No dia da abolição, entidades de defesa dos negros dizem que é preciso avançar muito
Há exatos 126 anos, a escravidão deixava de ser permitida no Brasil. Com a assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel, o ato que até então tinha respaldo legal deixava de ter. Contudo, apesar de a escravidão ter acabado há mais de um século a vida da população negra no País pouco avançou. Professor da […]
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Há exatos 126 anos, a escravidão deixava de ser permitida no Brasil. Com a assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel, o ato que até então tinha respaldo legal deixava de ter. Contudo, apesar de a escravidão ter acabado há mais de um século a vida da população negra no País pouco avançou.
Professor da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e coordenador da Escola do Tribunal de Contas, Ben Hur Ferreira, de 50 anos, ressalta a importância da data, mas lembra que ainda é preciso mudar muita coisa.
“A Lei Áurea é um fato histórico importante. Momento em que se rompeu com a possibilidade legal de ter escravos. Um marco na nossa história, a partir dela não foi mais possível a escravatura. Porém, esse fato não foi pensado como um plano estratégico no Brasil. Foi pensado como algo pontual. Nunca se pensou no acesso à terra, a programas de educação, de inclusão social. Foi simplesmente: vamos abolir a escravatura e deixar que os escravos sejam entregues à própria sorte”, critica.
Para ele, apesar de reconhecer a importância do ato da princesa portuguesa, a medida foi muito tímida e frágil diante dos desafios da inclusão do negro. O que acarretou ainda a marginalização dos negros. “Não tinham qualificação, não conseguiam concorrer com os imigrantes. Tiveram acesso à terra dificultado e foram empurrados para a marginalidade. E isso acompanhado por um sistema que não conseguiu acabar com a escravidão no coração de muitos, o que acentuou o racismo”, diz.
Ele lembra, inclusive, que até hoje o racismo permanece e prova disso são os números do censo. “Os mortos pelo aparato de segurança do Estado são em sua maioria afrodescendentes. A tal da boa aparência tão exigida. É sim um dia de comemoração, mas de luta. Porque ainda é muito ruim conviver em país racista”, pondera.
Presidente do Tucanafro, Rafael Domingos, de 29 anos, concorda. Ele diz que os valores estão invertidos e questiona como uma data tão importante é esquecida no calendário brasileiro. “Estamos no século XXI e a segregação continua. O negro ainda é visto com desconfiança. Não pensaram em políticas públicas para o negro. Quando aboliram a escravatura não se pensou isso. Existem conquistas? Existem. Mas ainda fica muito a desejar. Por que não há secretarias especializadas em crimes raciais? Por que o salário do negro ainda é mais baixo que o do branco? Qual proposta que o governo está dando para essa comunidade? Não tem ação direta com a sociedade. Essa é nossa proposta. Buscar promover a igualdade racial”, revela.
Representante da Coordenação Nacional das Entidades Negras do Centro-Oeste, Edmir Moraes, conhecido como Abelha, de 56 anos, diz que a data não é de festejo e sim de reflexão. “Hoje é um dia de reflexão sobre o racismo do Brasil. Dia Nacional de Luta contra a Discriminação Racial. Mas podemos comemorar avanços como as políticas de cotas e ações afirmativas que tem feito a inclusão no pais”, pontua.
Para elucidar a questão, a coordenadora Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, Raimunda Luzia de Brito, de 75 anos, cita a novela Escrava Isaura. Ela lembra que no último capítulo, quando os italianos estão chegando, uns cantando, uns em carroça e outros a pé. Demonstra a felicidade deles de saírem da guerra, sendo acolhidos em um país que ofereceu condições para eles. O que não foi ofertado aos negros após a abolição.
A reportagem tentou falar com Marinalva Pereira, integrante do Movimento Negro, com Ana José, do PMDB Afro e com Aleixo Paraguassú, do Instituto Martin Luther King.
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