Sob crescente risco, ONGs humanitárias reavaliam seu trabalho no Oriente Médio
Agências de ajuda humanitária estão ampliando as medidas de segurança no Oriente Médio e cada vez mais terceirizam trabalhos para organizações locais, a fim de limitar sua exposição aos crescentes riscos apresentados pela região. A maioria das organizações, se não todas, já pararam de enviar trabalhadores estrangeiros para a Síria depois que o vídeo da […]
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Agências de ajuda humanitária estão ampliando as medidas de segurança no Oriente Médio e cada vez mais terceirizam trabalhos para organizações locais, a fim de limitar sua exposição aos crescentes riscos apresentados pela região.
A maioria das organizações, se não todas, já pararam de enviar trabalhadores estrangeiros para a Síria depois que o vídeo da decapitação de um funcionário humanitário britânico foi divulgado, há 10 dias. Ele foi morto por militantes do Estado Islâmico, grupo que comanda um terço do país.
Mas a matança trouxe para o debate os crescentes perigos enfrentados por trabalhadores humanitários na região, ao mesmo tempo em que enfrentam grandes riscos para lidar com o surto de Ebola no oeste da África.
Esses perigos tornam difícil para as ONGs lidar com algumas das mais agudas crises humanitárias do século.
“A severidade do risco, mas também o ambiente, torna muito difícil para qualquer organização humanitária operar nessas áreas”, disse um representante de uma organização que trabalha no Oriente Médio, que não quis ser identificado.
“A atividade humanitária está muito limitada neste momento, todo mundo está muito pressionado pela situação de segurança.”
Agências internacionais estão contando cada vez mais com organizações locais para conseguir acesso a comunidades necessitadas tanto na Síria quanto no Iraque.
Apenas na Síria, cerca de 3,5 milhões de pessoas foram deslocadas internamente pelo conflito, com mais de 800 mil pessoas desalojadas de suas casas desde que o Estado Islâmico tomou a maior cidade do norte, em junho.
“A base de nossa segurança em um contexto como o Iraque… é a aceitação, para que as pessoas em campo, todos as partes do conflito, saibam quem você é”, disse um diretor de segurança de uma ONG. “Estamos tentando nos aproximar de todo mundo que tem algum papel no conflito.”
Em um vídeo que mostra a decapitação do britânico David Haines, seu executor mascarado disse se tratar de uma vingança contra a decisão da Grã-Bretanha de armar forças curdas, as quais têm recuperado espaço contra militantes do EI no norte do Iraque desde que os EUA começaram uma campanha de ataques aéreos no mês passado.
Outro trabalhador humanitário britânico foi mostrado no fim do vídeo, e o homem mascarado disse que ele também seria morto a menos que o premiê britânico, David Cameron, mudasse suas políticas.
“Atividades humanitárias estão sendo cada vez mais manipuladas a fim de servir aos objetivos e metas que não têm nada a ver com a assistência humanitária que buscamos fornecer”, disse Fabio Forgione, chefe da missão do MSF (Médicos Sem Fronteiras) no Iraque.
“Isso… prejudica completamente nossa capacidade de alcançar as populações que têm mais necessidades no Iraque.”
Um novo recorde de violência contra trabalhadores humanitários civis foi estabelecido em 2013, quando 251 ataques separados atingiram 460 funcionários, dos quais 155 morreram, de acordo com relatório sobre a segurança no setor, que tem o apoio da Usaid.
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