Mundo deve reduzir 300 milhões de toneladas da capacidade excedente de aço

O excesso de capacidade instalada de produção de 570 milhões de toneladas de aço em 2013, com previsão de chegar a 600 milhões de toneladas este ano, é a principal preocupação da indústria siderúrgica mundial, “porque acaba por mexer na saúde das empresas”, disse hoje (28), no Rio de Janeiro, o presidente executivo do Instituto […]

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O excesso de capacidade instalada de produção de 570 milhões de toneladas de aço em 2013, com previsão de chegar a 600 milhões de toneladas este ano, é a principal preocupação da indústria siderúrgica mundial, “porque acaba por mexer na saúde das empresas”, disse hoje (28), no Rio de Janeiro, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes.

O abastecimento e os preços de matérias-primas, como minério de ferro e carvão; as mudanças climáticas e emissões de gás carbônico; e a participação estatal no setor, em países como China, Índia e Irã, são outras preocupações da siderurgia nacional e internacional, completou Lopes, durante seminário promovido pelo instituto para jornalistas do Rio.

A perspectiva, expôs o executivo, é de agravamento do quadro, uma vez que existe uma projeção de aumento do excedente de capacidade não só da China, mas de outras regiões, entre as quais a Índia e os países do Médio Oriente e Norte da África. Somente a China deverá trazer um excedente adiciona superior a 192 milhões de toneladas, entre 2013 e 2015, de acordo com a Associação Mundial do Aço (Worldsteel Associaton). Entre as várias consequências que isso acarreta, Lopes indicou o estabelecimento de práticas predatórias.

Segundo informou, o crescimento de 3,1% da produção global, previsto para 2014, e de 3,3% em 2015, não contribui para a redução do excedente. Para que as empresas comecem a ter uma vida mais saudável, o presidente do IABr disse que seria necessário retirar em torno de 300 milhões de toneladas do excedente de produção.

Na visão da entidade, o fórum adequado para discutir a questão é a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujo Comitê do Aço teve a vice-presidência assumida recentemente pelo diretor do Departamento de Competitividade Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alexandre Comin.

O IABr elaborou trabalho conjunto com o Mdic, e as duas entidades preparam as estratégias e prioridades que serão levadas regionalmente à OCDE pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), na próxima reunião da organização, prevista para os dias 5 e 6 de junho. “Nós vamos acampar na OCDE”, garantiu Lopes.

Ele disse que a expectativa é que sejam discutidos mecanismos para que a redução do excedente de capacidade de produção mundial seja efetivada. Como a OCDE é um fórum de governos, ele acredita que é o local adequado para debater a questão, e acrescentou que, dentre as possíveis soluções, uma seria a identificação da má capacidade de produção, ou seja, da capacidade obsoleta, que poderá ser descartada. Outra possibilidade é a criação de fundos de compensação para os países que vierem a diminuir a sua capacidade excedente. “Nós estamos falando de 300 milhões de toneladas”, enfatizou.

Advertiu, por outro lado, que o Brasil estaria fora desse rol de países a desativar usinas com capacidade obsoleta, porque a indústria investiu em modernização. “Não é o que acontece com a China”, disse. Sustentou que é preciso primeiro identificar quais foram os países que modernizaram a produção e têm capacidade positiva. A avaliação tem de ser técnica, defendeu. “O Brasil está sentado para discutir. Mas, se o critério é técnico, o Brasil está bem na fotografia”. Admitiu que a solução não é simples nem rápida, “mas tem que ser iniciada”.

Lopes citou, ainda, a preocupação do setor com o fato de 38% da produção global de aço serem oriundos de empresas estatais, das quais 34% estão na China. Os chineses, inclusive, já estariam fazendo o dever de casa, começando a desativar usinas que se mostram obsoletas.

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