Para aproveitar espaço e financiamento, quintais somem nas casas novas da Capital

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Para aproveitar espaço e financiamento, quintais somem nas casas novas da Capital

Longe de virar uma bolha, como insistem especialistas do ramo, o mercado imobiliário cresce com um ritmo forte em Mato Grosso do Sul, na casa dos 10%. A evolução é impulsionada pela construção civil, que é aquecida pelo investimento de pequenos empresários, detentores regionais de 40% da atividade. Para aproveitar melhor a valorização do metro quadrado, as casas diminuíram e residências antigas em áreas nobres ganharam preços que dificultam a venda.

“O setor mudou faz um tempo, e desde que isso aconteceu casas com terrenos maiores ganharam uma certa dificuldade na venda. É uma série de fatores que não ficam restritos só ao surgimento de novos imóveis. O comprador tem um desejo hoje que é o condomínio fechado, com todas as suas vantagens. Tem casa no Itanhangá, por exemplo, com 1.000 m² que só o terreno custa mais de R$ 1 milhão, fora o que está em cima construído”, explica o presidente da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), Ronaldo Ghedine.

Segundo o corretor, dois pontos que têm influenciado o cliente que procura imóveis são a segurança do local e a manutenção do imóvel, detalhes encontrados na aquisição dentro de um condomínio. Ronaldo afirma que os fatores são atualmente tão determinantes que as famílias têm deixado em segundo plano a opção por espaços maiores, mesmo que sejam em áreas nobres de Campo Grande.

“A pessoa que tem poder aquisitivo para investir na faixa superior a R$ 700 mil prefere um imóvel novo, até para fugir do custo com reformas. Não é apenas a oferta grande hoje de casas novas, recém-construídas. Casa antiga, mesmo que seja com área boa, quintal, ninguém quer, talvez por isso a demora maior na venda”, diz o presidente da CVM.

O preço em ascendência de imóveis antigos, gerado pela valorização do metro quadrado em áreas da Capital, conforme Ronaldo, não tem correlação com a tão falada ‘bolha’ do setor. O corretor, que atua no mercado há duas décadas, discorda que exista um processo de saturação no ramo, em crescimento regular nos últimos anos, com uma evolução nítida.

“Não há bolha, pois existe ainda déficit habitacional enorme no Brasil e aqui no Estado. Para ter bolha deveria existir especulação imobiliária, gente comprando para ser um mero intermediário, sem ser um investidor do mercado. Existem pessoas e empresas que investem no setor em busca de retorno. Além das famílias quererem comodidade, tem as questão da oportunidade de negócio. A venda de três casas no mesmo terreno rende mais que uma residência apenas construída no espaço”, diz o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-MS), Delso José de Souza.

Novos x Usados

A diferença para o tempo na venda de imóveis novos e usados é discrepante. Quem garante isso é o corretor André Lage, que lida com as duas situações em sua atividade profissional. Para ele, o cenário trata-se de um reflexo do inflacionamento nos valores dos imóveis em Campo Grande.

“A concessão de crédito aumentou, só que esse benefício é mais acessível a imóveis novos, que se encaixem no Programa Minha Casa Minha Vida. Enquanto uma casa nova vende-se com dois meses, na planta até, um imóvel usado só tem negociação entre seis meses e um ano”, garante o corretor.

Proprietário de uma casa, localizada no bairro Giocondo  Orsi, que está à venda há três anos, Fernando Pereira diz acreditar que o perfil dos compradores tem sido decisivo para a dificuldade na negociação. “Meu imóvel é projetado para uma família grande e hoje em dia as famílias são pequenas, com dois filhos no máximo. As casas do ‘Minha Casa Minha Vida’ têm saída por serem compactas. O metro quadrado está até barato”, afirma o aposentado, dono de uma residência com 220 m², vendida por aproximadamente R$ 500 mil.

Desde agosto de 2013 na busca de um imóvel usado, com metragem entre 200 m² e 250 m², Lucas Oliveira reclama das condições para a compra de uma casa nessa situação. O gerente de vendas possui um apartamento, que aluga, e pretende comprar uma residência com quintal, hoje escassa, segundo ele. “Não se acha mais terreno no tamanho que antes era normal. Tem suas vantagens, pois a área maior permite que se construa mais no terreno, além de dar mais espaço para o lazer das crianças”, diz.

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