ONGs do Ceará desmentem jornalista dinamarquês que saiu do país
Organizações Não Governamentais consultadas pelo jornalista dinamarquês Mikkel Keldorf quando ele esteve em Fortaleza dizem que não há grupos de extermínio matando crianças de rua para “limpar” a cidade que se prepara para a Copa do Mundo. A existência desses grupos, denunciada pelo jornalista em seu perfil do Facebook, foi apontada por ele mesmo como […]
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Organizações Não Governamentais consultadas pelo jornalista dinamarquês Mikkel Keldorf quando ele esteve em Fortaleza dizem que não há grupos de extermínio matando crianças de rua para “limpar” a cidade que se prepara para a Copa do Mundo.
A existência desses grupos, denunciada pelo jornalista em seu perfil do Facebook, foi apontada por ele mesmo como o principal motivo de sua saída do país antes da cobertura da copa, seu sonho profissional.
“Não sei qual foi a fonte dele, mas eu não conheço nenhum caso de extermínio”, afirma Adriano Ribeiro, diretor da ONG “O Pequeno Nazareno”, uma das principais entidades que atendem crianças em situação vulnerável no Ceará.
“Existem assassinatos, claro, mas por vários motivos. Eu não seria leviano em afirmar que há uma ação deliberada de extermínio por causa dos grandes eventos.”
Em seu já famoso post no Facebook, Keldorf, um jornalista freelancer que trabalhava no Brasil, sugeriu que crianças de rua estariam sendo mortas para não serem vistas por turistas e jornalistas estrangeiros. “Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo à noite em área com muitos turistas. Por quê? Para deixar a cidade limpa para os gringos e a imprensa internacional? Por causa de mim?”
Na quarta-feira, em entrevista ao canal de televisão dinamarquês TV2, o jornalista foi mais explícito ao mencionar esse suposto grupo de extermínio.
“Uma das minhas fontes tem contato diário com crianças de rua”, afirmou Keldorf. “Ele tem informações de duas crianças que viram quatro outras tomarem tiros quando estavam na rua. Duas delas morreram. E não, eu não vou dizer quem ele é [a fonte] porque ele corre risco de morrer. É uma coisa que muita gente sabe que acontece. Mas ninguém ousa falar sobre isso.”
Adriano Ribeiro, Antônio Carlos da Silva (ambos de “O Pequeno Nazareno”) e Jacinta Rodrigues (da “Barraca da Amizade”) estiveram com Keldorf em sua estadia de alguns dias na capital do Ceará. Eles trabalham com crianças de rua há anos e apresentaram ao repórter dinamarquês um pouco da realidade delas.
“Falar em grupo de extermínio de pessoas… eu não tenho conhecimento disso não, desse grau de periculosidade…”, afirma Antonio Carlos, há 14 anos trabalhando nas ruas de Fortaleza.
Em 2013, os profissionais d’O Pequeno Nazareno ouviram denúncias de que um suposto grupo estaria tirando crianças de locais de concentração de turistas por causa da Copa das Confederações. Mas ao averiguar as denúncias, eles não conseguiram chegar a nada de concreto.
Uma decisão radical
Em seu texto no Facebook, Keldorf contou a história de um garoto chamado Allison, um vendedor de amendoim que ele conheceu no Ceará. A segurança do menino teria sido um dos motivos que o fizeram deixar o Brasil.
“A vida dele está em perigo por causa de pessoas como eu. Ele corre o risco de se tornar a próxima vítima da limpeza que acontece na cidade de Fortaleza”, escreveu o repórter.
Na opinião dos profissionais que lidam com crianças como Allison diariamente, isso é um exagero.
“Eu não vejo de que forma a presença dele possa prejudicar as crianças na rua, as crianças continuam morrendo por várias causas independente de ele estar aqui ou não”, diz Antonio Carlos da Silva. “Pra mim, essa decisão de ele ter ido embora foi meio radical.”
Na opinião de Jacinta Rodrigues, que também ciceroneou o dinamarquês em Fortaleza, o repórter não estava preparado para o choque de realidade que sofreu nos poucos dias que passou na cidade.
“Quando a gente conversou, ele estava realmente assustado, revoltado com a desigualdade social. Para alguém que vem de onde ele vem, ver criança passando fome deve ser realmente muito chocante.”
Notícias mais lidas agora
- Polícia investiga ‘peça-chave’ e Name por calúnia contra delegado durante Omertà
- Ex-superintendente da Cultura teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
- Suspeito flagrado com Jeep de ex-superintendente nega envolvimento com assassinato
- Ex-superintendente de Cultura é assassinado a pauladas e facadas no São Francisco em Campo Grande
Últimas Notícias
Governo anuncia liberação de R$ 7,66 bilhões em emendas para a próxima 2ª
O texto abriu prazo até 31 de dezembro para os beneficiários das “emendas Pix”
VÍDEO: sem horas extras de policiais penais, presídios já deixam de receber visitas
Conforme servidores, o vídeo demonstra a situação de apenas uma unidade
Ex-superintendente lutou com adolescente pra tentar se defender de ser assassinado: O que se sabe
Depois de entrar na casa, adolescente demorou cerca de 1h30 para matar Roberto Figueiredo
Prefeitura fará a compra de absorventes higiênicos descartáveis por mais de R$ 267 mil
O financiamento garantirá a execução do contrato por um período de um ano a partir da assinatura
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.