“Meu coração fica triste”, diz Russo sobre ser barrado na portaria da Globo
Depois de 46 anos de trabalho na Globo, Antônio Pedro de Souza e Silva, o Russo, de 83 anos, não vai mais todos os dias ao Projac. Isso porque, no final de março, ele chegou para trabalhar normalmente e, no final do expediente, foi informado: “Seu Russo, você está dispensado”. Desde então, só voltou ao […]
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Depois de 46 anos de trabalho na Globo, Antônio Pedro de Souza e Silva, o Russo, de 83 anos, não vai mais todos os dias ao Projac. Isso porque, no final de março, ele chegou para trabalhar normalmente e, no final do expediente, foi informado: “Seu Russo, você está dispensado”. Desde então, só voltou ao complexo de estúdios da emissora, na zona oeste do Rio, duas vezes para resolver questões burocráticas.
“Não posso mais ir ao Projac. Agora só com autorização. Não posso mais entrar lá, meu crachá foi cancelado. Passo mal quando chego na portaria e tento passar meu crachá na roleta e não consigo entrar porque me proibiram. Vou para um canto e desabafo comigo mesmo. E me perguntam: ‘Russo, por que você está chorando aí?’. E digo que é porque não posso mais ver meus colegas e os estúdios. Meu coração fica triste. Gosto muito de trabalhar. Não gosto de ficar parado”, disse ao UOL.
Desde que deixou de trabalhar, Russo – que mora em Inhaúma, na zona norte da cidade, com a mulher Adriana, de 32 anos, e os dois filhos dela: Laryssa, de 11, e Yuri, de 9 – passa os dias em frente à TV. E só assiste à Globo. “Quando eu saio não sei o que eles assistem, mas quando estou aqui a televisão só fica na Globo”, confirmou ele, que começou a ser animador de plateia com Chacrinha e depois trabalhou com Faustão, Luciano Huck, Angélica e Xuxa.
Atualmente, ele vive com o dinheiro da aposentadoria, que é de R$ 1,2 mil, além de plano de saúde e uma ajuda de custo que a Globo prometeu dar a ele e à família durante cinco anos, no valor de R$ 2,4 mil. Só com o aluguel, ele gasta R$ 950. E ainda tem que comprar os remédios – que custam R$ 430 – que toma diariamente para o coração desde que sofreu um infarto dentro do Projac, em outubro de 2011. “Minha vida está boa. O ruim é não ter uma casa. Fico meio nervoso. Meu sonho é ter uma moradia e deixar de pagar aluguel”, afirmou ele, que quando estava empregado na emissora ganhava aproximadamente R$ 5 mil.
Apesar de ter anos de amizade com os apresentadores, Russo confessou ficar sem graça de pedir ajuda. “A Globo é uma mãe, mas os apresentadores não me procuram mais. Quem eu sinto mais falta é o Luciano Huck. Ele é legal para caraca. Ele não sabe da minha situação. Se soubesse me ajudaria. Ele é muito amigo, um cara que ajuda muito. A Angélica e a Xuxa também me adoram. Só o Faustão que não gosta muito de carioca. Ele gosta mais dos paulistas”, disse.
Quando não está em frente à TV, Russo passeia pelo bairro e cuida da cadela Babalu e dos passarinhos. “Quando saio, as pessoas me param e perguntam: ‘Russo, como é que você está?’. Muita gente me pede autógrafo, bate papo comigo na rua. As pessoas são muito carinhosas comigo. E me dizem: ‘você sumiu!’. Digo: ‘sumi não, me mandaram embora!’”, contou.
Melancólico, ele relembrou do dia em que Chacrinha o convidou para ser animador de palco do seu programa. “Ele viu que eu era um cara brincalhão e me levou para ser coordenador de palco. Dava microfone para cantor, batia palma para cantor, batia palma para os artistas, para as famílias”, disse, confessando que de vez em quando assiste às reprises do “Cassino do Chacrinha”, no canal Viva.
“Dá muita saudade. O Chacrinha foi meu melhor amigo. Um cara muito legal, muito carinhoso com o público. Igual a aquele velho nunca vi. Acho que só o Luciano Huck poderia ficar no lugar dele. Ele é muito bom, faz aquele negócio de carro, de casa… Ajuda muita gente. Quem dera que ele me desse uma casa”, contou, envergonhado.
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