Ñanduti: como teia, arte paraguaia se forma e encanta com desenhos originais
Como uma teia os desenhos são formandos nas mãos das artesãs. A cada nova amarração dos delicados fios coloridos um novo formato surge. A referência à natureza é clara. Desenhos de flores, libélulas, borboletas são os preferidos e surgem nas roupas, nos centros de mesas e em tudo que pode ser tramado. Filha de uma […]
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Como uma teia os desenhos são formandos nas mãos das artesãs. A cada nova amarração dos delicados fios coloridos um novo formato surge. A referência à natureza é clara. Desenhos de flores, libélulas, borboletas são os preferidos e surgem nas roupas, nos centros de mesas e em tudo que pode ser tramado.
Filha de uma família de artesãs especializadas em ñanduti, Mercedes Baez de Estigarribia, de 60 anos, conta que a arte é muito antiga e cercada de lendas e mitos. Alguns dizem que surgiu dos espanhóis, outros acreditam que dos indígenas, o fato é que a renda tramada em um bastidor, parecido ao do ponto cruz, encanta e é tipicamente paraguaia. “Em muitos países têm trabalhos de rendas, mas nenhum é assim”, revela.
Mercedes que desde os sete aprendeu a trama da arte paraguaia conta que o trabalho artesanal é familiar. “Aprendi com a minha mãe, com a minha avó e com a minha tia. Aqui todos aprendem assim, de geração em geração”, revela a senhora que hoje é dona de uma casa especializada em artesanato regional.
Na cidade dela – Itaugua – o ñanduti é o produto tipo exportação. “Os estrangeiros adoram ficam encantado com a nossa arte. Pena que os paraguaios não dão o mesmo valor”, lamenta.
Ela conta que é difícil ver nas casas paraguaias a arte sendo exposta, mas pelo menos até agora isso não afeta a produção. Mercedes explica que muitas famílias que vivem na cidade se dedicam exclusivamente ao ñanduti. Só na loja dela são cerca de 50 artesãos que trabalham de forma terceirizada para alimentar o estoque.
Nas prateleiras, o ñanduti divide espaço com outros artesanatos típicos como o couro e a madeira. Mas a renda não perde seu status de queridinha. “Todos se encantam”, enfatiza Mercedes.
Coisa de mulher
Quase que exclusivo das mulheres, ela revela que a maioria das artesãs é do sexo feminino. Não que seja proibido o homem fazer a arte, mas não se interessam. “Existem homens que fazem ñanduti, mas poucos. Meu filho aprendeu, porém não quis se dedicar”, conta.
Ela diz que toda a família aprendeu a fazer, mas somente ela ainda se dedica. A loja que surgiu com toda a família hoje é tocada apenas por ela. “Há 30 anos me dedico ao negócio. Fui me profissionalizando, empreendendo e hoje emprego outras pessoas, além dos terceirizados. O nãnduti é o grande negócio desta região”, finaliza.
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