o país.

“Há uma grande nação na Europa que tem uma regra contra a propaganda do estilo de vida gay. Não acho que o nosso filme faça propaganda. Acho que é a vida real.”

Entre os filmes com protagonistas homossexuais que integram a programação em Berlim estão também duas produções brasileiras.

Em “Praia do Futuro”, longa do diretor Karim Aïnouz que concorre ao Urso de Ouro, Wagner Moura interpreta um guarda-vidas de Fortaleza que começa uma nova vida em Berlim ao lado de seu namorado alemão. Embora o filme traga cenas de sexo e nus frontais, a homossexualidade dos personagens não é o principal foco da narrativa.

“Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, por sua vez, aborda por meio de um viés romântico e sentimental a descoberta da homossexualidade por um adolescente cego.

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