Quirguistão tenta coibir sequestros de mulheres para casamento
Autoridades do Quirguistão estão tentando combater a prática de sequestrar mulheres para casamento. Pesquisas sugerem que cerca de um terço de todos os matrimônios no país são realizados com meninas sequestradas e forçadas a se casar contra sua vontade. Muitos acreditam que sequestrar noivas é uma antiga tradição do Quirguistão, mas alguns pesquisadores argumentam que […]
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Autoridades do Quirguistão estão tentando combater a prática de sequestrar mulheres para casamento. Pesquisas sugerem que cerca de um terço de todos os matrimônios no país são realizados com meninas sequestradas e forçadas a se casar contra sua vontade.
Muitos acreditam que sequestrar noivas é uma antiga tradição do Quirguistão, mas alguns pesquisadores argumentam que a prática se tornou comum apenas algumas décadas atrás, após o colapso da União Soviética e o fortalecimento de valores patriarcais no país.
Aigul tinha 18 anos quando foi sequestrada no ano passado na porta da escola de medicina onde estuda, por homens que não conhecia.
“Minha colega de classe pediu para eu sair porque ela tinha trazido um livro para mim. Havia dois ou três jovens, mas eu não prestei muita atenção neles. E então eles me pegaram pelas pernas e braços e me colocaram no carro”, contou.
Ela conta que foi pressionada pela própria família a aceitar aquela situação: “Meus avós disseram que esta era uma tradição do Quirguistão e me fizeram ficar. Eles disseram: o que as pessoas vão dizer se você for embora. Como você vai olhar as pessoas no olho?”
Segundo a socióloga Mehrigul Ablezova, esse sequestro era raro no passado e tornou-se mais comum com o fortalecimento de valores patriarcais no país após o fim da União Soviética.
A estudiosa da Universidade Americana para Ásia Central, localizada no Quirguistão, observa que a maioria das garotas é estuprada na primeira noite e que muitas decidiram ficar na casa do raptor.
“Basicamente, é considerado vergonhoso para uma menina sair da casa porque ela já não é mais virgem”.
Parte das mulheres, então, acaba se submetendo ao matrimônio forçado por vergonha. Não foi o caso de Burul, de 20 anos, que preferiu fugir após ser sequestrada e estuprada no ano passado.
“Agora eu moro com minha irmã e meu cunhado. Depois que descobri que estou grávida, telefonei para ele (o raptor), mas ele disse: eu me casei, não me procure mais”, disse.
“Eu não tenho como sustentar o bebê e não sei o que fazer agora”, acrescentou.
Burul conta que estava muito assustada no início e queria fugir. Mas havia mulheres mais velhas no local que disseram que todas se casaram da mesma forma.
“Elas botaram pão para mim e disseram que se eu cruzasse aquele limite minha vida estaria arruinada. Elas seguraram meus braços e não me deixaram ir embora. Chorei até tarde da noite”, lembra.
De acordo com a pesquisadora Ablezova, estudos recentes mostram que mais de um quarto dos homens sequestram as mulheres porque têm medo de serem rejeitados pela menina em particular.
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