Quanto vale o show? Empresários criam couvert democrático, paga quem quer

Empresário confessa que não gosta de meter a mão no bolso quando a música não agrada, logo ao inaugurar o seu próprio bar não quis impor nada.

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Empresário confessa que não gosta de meter a mão no bolso quando a música não agrada, logo ao inaugurar o seu próprio bar não quis impor nada.

O empresário Ivan Torres, 36 anos, que acabou de inaugurar um bar de blues em Campo Grande, junto com o irmão Edson Torres, 40 anos, e com o amigo Oziel Ferreira, 36 anos, inovou. E não foi apenas no estilo do bar, que só toca blues, mas no prestígio aos músicos e aos clientes. Sabendo que campo-grandense não gosta muito de pagar couvert, ele inventou o couvert democrático. Só paga quem quiser.

Ele mesmo confessa que não gosta de meter a mão no bolso quando a música não agrada, logo ao inaugurar o seu próprio bar não quis impor nada. “A ideia é que todos se sintam em casa”, explica.

Ivan lembra que na maioria dos locais que há música na Capital é comum a cobrança do couvert artístico. Em alguns lugares, pontua, a cobrança chega a R$ 10. Valor considerado alto por ele. Sem dizer, que nem sempre a música agrada.

Nestes casos, o pagamento gera um desconforto ainda maior. Por isso, na hora de prestigiar os músicos em seu bar decidiu deixar ao gosto do freguês. Mas, para estimular o pagamento sorteia prêmios aos colaboradores. “Bolamos uma brincadeira. Deixamos o couvert para quem quiser pagar. Mas para estimular sorteamos cervejas, drinks e petiscos durante o show da banda. Quem colabora recebe um ticket e entra no sorteio”, conta.

Segundo ele, a farra aumenta ainda mais na hora do sorteio. “É uma bagunça. Quem ganha começa a gritar. Todo mundo entra na brincadeira”, diz. “Ontem sorteamos um monte de bebida. Virou um fuzuê”, lembra.

Campo-grandenses e o couvert

O empresário sabe que é preciso estímulo para o público colaborar. A também empresária Katylene Leite, 27 anos, diz pagar sem problemas, desde que aprove o som. Mas se o som for ruim joga a conta para quem contratou a banda. “Eu pago se eu gosto do som, se o som for ruim o local que contratou o músico que pague o artista. Músicos bons merecem, mas as porcarias que tem por ai não!”, critica.

Já o jornalista Elverson Cardozo, 24 anos, conta que não gosta de pagar o couvert em hipótese alguma. Nem quando aprova o set list. “Me sinto lesado quando tenho que pagar esse negócio. Acho um abuso, independente do estilo, se me agrada ou não”, revela.

Os defensores do couvert artístico lembram que é preciso prestigiar os músicos. A assessora de imprensa Clarissa de Faria pontua que é preciso sim pagar. “Acredito que, independente do artista ser bom ou não, a música agradar aos ouvidos de alguns e de outros nem tanto, pagar o couvert é uma forma de prestigiar o artista. Artista é artista, e sempre vai ser. Se a experiência não for boa, simplesmente não volto mais no bar no dia que aquele cantor (ou afins) estiver se apresentando. Mas, sinceramente? Acho o cúmulo do abuso e falta de educação olhar pra cara do garçom ou da pessoa do caixa e dizer: Olha, não curti o cara, então não vou pagar”, pondera.

A discussão com certeza não tem fim. Mas quem gosta de um bom blues e que entrar na onda, o bar fica na avenida Nelly Martins, s/n, mais conhecida como Via Park.

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