Pesquisa aponta novo tratamento para a dor sem efeitos colaterais

Apesar da grande oferta de analgésicos disponíveis no mercado, cientistas ainda não conseguiram criar um medicamento que alivie a dor crônica e aguda sem causar efeitos adversos indesejáveis. Mas uma pesquisa francesa publicada na revista “Nature Communications” acaba de abrir novas possibilidades para o tratamento da dor. Em estudo com camundongos, a equipe da Universidade […]

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Apesar da grande oferta de analgésicos disponíveis no mercado, cientistas ainda não conseguiram criar um medicamento que alivie a dor crônica e aguda sem causar efeitos adversos indesejáveis. Mas uma pesquisa francesa publicada na revista “Nature Communications” acaba de abrir novas possibilidades para o tratamento da dor.

Em estudo com camundongos, a equipe da Universidade de Auvergne, na cidade de Clermont-Ferrand, conseguiu identificar um canal específico de potássio responsável por mediar os efeitos analgésicos de drogas opioides sem ligação com seus efeitos danosos.

Para a pesquisa, os cientistas utilizaram a morfina – um dos analgésicos mais eficazes contra a dor crônica – e outras drogas do grupo dos opioides como o fentanil. Elas atuam no organismo através de canais de potássio que controlam a sensibilidade dos neurônios ligados à sensação de dor. Apesar de seu efeito rápido, esse tipo de droga está associada à problemas como dependência, prisão de ventre e depressão respiratória (descontrole do ritmo e da intensidade da respiração), entre outros.

Em 2006, pesquisadores liderados por Abdelkrim Alloui, também da Universidade de Auvergne, já haviam descoberto que um canal denominado TREK-1 tinha grande envolvimento na percepção da dor. A equipe concluiu que camundongos modificados geneticamente para que o TREK-1 não atuasse tinham maior sensibilidade às sensações de calor no limite entre nocivo e não nocivo.

O novo estudo se baseou na informação para verificar qual a ligação do TREK-1 com o efeito das drogas. Para tanto, os pesquisadores deram doses diferentes de morfina e fentanil e fizeram testes para avaliar a sensação de dor e as reações adversas.

Os resultados demonstraram que o TREK-1 é um importante indutor da anestesia das drogas. Os camundongos modificados tiveram uma redução de 80% na atividade analgésica do fentanil – afirma Alain Eschalier, pesquisador da Universidade de Auvergne responsável pelo estudo. – Eles também não apresentaram os sintomas mais comuns de reações adversas como modificação no trato gastrointestinal e respiratório. A pesquisa sugere que o canal pode ser utilizado como alvo para novos analgésicos.

Ainda não existem medicamentos que atuem apenas em um canal específico de potássio, mas Eschalier faz parte de um iniciativa chamada Instituto Analgesia, que inclui laboratórios públicos e empresas privadas e tem como objetivo encontrar novas formas de tratar a dor.

Já estamos trabalhando em novos compostos. Eles estão em fase de teste, mas os resultados devem sair em breve – conta o pesquisador.

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